Compact 2

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Passamos ao longo da noite conversando sobre coisas aleatórias e percebi que Adam estava me permitindo entrar cada vez mais na sua vida, contando coisas muito pessoais como seus medos mais obscuros e suas maiores ambições.

Virava e mexia ele tentava prosseguir com algumas investidas galanteadoras mas eu já não tinha certeza se ele estava afim de mim ou só era o efeito da bebida.

Fiquei tentada a contar um pouco mais sobre a minha vida pois desde que cheguei a essa cidade não tive alguém que eu pudesse contar o que se passava na minha cabeça, em Alloa a vovó fazia o papel de confidente.
Entre as histórias, risadas e investidas, acabei perdendo a coragem e mantendo a minha boca ocupada com álcool para não falar demais.

Na saída do bar, estamos altos e tento convencer Adam a não dirigir.

- Não acho que ir para casa nesse estado seja uma boa opção - falo me escorando em uma vitrine para não perder o equilíbrio.

- Também acho que não estou em condições - fala rindo levando uma de suas mãos aos cabelos desgrunhando-os.

- O que faremos?

- Eu não sei, sugestão? Hahaha.

Tento parecer séria mas por algum motivo desconhecido acho a situação hilária.

- Podemos dormir aqui na calçada - brinco.

- Ou irmos para um hotel? - Adam sugere.

- De jeito nenhum que eu vou entrar num hotel com você! - falo levantando o dedo indicador em protesto mas perco o equilíbrio e caio no peitoral masculino.

O cheiro cítrico, que lembra o que eu imagino ser o verão californiano, o calor que emana do físico malhado do peito rígido de Adam faz minhas pernas vacilarem ainda mais.

Aí meu Deus o que está acontecendo? Eu preciso sair daqui!

Para complicar ainda mais a situação, Adam se aproxima lentamente sem dizer nenhuma palavra. Sinto como se o meu coração fosse pular do meu peito, e ao mesmo tempo que eu queria sair correndo dali, eu queria provar de seu beijo.

De forma sorrateira Adam aproxima seus lábios dos meus, ajusta uma mecha de cabelos colocando-as colocando-as atrás da minha orelha e com um sorrisinho de canto de boca, que me desarmou completamente, colou seus lábios quentes nos meus.

O beijo do Adam era algo doce, apesar do teor alcolico, e urgente. A medida em que ele ia me beijando, sua pegada era mais intensa e invasiva deslizando sua mão pelo meu corpo e apalpando minhas curvas.

Não! Estamos indo longe demais, eu preciso parar, mesmo que no fundo eu não queira.

- Não Adam - falo colocando uma distância entre nós.

- Me desculpe eu achei que...

- Tudo bem - eu o interrompo - precisamos encontrar algum lugar para dormir, já estou ficando cansada.

- Ok, iremos procurar.

Depois de muita procura, descobrimos que os hotéis que poderíamos pagar, não tinham vagas.

- O que faremos? - questiono - precisamos nos abrigar em algum lugar.

- Estamos a 70km de casa, precisamos de algum lugar para descansar nossos corpos.

- Péssima ideia beber!

- Desculpe, tentei tornar a noite especial e achei que esse bar seria a escolha perfeita.

- Não, foi ótimo, não foi isso que eu quis dizer.

- Bem, podemos alugar um quarto de motel e..

- Sem chances!

- Ok, então podemos dormir no carro...

- Certo! É o melhor que temos mesmo.

Adam abre a porta do carro, inclina o máximo possível a cadeira do carona e do motorista.

- Acho que assim fica melhor, se você deitar no banco traseiro vai ficar esmagada.

Eu concordo. Deito timidamente no banco.

- Você não vai deitar também?

- Eu vou fumar primeiro.

- Você fuma?

- Só quando eu estou nervoso. - fecha a porta do carro e se afasta.

Olho para a traseira do carro e vejo Adam se recostar. Fico tentando analisar a noite mas a minha mente está confusa demais para raciocinar.
Após longos minutos sinto o carro balançar e presumo que seja Adam se afastando pois terminara seu cigarro.
Prontamente vejo seu reflexo pelo retrovisor e finjo estar dormindo. Adam entra no carro e me observa por um instante.

Droga, se ele continuar me olhando eu vou acabar ficando vermelha.

Adam tira sua jaqueta de couro e me cobre, seu gesto me derrete. Ele dá um carinho na minha cabeça arrumando a minha franja e se recolhe para dormir.
Tento espiar para ver o que ele faz e quando percebo ele está dormindo em um sono pesado.
Continuo olhando a rua um pouco assustada pois mesmo que o vidro seja fumê, tenho a sensação de ser vigiada o tempo inteiro.
Caio no sono.

No meio da madrugada sinto um frio na espinha e acordo atordoada, observo a desertidão das ruas e todo o seu silêncio.
Na esquina mais adiante noto dois homens que parecem mal intencionados saindo de um beco escuro.
Percebo que eles estão vindo em direção ao carro e entro em pânico. Agoniada e com medo, tento chamar Adam mas o mesmo está roncando em um profundo sono.

Será que iremos morrer aqui?

Em meio a minha agonia, vejo uma figura distante em minha direção e instantaneamente meu coração se aquece.

Nicolae? Não pode ser...!

Eu continuo olhando para a figura e ela olhando para mim, como se pudesse encarar-me no fundo dos meus olhos, como se ele pudesse me dizer que está tudo bem, que ele está comigo e que nada de ruim irá me acontecer.

Olho para o Adam novamente e o sacolejo bruscamente porém sem retorno.

Quando olho novamente para a rua não avisto os homens e nem a figura em penumbra a qual eu havia visto anteriormente.

Me inclino no interior do carro e busco os homens em todo o meu campo de visão porém não vejo nada além da rua deserta e alguns ratos.

Frustrada, recosto no banco do carro tentando compreender tudo o que acabara de acontecer diante dos meus olhos.

Eu bebi demais, devo estar vendo coisas.

Adormeço com esses pensamentos em minha mente.

Is It love? Nicolae - PatrinieriOnde histórias criam vida. Descubra agora