Adeus?

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A semana passou arrastada, eu já não aguentava mais esbarrar com o Peter ou o Drogo pela campus da universidade e ter que ignora-los.
Tanto o Drogo, quanto o Peter, na menor chance que tinham, tentavam puxar assunto só para dizer o quão Nicolae estava mal.

Isso só fazia eu me sentir pior, estava quase esquecendo que a vítima da história era eu e indo a seu encontro.

Sou tomada da minha melancolia após um longo suspiro com a minha amiga se aproximando:

- E então amiga, está com tudo pronto? - Sarah laça seu braço no meu  em animação.

- E.. bem, não exatamente - respondo desanimada.

- Jane essa oportunidade é maravilhosa! Queria que você me doasse só um pouquinho da sua média para que eu conseguisse um coeficiente de rendimento bom o suficiente para receber uma bolsa dessas!

- Se eu pudesse te daria - falo sem graça.

- Eu sei disso, mas o que eu quero dizer é que você poderia se animar mais, você viaja amanhã para o Chile, na companhia do professor Jones, e - ela limpa a garganta e cochicha no meu ouvido - ele é muito gato!

- Sarah! - eu a repreendo.

- Que foi, vai negar? - ela ri, o que me faz rir também.

Quando estamos nos aproximando da saída, vejo uma silhueta masculina familiar, o que causa calafrios no meu ventre.

- Sarah, vai andando na frente pois preciso ir buscar um livro na biblioteca, para amanhã.

- Ah, eu vou com você!

- Não tudo bem, vai indo! Eu me lembrei agora que preciso passar na sala dos professores para acertar os últimos detalhes da viagem com o Sebastian.

Ela me lança um olhar de desconfiança:

- Hmmmm, Seeeebaaassstiaaan, é? - ela fala o nome do professor de forma escorregadia para implicar.

- Para, sua boba! - rio e ela também.

- Não sabia qu vocês tinham toda essa intimidade para tratar um ao outro pelo primeiro nome! Hahaha

- Não é isso, ele que me pediu para chamá-lo assim.

- Uaaal Jane, se eu não conhecesse as suas notas, diria que tem algo aí - ela fala com tom de quem quer insinuar algo e com uma cara extremamente provocativa.

- Não é nada, já disse! - falo encolhendo os ombros e já me questionando se é de fato uma boa ideia aceitar essa bolsa e viajar sozinha com o Sebastian Jones para outro continente.

- Eu estou só brincando Jane!

- Hm, bem, eu preciso ir - digo quando retorno meu olhar para o portão e já não o vejo mais.

- Ok, qualquer coisa que precisar me liga! - ela fala fazendo sinal de telefone com as mãos e se afastando, enquanto eu apenas sorrio e aceno.

Quando Sarah se vai, eu respiro em alívio e vou em direção a biblioteca, minha amiga armaria um barraco se visse o Nicolae na porta da faculdade, no entanto eu também não tenho forças para encara-lo, não agora.

Entro biblioteca a dentro, despejo minha bolsa e pasta sobre a mesa de mogno e corro para as prateleiras mais ao fundo, me sinto como se estivesse perdendo o ar, enquanto um nó se instala na minha garganta.

O cheiro de livro velho e o silêncio que paira no ar me acalmam.

Tateio as imensas prateleiras sem um fim específico, eu só quero esvaziar a minha mente de pensamentos sombrios.

Um livro específico me chama atenção.
Sua capa é de couro tingido de verde escuro, com as impressões já apagadas pelo tempo e pouco legíveis.
Resolvo puxa-lo da imensa estante mas uma mão fria toca a minha com suavidade.

- Por favor, você pode me escutar?

Eu simplesmente gelo. Não tenho qualquer reação externa. Meus dedos continuam sobre o livro, o braço no ar, meus lábios não se movem e a minha respiração fica entrecortada.

Por dentro meu fluxo sanguíneo está a mil por hora. Meu coração parece estar pulsando na minha cabeça, minhas pernas parecem formigar e a minha cabeça lateja.

Eu não digo absolutamente nada.

- Por favor, eu juro que não tomarei muito do vosso tempo.

O seu jeito de falar me causa arrepios.

- Hm, tu-tudo bem - falo me sentindo anestesiada.

Seguimos para as mesas mais privadas, onde os alunos costumam se reunir para discutir trabalhos sem incomodar a leitura alheia, que nesse momento permaneciam desocupadas.

- Sente-se - falo.

- Obrigada por me ouvir - responde um pouco emotivo e eu me pergunto se ele bebeu - eu não sei exatamente por onde começar - completa.

- Talvez pelo começo - respondo tentando ser dura e não vacilar.

- Tudo o que eu posso dizer para você é que eu sinto muito.

- Sente pelo o que?

- Por ter entrado na sua vida assim, por ter te trazido aqui - Nicolae para e olha para o lado, evitando os meus olhos - você estava mais segura onde você estava, talvez seja melhor você voltar de onde veio.

Eu fico atordoada.

Não consigo dizer uma palavra se quer.

O que aconteceu com ele e por quê ele estava agindo assim?

Nicolae termina de falar e sem me olhar levanta do banco, mudo.

Eu também não consigo dizer nada, sou tomada pela vontade de chorar e levanto passando a sua frente com as mãos no rosto, para que ele não me visse desabar.

Como ele pôde fazer isso comigo? O que mais ele sabe sobre tudo isso?

Eu não quero acreditar nisso, mas será que Nicolae tem haver com o que aconteceu aquela noite, e é por isso que ele se recusa a falar?

Sinto que a minha cabeça vai explodir de tantos questionamentos, somados ao choro frenético.

Após alguns minutos sentada no banheiro feminino da faculdade, me sinto mais calma e resolvo sair para lavar o rosto, mas quando estou abrindo a porta, me reservo na cabine novamente pois não quero ser pega em flagrante com a cara inchada.

- Você viu o Loan por aí Cass? - pergunta a voz feminina número 1.

- Ele está sumido a semana toda, a Sam tá louquinha atrás dele mas parece que ele não dá sinal de vida - responde a tal Cass, que presumo ser a Cassidy.

- Tadinha da Sam, não acredito que o Loan sumiu de novo para a casa de praia dos pais com uma das suas piriguetes!

- Bem capaz! - ambas riem e eu as escuto se afastar.

Loan! Ele estava lá naquela noite e foi o último rosto que eu vi. Será que aconteceu algo com ele também?

Pego meu telefone celular e mando mensagem para a Lisa pedindo o número do Loan e ela prontamente me responde com o contato.

Ligo.

Ligo.

Não obtenho resposta.

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Hey suas lindas, o negócio tá começando a esquentar hein!
O que será que aconteceu? Alguém tem um palpite?

Is It love? Nicolae - PatrinieriOnde histórias criam vida. Descubra agora