Capítulo 5 - Aquele do meu primeiro grande erro.

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Capítulo 5

Aquele do meu primeiro grande erro.

"Se eu errar que seja por muito, por amar demais, por me entregar demais, por ter tentado ser feliz demais."

Clarice Lispector

Como alguém pode simplesmente dormir após beijar outro? É muita sacanagem. Observei o David cair no sono com um milhão de pensamentos em minha cabeça. Eu sei que provavelmente ele estava alterado por conta da bebida e por isso não queria criar grandes expectativas. Mas, afinal já era a segunda vez que isso acontecia, não podia ser apenas mera coincidência. Se tornou impossível não dormir criando zilhões de finais perfeitos para mim e para o meu David.

Acordei aos suspiros e após observar o David por mais minutos do que eu assumiria, levantei-me para fazer a minhas higienes matinais. Escovei os dentes, pensando no David. Tomei banho, pensando no David o que acabou sendo uma péssima ideia, por sinal. Desci as escadas, pensando no David.

Assim que cheguei ao andar inferior encontrei encontrei meus pais na cozinha, eles estavam sentados lado a lado no balcão, o Marco lia jornal enquanto o Rodrigo falava alguma banalidade.

— Bom dia, querido. Preparei o seu café, sei que o David não irá acordar nem tão cedo, por isso não me dei ao trabalho de preparar algo para ele também. — O Rodrigo falou assim que me viu entrar na cozinha.

—Verdade, aquele guri passa a manhã toda dormindo. O mundo acaba ele continua roncando. — Resmungou Marco.

—Bom dia para você também pai. E Para a sua informação o David não ronca, ele dorme como um príncipe. — Respondi bem humorado. — Alias, que bela manhã, concordam? — Indaguei sentando-me na mesa. Marco arregalou os olhos.

—QUE BOM HUMOR É ESSE DANIEL? — O Marco praticamente gritou. Sorri com aquilo. Ele era sempre tão exagerado.

— Eu sempre fui bem humorado papai, deixa de ser paranoico. — O Rodrigo apenas observava a cena não tão incomum. Marco soltou algum resmungo sobre não ser paranoico e voltou a ler o jornal.

— Daniel, você sabe que pode nos contar qualquer coisa certo? Além de seus pais, somos seus amigos. — Rodrigo atrapalhou meus pensamentos após alguns minutos de silêncio.

—Pai, você está pegando a paranoia do Marco é? Não aconteceu nada. — Assegurei.

—Seria mais fácil de acreditar nisso se você não suspirasse a cada mordida Daniel. — Corei com esse comentário, eu não havia notado que estava suspirando.

—Eu não estava suspirando. — Protestei.

—Se você diz... — Rodrigo deu de ombros, encarando o Marco o incentivando com o olhar a dizer algo.

—Er... — Marco suspirou pesado. — Você fala Rodrigo. —

—Não, nós já conversamos sobre isso Marco, quem vai ter a conversa com ele é você. —

— Hã? — Indaguei perdido. — Do que vocês estão falando? —

—Sexo. — O David apareceu respondendo a pergunta e deixando meus pais surpresos. — Se quiserem eu converso com ele. Aposto que comigo ele aprenderia bastante. — O David piscou de maneira sapeca e sentou ao meu lado comendo um pedaço do bacon do meu prato.

—Como se um garoto de 15 anos soubesse algo sobre sexo. — Marco alfinetou enquanto eu via o Rodrigo desviar seu olhar culpado para a pia. Eu conhecia aquele olhar, o Rodrigo era transparente, aposto que com 15 anos ele já tinha bastante ciência do que era sexo.

Agora é guerra!Onde histórias criam vida. Descubra agora