Capítulo 20 - Aquele do meu primeiro amor.

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Capitulo narrado por Sean.


Nós, de fato, nunca iremos nos esquecer do nosso primeiro amor. Em alguns casos raros o primeiro se torna o último, e esse era o meu objetivo. Afinal, o meu primeiro era perfeito, eu não precisava de um segundo, nem de um terceiro, eu só precisava dele. Eu ainda me lembro do dia em que eu o conheci. Bem, não o conheci exatamente, mas certamente foi o dia em que eu me apaixonei.

Ele se destacava de qualquer um. Com sua pele alva, seus olhos azuis e seu lindo cabelo loiro que batia nos ombros. Eu era uma criança, tinha uns oito anos e aquele garoto, mesmo que no momento eu não soubesse a proporção, mexeu comigo.

Era o primeiro dia de aula, estávamos todos conhecendo a escola. Que parecia enorme para um garoto como eu. Eu o vi com seus pais, dois homens o acompanhavam. Ele tremia nervoso, naquela época ele não era muito bom com multidões e talvez ainda nem seja. Ainda tenho uma teoria que o meu marido finge gostar de multidões, mas eu vejo o seu olhar toda vez que ele é o centro das atenções ele com certeza fica desconfortável com atenção.

E bom, no primeiro dia de aula, era certeza que uma coisa que o Daniel teve foi atenção. Um garoto com aquela aparência, cujo pais eram gays... Aquela era uma escola antiga e tradicional. Olhares tortos e até mesmo de pena eram lançados ao menino. Meu pai, não era esse tipo de pessoa, o olhar que ele direcionava ao casal e a pobre criança era mais violento. Era raiva, nojo. Era um misto de sensações que uma criança jamais deveria conhecer.

— Sean, eu quero que você me escute bem. Se um dia eu te ver conversando com aquela aber... – ele nem conseguiu terminar a frase –Isso é um absurdo! – O ouvir rosnar em raiva com a minha mãe. – Essa criança não tem escolha, quando crescer será uma aberração como esses dois. – Nesse momento ele ficou de joelhos ao meu lado, ainda assim mais alto que eu. – Sean, você está vendo aquele menino ali no canto? –Ele apontou sem nenhuma discrição para o garoto que eu notara antes.

— Estou sim papai. – Confirmei.

— Ótimo, quero que você fique longe dele. Ele é uma vergonha para o mundo e nós odiamos ele. Você está me entendendo? –

— Mas por que pai? –

— Você está me questionando? - O senti puxar minha orelha com força. – Quantas vezes já lhe repreendi por isso? – Exclamei um muxoxo de dor.

— Querido, as pessoas estão olhando. – Minha mãe o alertou.

— Eu não ligo, é meu filho e eu educo como achar melhor. –Reclamou, mas em seguida largou minha orelha. – Sean, você odeia esse tipo de gente. Está entendido? Ele vai crescer e ser nojento como essas coisas que criam ele. –

— Certo pai. – Apenas concordei.

Eu lembro que depois dessa conversa fomos obrigados a sentar em nossas cadeiras para que começasse o discurso de boas vindas do corpo docente. Eu conseguia o vê de onde eu estava, eu não entendia o porquê, mas eu deveria odiar aquele garoto, e foi o que eu comecei a fazer todos os dias depois daquele.

A medida em que o tempo foi passando foi mais difícil ignorar o Daniel. Tinha algo nele que eu simplesmente não conseguia evitar. Alguma coisa nele me atraia.

Quando eu percebi que eu não conseguiria ficar longe, eu decidi que não precisaria ficar. Eu decidi fazer da vida dele um inferno. Ele, os pais dele, e gentinha como ele não deveria nem nascer, era o que o meu pai dizia. Eu esbarrava nele, derrubava seus livros, puxava seus cabelos. Eu implicava com ele para que ele soubesse que eu existia. E com o tempo eu pensei que essa constante necessidade de estar em contato com ele era realmente ódio. Eu era um justiceiro, e precisava mostrar para ele que ele estava errado. Que todos como eles estavam errados.

Agora é guerra!Onde histórias criam vida. Descubra agora