Capítulo 4 - As migalhas que te dei, era tudo que saberia oferecer.

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Rose caminhava em passos rápidos para o banheiro que havia naquele corredor, antes que qualquer um pudesse lhe ver, ela fechou-se dentro de uma cabine, enquanto sentia as lágrimas que segurava finalmente descer pelo seu rosto. Mordeu seus lábios com força, tentando abafar os soluços que vieram e deixou-se cair sentada no chão frio, sentindo seu peito se retorcer em dor. 
Sentia-se patética por novamente estar se debulhando em lágrimas por conta de James Sirius, era como se estivesse perdendo algo realmente muito valioso.  E realmente estava. Acima de qualquer coisa, James havia sido seu alicerce por tempo o suficiente, o garoto havia se tornado não somente um namorado, mais um muito estimado melhor amigo, confidente.

            Ao seu lado, conseguia desafiar a si mesma a ser melhor, a enfrentar seus dilemas internos de frente e tentar resolver por mais improvável que fossem... James havia sido uma das poucas coisas em sua vida que havia feito seu pai sorrir com mais frequência para ela, e sempre quando estavam juntos, na cama ou simplesmente jogando conversa fora, sentia-se imensamente segura. Ele lhe fazia sorrir frequentemente, James parecia ser uma das poucas pessoas a lhe aceitar verdadeiramente como era...E agora, tudo havia ruído. Todo relacionamento que havia construído com ele ao longo de quase dois anos, havia evaporado por seus dedos e virado pó.
Como haviam chegado àquele ponto? 

Será que o que ela lhe oferecia eram realmente migalhas? Porque se fosse, não saberia como oferecer mais do que aquilo, havia sido sincera em quase todas as coisas com Sirius, havia tido coragem de lhe contar como se sentia em relação aos pais e a maior parte da família, havia dito o quanto ele era importante para si, havia definitivamente dado o melhor que achava que poderia proporcionar a alguém... É mesmo assim, ele havia reduzido todas àquelas coisas de tamanha importância para si, em meras migalhas...Sentiu o soluço escapar por seus lábios depois de segura-lo por tanto tempo. Sentia como se seu coração estivesse se rasgando ao meio toda vez que relembrava de todas as palavras que haviam sido ditas minutos antes. E embora odiasse admitir, sabia que era um caso perdido, por mais que estivesse irreversivelmente magoada com ele, tinha total certeza do quanto haviam aprendido um sobre o outro, durante aquele tempo de relacionamento e, por isso sabia do fundo do seu coração que James estava apaixonado por Dominique. E por mais masoquista que fosse reconhecer aquilo, sabia que aquele sentimento dele, sempre estivera nele, muito antes do próprio ter conhecimento de tal. James havia sido seu melhor amigo por tanto tempo, que nunca conseguiu esconder-lhe as coisas. Talvez fosse por ter conhecimento de tal sentimento que Rose nunca conseguiu criar raízes tão fortes naquele namoro.

Ela tinha certeza que o amava, no entanto, nunca havia sido tão aberta com ele ao ponto de demonstrar em suas ações o seu sentimento, o que de fato era irônico, porque foi exatamente aquilo que o afastou o suficiente para deixa-lo se dar conta dos sentimentos pela outra. Suspirou. Permitindo-se chorar o quanto pudesse, enquanto encolhia-se sob o mármore frio do banheiro feminino, prometendo a si mesma que seria á última vez. James seria uma página virada a partir do segundo que saísse daquele banheiro. 

◇◇◇

      — Hei, por onde andou? — Alexis indagou assim que ouviu os passos da amiga pelo dormitório que compartilhavam. 

— Tive que aplicar a detenção em James e Scorpius e depois fazer o relatório para a Diretora. — respondeu meias verdades, enquanto fugia do olhar analisador que sua amiga lhe direcionava, trancou-se no banheiro logo depois de encontrar sua toalha e apanhar seu pijama.

Tomou seu banho ainda com a mente distante e completamente vazia, sentia-se deprimida e perdida, enquanto encarava sua imagem refletida no espelho. Seus olhos estavam terrivelmente vermelhos e inchados, dado o tempo que havia passado chorando excessivamente. Seu cabelo estava molhado por conta banho que acabara de tomar, e todo seu corpo parecia alguns tons mais pálidos que o habitual, e enquanto passava seus braços pela velha camisa surrada da Chudley Cannons do seu pai, se perguntava quando havia se perdido da garotinha que costumava correr livremente pelos jardins d’toca, com seus primos, planejando todos os momentos históricos que iriam compartilhar juntos. 

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