Prefácio

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 Um agradecimento especial aos escritores @AndrzejPietrzak e @maveoliv, que em suas leituras compartilharam gentilmente dicas e críticas construtivas. Desejo em meus textos causar tanto encantamento quanto vocês causam!


Amo pássaros. E também os invejo. Eles são dotados da beleza do voar. Já sonhei algumas vezes – bem menos do que gostaria – que estava voando, vendo o mundo bem pequeno abaixo de mim.


O motivo de inventar a raça malaki é claro, eu queria poder voar com eles. Quando eu tinha dez anos, uma pessoa que morava em minha casa tinha uma prática ilegal e infelizmente muito comum: aprisionava pássaros em gaiolas. Alguns mais ariscos quebravam suas penas tentando escapar da prisão imposta. Outros, aprisionados desde filhotes, eram dóceis e tristes.

Usando essa metáfora eu criei Os Mutilados.  A obra nasce como uma tentativa fantástica de abrir as gaiolas dos pássaros, que em minha infância não tive coragem de libertar. A biologia deles é humana, exceto por um membro a mais no corpo, as asas. Frágeis e longe de suas terras, eles fogem à procura de um novo lar. Muitos deles são caçados e escravizados no território do Rei Sá AlGorab. Para que sua fuga das fazendas e minas seja evitada, suas asas são arrancadas e vendidas como artigos de luxo. Outros que permanecem voando, são treinados para caçarem escravos fugitivos e acabam sendo odiados pelos seus irmãos de raça.

Como se não bastasse os escravistas, eles ainda precisam lidar com grupos de caçadores, como os adoradores do deus Lobus e os Mahul. O sangue malaki é precioso para que certos rituais sejam realizados, dando aos ritualistas poderes de prolongamento de vida e unificação com as terras dos deuses.

O mundo que criei é extenso e não será necessário conhecer toda sua história para que aprecie a obra. O que mais desejo é poder mostrar como que as relações entre opressor e oprimido são dadas, e naturalizadas em alguns níveis 

Os MutiladosOnde histórias criam vida. Descubra agora