CAPÍTULO 8 - Segredo entre amigas

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Alycia suspirou e esfregou o nariz, engoliu a seco e se remexeu no banco de couro bege do carro de Charles antes de começar a falar. Ela não sabia o que dizer, talvez a verdade de tudo o que realmente havia acontecido, do seu asco eterno e infinito sobre a pessoa de Richard Zimmer, ou simplesmente, manter a versão diminuída e segura da realidade, aquela dentro de sua área de conforto, e foi essa que ela optou em falar.

  —  Ele era amigo de todo mundo da faculdade, o famoso filho de Albert Zimmer, o tenebroso engenheiro naval rico o suficiente para comprar todas as pessoas daquele lugar. —  Ela arregalou os olhos com excesso de impressionismo. — Todo mundo achava ele bonito, ele era popular, e mesmo que a gente andasse junto,  ele não era uma pessoa que queria manter além da roda de amigos do bar.—  Deu os ombros. —  Não costumo ficar com absolutamente ninguém que minhas amigas já tenham ficado. Ele tentou forçar a barra e eu disse não. Ele ficou meio puto, mas... Supera! Nem todo mundo tem o que quer. —  Suspirou, mas Charlie ergueu a sobrancelha enquanto guiava pelas ruas chuvosas de NY. —  Depois disso o ranço foi instaurado. 

— Ele consegue superar o nível Clark de babaquice. —  Alycia riu com certa ironia.

— Perto do que eu sinto pelo Richard, Clark é um anjo enviado do céu. 

  — O nível das pessoas que você anda é bem baixo, senhorita Vanderbilt. —  Alycia deu os ombro, se encolhendo e Charlie riu, mesmo que algo na sua história parecesse não estar sendo sincera. 

— Só... Só não comenta isso com ninguém, tudo bem? —  Alycia pediu depois de algum tempo. —  As meninas não sabem disso, principalmente a Zoe. —  Charlie ergueu as sobrancelhas virando a uma esquina.

— Nem a Bellany? —  Alycia negou com um sorriso no rosto, ainda que contido. Charlie assentiu. —  Ok. Não comentarei nada sobre isso com ninguém, pode ficar tranquila. —  Alycia sorriu mais uma vez, mas dessa vez era um sorriso genuíno.  

— Muito obrigada, senhor Heisenbolt. — Ele piscou para ela. Alycia notou que ele era bem mais bonito agora do que já era na adolescência. O carro foi diminuindo a velocidade e Alycia percebeu que ele já haviam chego ao seu apartamento, mais rápido do que ela havia imaginado. A rua do seu prédio estava deserta e a chuva havia apertado. —  Obrigada pela carona. De novo.

— Está quase se tornando um hábito. —  Afirmou mordendo os lábios enquanto observava o final da rua. Mal dava para ver o farol lá no fundo por conta do mundarel de água que caia. 

— Não, você não teria tanta sorte. —  Ela suspirou teatral. Charlie revirou os olhos.

— Você deveria aprender a dirigir então. — Alycia o encarou boquiaberta. Charles observava as unhas.

—  E quem disse que eu não sei dirigir? — Ele deu os ombros e a encarou.

— Você sabe?  — Alycia parou um momento para pensar e engoliu a seco, erguendo o dedo.

  —  Saber é uma palavra muito forte, mas eu tenho carteira de motorista. Simplesmente não me dou bem de carro, por isso meu extrato do cartão de crédito é somente Uber e gasolina pra Vespa. —  Sua feição parecia bem satisfeita.

  —  Você tem uma vespa? —  Charlie questionou confuso e surpreso. Alycia fez que sim.

— Vai me dizer que você não sabia? — Ela riu com sua reação. Era estranho as pessoas do seu convívio não saberem muito sobre ela, estranho e totalmente satisfatório.

— Não tem muitas coisas que eu sei sobre você, Alycia, pelo menos não mais. —  Alycia suspirou. Charlie estava certo, há muito tempo ela não era mais a garota que ele conheceu no jardim de infância aquela que o defendia dos idiotas da escola.  Ele, por outro lado, também não parecia mais um cara que precisasse de proteção. Por sorte, a vida havia sido gentil com seu sedentarismo e os paletó marcava braços grandes e sua camisa branca não estava protuberante na sua barriga. 

Aos 30 e tantos (Desgutação | Em breve)Onde histórias criam vida. Descubra agora