CAPÍTULO 6 - Brunch

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Domingo de manhã parecia um novo século. Um século mais bonito, mais feliz e mais saudável - ou quase. Charlie levantou às sete, vestiu seu terno de verão (não, ele não tinha um terno de verão, mas se fosse para ter algum, com certeza seria aquele cinza escuro com a gravata do mesmo tom), colocou todos os documentos da reunião da Goldman Sachs dentro da maleta e suspirou feliz da vida, de volta a sua normalidade, quase que todo o tormento do dia anterior não tivesse acontecido na sua vida.

Onde já se viu um homem daquele tamanho ir parar no hospital por conta de falta de glicose no sangue? Fora, é claro, as dores de estômago insuportável já que tudo o que comia ele botava pra fora, fazendo a gastrite voltar a falar que o mataria caso continuasse assim.

Porém, ele estava renovado, sua vida pacata estava de volta aos eixos e nada, absolutamente nada, iria tirar seu mundo de dentro da órbita perfeita e sem alcoolismo que ele vivia.

Às oito em ponto saiu de casa - ele jurou ter comido algo além de tomar café, mas uma única bolacha de água e sal não conta, e faltando pouco para as nove, sentou-se na mesa para sua reunião com os demais administradores do banco no domingo de manhã num hotel cinco estrelas no centro de cidade.

— Bom dia, Charlie. - Disse Gabrielle animada, sentando-se ao seu lado com um sorriso no rosto. Ela abriu o notebook e enquanto ligava, voltou-se para ele. - Como foi o seu fim de semana? Saiu cedo do escritório até, deve ter sido bom.

Alguma coisa no seu tom de voz insinuava que ela sabia de algo.

— Bom dia, Gabs. Foi bem. Descobri que temos convênio médico ontem, foi bem emocionante. - Não havia emoção na sua voz. Charlie tirou uma das pastas de sua maleta e aguardou enquanto o pessoal do hotel colocava comida na mesa. Os demais ainda não haviam se acomodado, o que dava a eles um tempo.

— Você não sabia disso? - Questionou com a testa franzida e ele negou com a cabeça. - O que o fez ir parar no hospital?

— Problemas com glicose. - Disse sem humor, como se não fosse nada. - E o teu final de semana, como foi? Ainda é a velha ranzinza de sempre ou resolveu usar seus poderes de jovem dessa vez?

— Eu sou advogada, a velha ranzinza faz parte de mim. - Revirou os olhos e ele negou com a cabeça. Gabs de aproximou e disse num cochicho: - Pelo menos você usou seus poderes de jovem.

— Eu não sei do que você está falando. - Afirmou com um sorriso inocente no rosto e ela sorriu cheia de malícia.

— Então você não passou a noite de sexta com Alycia Vanderbilt? - Charlie franziu o cenho, confuso, mas antes que pudesse dizer alguma coisa o CEO do banco deu início a reunião.

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O "negócio da Zoe" no domingo era o noivado da dita cuja. Alycia e Bellany eram as madrinhas da noiva e por mais que ela não quisesse acordar antes do meio dia no domingo, lá estava ela, as dez horas da manhã entrando no hotel onde o brunch aconteceria. Seu humor não estava dos melhores, mas ela ainda fingia estar feliz pela amiga, mesmo que estivesse mais feliz se estivesse deitada na sua cama fingido que Lúcifer a deixava toca-lo.

— Está tão bonito! - Bellany bateu palmas animada e Alycia concordou com um aceno.

— Espero que Zoe não se arrependa. - Falou seca observando o local com olhos severos. Bellany revirou os olhos.

— Meu Deus, Alycia. Você não consegue ser menos pessimista? - Aly deu os ombros.

— Não confio nem um pouco nesse cara. Eu lembro muito bem de quando o vi sair com aquelas prostitutas no evento da Margot Green. - Fez uma careta enquanto a imagem tomava sua mente. Bellany novamente revirou os olhos.

Aos 30 e tantos (Desgutação | Em breve)Onde histórias criam vida. Descubra agora