Capítulo 24 ~ As corujas Malfoy

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Harry acordou se sentindo culpado.
A sua melhor amiga tinha passado por uma das piores experiências da vida dela, e ele tinha passado a noite transando.

Ela precisava dele, além de Rony.
O garoto se mexeu na cama de colchão macio, tentando não acordar o namorado que dormia com a cabeça sobre seu peito.

Harry respirou fundo enquanto observava o céu artificial no teto da sala.

Idêntico ao céu real do lado de fora, a imagem mostrava diversas estrelas brilhando fracamente à luz do sol, que começava a surgir no horizonte, pintando tudo de azul claro e laranja.

A lua ainda estava lá, como se estivesse fosca, sem brilho, afetada pela estela que aquecia e iluminava a terra.

- É incrível. - Harry se assustou ao ouvir o sussurro de Draco, que tinha acordado e observava o namorado admirando o céu. - É como a magia da natureza. Uma coisa que brilha e aquece, mantendo todos vivos e dando cor ao firmamento... é incrível e estranho. Bom dia - Draco sorriu levemente e deu um beijo no queixo do namorado.

- Bom dia - Harry vinha observando o céu, mas não era na natureza que estava pensando; era nos últimos acontecimentos. No novo feitiço, na melhor amiga, nos fantasmas. - Como se cria um feitiço? - comentou, por fim.
- Eu não... Eu não sei - hesitou Draco. - Mas por que essa dúvida?

- Por causa de Mione... aquela história da nova maldição... Sabe, eu já conheci alguém que criou feitiços. No sexto ano. Por acidente eu e Rony, nos encontramos um livro no armário de poções, era de Snape. Tinha coisas incríveis naquele livro, maneiras diferentes e mais eficazes de preparar porções, modos incomuns, porém corretos de tratar os ingredientes e... feitiços. Um deles eu... - Harry fechou os olhos por alguns segundos, relembrando o dia em que usara o feitiço criado pelo Príncipe Mestiço. Ele não sabia o que o feitiço causava. E usou para se defender de Draco. Ele usou o feitiço contra Draco; fazendo surgir sob a pele do garoto dezenas de cortes profundos que sangravam sem parar. Harry Potter respirou fundo e, cabisbaixo, engoliu em seco antes de completar: - Eu usei em você. Sectumsempra. Foi horrível. Você ficou todo cortado e... e sangrando. Estava escrito que era pra ser usado em inimigos e eu estava com tanta raiva de você que eu só... só lancei o encanto sem nem saber o que causaria. Foi horrível, Draco. Me perdoe. Por favor...

- Tudo bem - apressou-se Draco, se sentando para encarar o namorado. - Não precisa se sentir mal por isso... Eu bem que mereci. Tudo o que estava fazendo. Tudo o que eu já tinha feito com vocês até ali. Eu merecia. Eu era horrível.

Harry se sentou também, e abraçou Draco com força, respirando fundo, inspirando o aroma distante do perfume do loiro, a muito enfraquecido pelo esfregar de pele com pele, e pele com lençóis.

- Não é estranho? - retomou Harry.

- O quê?

- Que Snape é uma das pouquíssimas pessoas que já ouvi falar que criou um feitiço, e que essa nova maldição tenha quase que o seu nome?

- Deve ser apenas coincidência, Harry. Snape está morto, você sabe.

- Sim, ele está. Mas e se ele criou o feitiço antes de morrer? E se a maldição estava no livro e não percebi? Você tem que concordar comigo que Sectumsempra é praticamente um Avada Kedavra que tortura. Ele te corta dezenas de vezes e te deixa sangrando até morrer... Se Snape não tivesse aparecido aquela noite, você teria... Eu não quero nem pensar no que poderia acontecer. Mas esse feitiço é perigoso, Draco, se o ministério conhecesse com certeza classificaria como uma maldição... Nós precisamos encontrar o livro. Precisamos... - mas Harry se lembrou do que fim que o livro tinha levado. Escondido por ele na sala precisa em sua forma mais comum: lugar onde tudo que se perde pode ser encontrado. Junto milhares de coisas perdidas. Coisas essas que foram queimadas pelo fogo negro conjurado por Crabbe no ano anterior. - O livro foi queimado...

Harry Potter e o beijo das sombras | DRARRYOnde histórias criam vida. Descubra agora