Capítulo 30 ~ O armário sumidouro

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Draco acordou na enfermaria, sem saber quanto tempo havia se passado.

Harry também estava em uma das camas do lugar, mas estava acordado, e direcionou o olhar para o namorado quando percebeu o movimento.

— Draco — suspirou ele, que estava sentado na cama a esquerda de Malfoy, lendo o livro de poções que tinha sido escrito por Snape. — Você está bem? — quis saber, preocupado. Colocando o livro de lado Harry se levantou e caminhou até a cama de Draco.

— Eu só estou com a cabeça doendo um pouco... o que aconteceu? Você está bem? — Draco tentou se levantar, mas Harry o impediu. —Onde está meu pai?

— Eu estou bem, fique deitado. Você usou muita magia. Seu pai está no ministério. O ministro foi chamado e ele foi interrogado, usaram veritasserum. Ron encontrou a carta da sua mãe no chão ao lado da minha cama, e me entregou. Me desculpe, mas eu acabei lendo...

— Tudo bem. Eu queria que você lesse. Não quero manter segredos de você. Então você viu que foi meu pai... quem estava controlando Hermione.

— Sim, eu li sobre.

— Parece que eu tenho uma família estranha... Me perdoe pelo transtorno, eu...

— Você não tem que pedir perdão pelos pecados de seu pai, Draco. Muito pelo contrário. Você nos salvou, eu e Hermione. Pela primeira vez em todos meus anos aqui, você foi o herói e não eu. E você foi incrível. Você conseguiu romper o feitiço. Na verdade você meio que causou uns transtornos a escola, mas tudo bem...

— Transtornos?

— É, parece que a magia que você liberou naquela sala afetou não só os encantos que seu pai e Hermione tinha lançado, como também muitos outros na escola inteira. Até mesmo o feitiço que impossibilita a aparatação aqui caiu. Mas fique tranquilo já foi restaurado. E por falar nisso... o que foi que você fez?

— Você... você não sabe? — Draco corou, envergonhado. — Teve um momento lá embaixo... quando meu pai tentou me controlar... Eu vi você, na minha mente, falando comigo; sobre uma magia mais forte que qualquer outra... Eu não sei bem o que aconteceu eu... apenas senti meu peito arder, como se estivesse em chamas, e então foi como se esse fogo tivesse se libertado e queimado toda a sala. Mas não tinha fogo... era... eu acredito que era amor.

— Amor? Mas como...

— Eu não sei, foi ideia sua. Quer dizer, ideia do Harry que estava na minha cabeça. Eu só disse que te amava e tudo aconteceu.

— Faz sentido... o amor já me salvou antes, uma vez — Harry levou a mão até a cicatriz em sua testa.

— Você disse que interrogaram meu pai... você sabe de alguma coisa que ele disse?

— Sim, professora McGonagall me contou o que houve, e eu a ajudei a entender o que tinha acontecido.  Você se lembra que no sexto ano, quando eu tinha o livro, eu o guardei na Sala Precisa, com os objetos perdidos?

— Sim, eu já sei dessa história; mas como o livro foi parar nas mãos do meu pai?

— Você se lembra como os... — Harry hesitou, ele sabia que aquele assunto iria machucar Draco, iria trazer a tona um de seus maiores arrependimentos. —... como os comensais da morte entraram aqui na noite em que Dumbledore morreu?

— Sim, foi pelo armário sumidouro que eu... — Draco olhou para as próprias mãos, que estava repousadas em seu colo, os dedos tremulos cutucando uns aos outros. — O armário que eu vinha tentando consertar durante o ano.

— Eu não sabia para que servia aquele armário... e foi lá que eu coloquei o livro. Eu não imaginei que ele iria sumir dali e aparecer segundos depois em um outro armário, que estava em posse de seu pai. Foi assim que ele obteve o livro. Ele leu e aprendeu tudo o que Snape ensinou ali, por isso estava preparado quando foi levado para Azkaban.

"Ele percebeu que Snape espalhou pista no decorrer do livro de poções, pistas que levavam até um livro muito antigo e poderoso, chamado o Livro Branco. Quando entendeu o que as pistas estavam dizendo ele saiu do esconderijo que estava quando fugiu da prisão e entrou escondido no Expresso de Hogwarts, ele lançou o feitiço em Hermione na noite em que chegamos.

"Pelo que eu entendi, o Livro Branco estava guardado dentro de uma das pinturas do castelo, por isso ele fez com que Hermione pegasse os quadros mais conhecidos e aqueles que tinham livros no cenário, em busca do objeto."

— E os fantasmas?

— Ele iria usar os fantasmas para... para testar o encanto quando encontrasse o livro. Como os fantasmas são espíritos que vagueiam pelo mundo dos vivos, seriam ideais para treinar. Ele ia matar um estudante e tentar colocar a alma de um dos fantasmas dentro do corpo. Mas felizmente os dementadores invadiram a escola antes que ele pudesse tentar, e acabaram com os planos dele.

"Mas ele continuou a procurar o Livro Branco, e como tentar encontrar usando Hermione não estava dando resultados, ele decidiu procurar por conta própria. Mas Luna o viu em um dos corredores na noite em que ele encontrou o livro; por isso ele a atacou e apagou a memória dela."

— Ele poderia ter matado ela... céus, eu fui criado por um monstro... eu...

— Não chore, Doninha — Harry chegou mais próximo do namorado e o abraçou com força. — Você não é seu pai, não se preocupe.

— E o que fizeram com o livro branco? — perguntou, limpando as lágrimas com a costa das mãos.

— Eles tentaram destruí-lo, mas aparentemente o livro emana uma magia muito poderosa, e se defende toda vez que alguém tenta algo contra ele. Então Minerva e o ministro deram um jeito. Não sei o que fizeram; só os dois sabem.

— E meu pai, o que vai acontecer com ele?

— Eu não sei, Draco. Mas acho que vão apagar a memória dele, e devolve-lo a Azkaban.

— Ele disse que a maldição Serverus só se rompia quando quem a conjurou morria, será que ele ainda consegue controlar Hermione ou algo assim?

— Não. Como eu disse, o que você fez rompeu todos os feitiços naquela masmorra.

— Eu... eu estou com dor. Meu corpo inteiro dói e estou muito cansado.

— Quer que eu chame Madame Pomfrey, ela pode te dar um sonífero ou...

— Não. Eu... você pode se deitar aqui comigo? Acho que vou conseguir dormir melhor sabendo que você está bem e comigo.

— Claro, Doninha. É claro que eu posso.

Harry puxou  um pouco o lençol que cobria Draco da cintura para baixo e se deitou ao lado do namorado na cama da enfermaria.

— Me abraça? — pediu Draco. — Bem forte.

Harry atendeu ao pedido, envolveu Draco com seus braços, beijou sua testa, e ficou ali, olhando para o teto da enfermaria, com a cabeça do namorado repousada em seu peito.

— Eu achei que iria ter perder — sussurrou Malfoy.

— Nunca — respondeu Harry, sussurrando de volta. — Você nunca vai me perder.

Harry Potter e o beijo das sombras | DRARRYOnde histórias criam vida. Descubra agora