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O chalé era velho. O piso da varanda estava desgastado, a soleira não ficava muito longe. Acima, um caduceu estava representado.

- Um novato? - Perguntou uma garota apoiada na porta.

- Este é Gustavo. E Gustavo, essa é Julia, filha de Hermes. - Leo disse.

- Hum... Um indefinido. - Julia me olhou atentamente.

- Um o quê? - Perguntei.

- Quando ainda não sabemos quem é seu parente divino. - Ela rolou os olhos.

- Meu pai é Apolo! - Falei decidido.

Julia e Leo trocaram um breve olhar.

- Tudo bem, mas por enquanto, você vai ficar aqui, no chalé do meu pai. - Ela sorriu e deu ênfase no meu pai.

- Ok. - Falei apenas.

- Bom, pode entrar. Pegue um saco de dormir e escolha um lugar ainda não ocupado. - Ela apontou para dentro do chalé e passou por mim.

- Você a ouviu. - Leo deu de ombros.

O chalé possuía 8 beliches. Aos pés de cada uma delas, um baú de madeira. Em um dos cantos, vários sacos de dormir estavam espalhados.

- Olá. - Eu pulei ao ouvir uma voz atrás de mim, seguida de um riso. - Te assustei?

Eu me virei. A minha frente, apoiado na porta, estava um garoto. Ele tinha os cabelos um pouco cacheados, escuros como seus olhos.

- Quem é você? - Perguntei.

- Sou Connor Stoll, Conselheiro-chefe do chalé de Hermes.

- O que? - Perguntei. - O que é isso?

- Bom... Digamos que eu cuido de tudo por aqui. - Ele andou até o meio do chalé, e girou ali. - Você é o garoto que acabou de chegar não é?

- Sim. Sou eu.

- Pelo que vi, já conheceu Julia.

- Garota legal. - Falei com sarcasmos.

- Ela é sim. - Ele sorriu. - Bom, pode ficar com a última beliche.

- Mas não está ocupada? - Franzi o cenho.

- Bom, agora não. E se você é realmente quem diz ser, logo logo vai para outro chalé. - Ele deu de ombros. - Tenho que ir agora, fique a vontade.

Ele saiu e eu caminhei até a última beliche. Me sentei na cama de baixo, e suspirei. Isso era loucura. Como assim eu sou um semideus? Isso não faz sentido. Eu abri o baú, ele estava vazio. Joguei minha mochila ali e saí para fora do chalé. Alguns adolescentes mais ou menos da minha idade andavam para lá e para cá.

- Ei! - Alguém gritou.

Eu me virei na direção do grito. Leo andava até mim, ele não usava calças, o que deixava seus pelos à mostra.

- O que você é? - Perguntei quando ele chegou próximo a mim.

- Sou um sátiro. Sabe, metade homem metade bode.

- Ah. Um sátiro. Claro, porque não?

- Esqueça, vamos para o refeitório, está na hora do jantar.

Filho de Apolo: A Busca [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora