O frio que vinha da janela fez com que eu juntasse as mãos e assoprasse entre os dedos. O vapor quentinho que saía da minha respiração trazia uma sensação de conforto. Eu estava prestes a ter um ataque de pânico quando o Jeferson chamou minha atenção.
— Você está com frio? Podemos emprestar uma blusa até seu pai chegar. — neguei com a cabeça e ele continuou — Não fique nervosa ele estava muito receptivo ao telefone com vontade de rever você.
— Estou com medo de ter esperança e quando ele me olhar... sei lá... ele pode desistir de mim. — minha mãe nunca contou as razões da separação deles e doeu ouvi-la dizer para uma amiga que eu não era fruto de um ato de amor. Daquele momento em diante, eu achei que meu pai era um homem ruim.
— Meu trabalho é garantir que isso não ocorra. Falta um tempo para você fazer dezoito anos enquanto isso ele é responsável. —Jeferson era do conselho tutelar e nos encontramos depois de uma denúncia anônima. Eu estava morando em péssimas condições.
— Minha mãe também era e me deixou. — não consegui esconder a tristeza na voz. — Vocês ainda não têm notícias dela? — ele negou e voltou a olhar os papéis e voltou-se para mim parecendo entender o meu motivo.
— Está com medo por causa do bebê? — assenti — Eu já expliquei para ele todos os seus problemas, inclusive sobre a gravidez.
— Ele já sabe? — apesar de parecer pergunta era uma afirmação para mim, e comecei a chorar de alívio no mesmo instante. Estava com muito medo de ele me rejeitar quando soubesse que eu estava grávida. Eu não tinha dito nada para o Jeferson sobre o bebê e é obvio que ele soube pelo tamanho da minha barriga.
— Vocês vão ficar bem. — eu queria muito acreditar.
O nó na minha garganta ia e voltava então fechei os olhos tentando acalmar. O cascalho denunciou o barulho de pneus, faltou coragem para abrir os olhos, eu sentia o corpo tremer. O carro parou. Passos vieram a seguir e uma palavra me tirou do transe.
— Juliana? — era uma voz forte em um tom suave. Quando abri os olhos me deparei com o homem da única foto que dizia que um dia eu tive uma família. Ele estava mais velho, mas era ele.
— Roberto? — perguntei colocando a mão sobre a barriga em uma tentativa inútil de tentar esconder.
— Sim, seu pai. — a emoção tomou conta da voz dele. Ele se aproximou eu levantei e então tivemos o primeiro abraço de pai e filha depois de quase 15 anos.
Eu estava firme tentando me segurar até ele colocar a mão na minha barriga e sussurrar que estava tudo bem. Desabei no choro mais sentido da minha vida, maior que todos que eu tinha vivido até então. Meu pai era minha única esperança. Na minha cabeça as palavras vinham involuntárias como um mantra: por favor, me aceite.
Quando nos acalmamos e nos afastamos um pouco vi logo atrás do meu pai uma mulher muito bonita e bem arrumada.
— Oi querida. — ela também me abraçou — Sou Lorena sua madrasta. — ela tinha um cheiro bom e senti aconchego no calor do seu abraço. — Nossa que barriga linda!
Eu precisei ficar esperando na longarina da recepção enquanto meu pai e minha madrasta entraram em outra sala para uma reunião particular com o Jeferson. Assim que saíram minha madrasta avisou:
— Já podemos ir para nossa casa! — o sorriso dela me fez bem. Era importante eu ser aceita também por ela.
Ainda enquanto nos despedíamos do Jeferson, meu pai me contou que a Lorena já tinha três filhos do primeiro casamento quando eles se conheceram. E depois que se casaram tiveram mais uma menina, minha meia irmã. Foi um alívio saber que meu pai tinha enteados e os considerava como filhos. Eu conhecia um filho deles, o Yuri porque ele estava todos os dias na novela das seis da tarde.
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Nossos laços de amor. COMPLETO
RomanceJuliana está grávida e passando pelo pior momento de sua vida, quando suas esperanças parecem estar se esgotando vai encontrar abrigo nos braços do seu pai e na família da sua madrasta. Durante sua trajetória, Juliana vai descobrir que quase tudo qu...