Capítulo 17 - Somos muito jovens

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As notícias chegaram logo. O comandante do Eduardo ligou e nos informou que antes do nascer do sol a diligência foi bloqueada e as viaturas foram metralhadas. A viatura que o Eduardo estava acabou sendo arremessada para fora do acostamento e caiu em um penhasco muito alto. Mas quando chegaram as ambulâncias de socorro e outras viaturas, as marcas dos pneus deles foram encobertas.

O Eduardo pegou o celular assim que se recuperou, logo depois da queda do veículo e acionou sua localização para me informar e não teve forças para deixar mensagem. Eles estavam sendo resgatados, mas sabíamos que dois corpos foram tirados sem vida e apenas três levados de ambulância para o hospital.

Um policial morreu a caminho do hospital e um helicóptero levou os outros dois para um hospital central. O Lucas estava de folga na residência médica e conhecia o hospital mencionado. Eu fiquei em casa para buscar as meninas e ele foi verificar o que estava acontecendo.

Minha esperança era enorme que o Eduardo estivesse entre os sobreviventes. Quase duas horas depois quando eu já estava quase saindo para buscar as meninas, o Lucas ligou.

— Meu amor. O Eduardo está vivo. Ele entrou no centro cirúrgico. Está com múltiplas fraturas, acabei de ver os exames. Tem uma fratura na tíbia, uma dupla de rádio e ulna e uma costela fraturada perfurou o pulmão.

— Querido, por favor. Eu não entendo de ossos! Ele vai viver?

— Sim querida. A lesão no pulmão foi estancada pela própria costela e a equipe de resgate foi fundamental. Ele vai passar por momentos ruins, mas vai viver. O amigo dele está com fratura craniana e a esposa grávida acabou de chegar. Estou de coração partido.

— Meu Deus! O comandante falou que os traficantes mataram de forma covarde todos os policiais que estavam nas viaturas. Eles tinham metralhadores e os policiais estavam com pistolas simples.

— Triste demais, meu amor. Eu acho que o amigo dele não deve sobreviver e se conseguir sair da cirurgia terá sequelas irreversíveis. A esposa é muito jovem. Alguns policiais estão chegando e a comoção deles é de cortar o coração. Estou voltando para casa para ficar com vocês, acho que a cirurgia vai demorar.

Busquei as meninas e estava destroçada. Como dizer para uma criança que o pai dela estava sendo operado após ter entrado em confronto com bandidos. E justo no dia que ele decidiu sair da polícia por causa dela.

Primeiro dei o almoço e a fiz tomar banho. Depois com muita calma expliquei o ocorrido e fiquei sem ar quando o Lucas entrou e ela se jogou nos braços dele chorando sem parar.

— Jura que o meu paizinho vai viver!

— Juro sim querida. — Lucas a abraçou e fez carinho em seus cabelos. — Eu conversei com o médico e vou conseguir uma autorização para você ir visita-lo.

— Se o papai do céu levar ele para ficar com a minha mãe, você pode ser o meu paizinho e a Ju minha mãezinha? — nem o Lucas conseguiu se controlar e começamos a chorar juntos. A Poliana não entendia o que falávamos, mas começou a chorar também ao nos ver comovidos.

— Pri. Eu sempre serei seu segundo paizinho, mas eu juro que seu pai vai viver. Ele é bem mais fortão do que eu. — e fez um muque.

Horas depois soubemos que o Eduardo já estava em recuperação da cirurgia e tinha uma boa chance de ficar ótimo. O amigo dele morreu e nem chegou a conhecer o filho que iria nascer. Dezenove policiais mortos em uma única operação. O comandante informou que o Eduardo estava no banco traseiro entre dois outros policiais e por isso se salvou. Enquanto os outros se chocaram nas ferragens durante o capotamento ele teve o corpo amortecido. O carro parou em pé o que possibilitou dele pegar o celular e mandar o sinal.

Nossos laços de amor. COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora