Capítulo 2 ✓

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Já se passaram dois dias desde a trágica entrevista, acho que não foi tão trágica assim. Eu até me sai bem na minha explicação... Eu acho. Mas, em compensação eu vi um dos homens mais bonitos da minha vida, meu pai eterno, ele precisa ser estudo pela NASA não é possível. De bom foi só isso mesmo, não consegui emprego em nenhum outro lugar, se bem que só se passaram alguns dias, às vezes, alguma empresa pode me ligar.

Eu queria encontrar um emprego rápido tenho medo que a situação da minha mãe piore, eu quero cuidar dela enquanto é possível. Mas parece que o universo não quer colaborar comigo!

Desperto dos meus pensamentos com batidas na porta da minha casa, me levanto do sofá e vou atender:

- Viado... Se prepara por que eu, estou carregado de fofocas, se eu não contar vou explodir. - Fred entra falando e senta no sofá, esperando que eu faça a mesma coisa. Respiro fundo e me sento ao lado dele.

- Mais uma seção de tortura, não estou muito no clima hoje! - Faço uma expressão de cansaço.

- Nem quando se trata do Matheus, você não se anima? - Fred levanta as duas sobrancelhas e morde os lábios, não aguento e acabo rindo.

- Às vezes, é bom ficar atualizado, não é? - Imito o gesto que ele fez.

- Lembra que ele estava namorando com a Camila? Pois é, ele traiu a coitadinha, com a irmã dela, muita sacanagem. E quando o pai dela, foi tirar satisfação, Matheus o ameaçou, e disse que ficava com quem quiser. E ainda apontou a arma na cabeça do pai da Camila, ameaçando-o de morte caso voltasse a exigir algo dele, novamente. - Estou chocado, mas, não tanto, é a cara do Matheus, fazer esse tipo de coisa.

- Todos nós sabemos como Matheus é, não me surpreendo. Só achei o pai da Camila meio suicida, por querer confrontar o Matheus, mas, entendo ele é pai dela, nada mais justo que querer defender a filha.

Deixa-me atualizar vocês devem estar perdidos, né? Bom, o Fred é meu amigo de infância, meu melhor amigo, sempre digo que somos irmão. A gente se dá muito bem, claro que uma vez ou outra temos nossas desavenças. Mas não é só pelo fato da gente se dar bem, mas somos muito parecidos em questão de aparência.

O Fred é loiro, não é albino como eu, ele tem os cabelos loiros claros, não chega a ser puxado para o branco. É um loiro meio dourado, não sei deu para entender. Seus olhos, são bem parecidos com os meus, azuis, só que é um tom mais escuro. Sem falar, que essa peste tem um par de pernas e bunda... Ele foi agraciado pelos céus, inveja me define.

Agora vamos no Matheus, ele é considerado o dono daqui o bandidaço, todo mundo tem medo e respeita ele aqui, sabemos que ele não tem um pingo de paciência e já tivemos o desprazer de ver o que acontece, quando ele é contrariado. Matheus é a lei dentro da favela, e temos que respeitar a lei se a gente quiser viver. Apesar de tudo isso, ele ajuda os moradores, todos sabem como a vida na favela é difícil e de certa forma Matheus até tenta ajudar, mas é complicado:

- Sabe Lipe, às vezes eu fico triste, e nem é por ele é por mim. Pode parecer egoísmo, mas eu sou apaixonado nesse homem desde criança, e infelizmente ele é hetero. Juro para você que se um dia a oportunidade aparecer eu o agarraria com todas as minhas forças e nunca mais soltava. - Fred dá um suspiro de lamentação, eu fico triste por ele, sei muito bem o que ele já passou por causa dessa paixão pelo Matheus, se eu pudesse fazer algo eu faria, mas estou incapacitado assim como ele.

- Eu sei que você faria o seu possível para ficar com ele, mas pensa Fred que muitas das vezes não depende de nós e sim deles, e infelizmente, quando percebem é tarde demais. Eu acredito que você vai achar alguém, e vai ser uma pessoa incrível, por que você é incrível e merece o melhor. - Ele me olha e dá um sorriso lindo e me abraça - Mas também quem não quer o Matheus? O homem é lindo, até eu queria... Queria era dar pra ele isso sim. - Fred me empurra, e me xinga de talarica. - Mudando de assunto, vamos para o baile funk de hoje? - pergunto e ele se anima na hora.

- Claro! Preciso extravasar, e que lugar melhor que um baile. Vou beber tequila no tanquinho dos boys.

Ficamos decidindo por horas escolhendo nossas roupas, até encontrar uma decente. Ainda bem, que a entrada é de graça, só paga para consumir lá dentro, eu vou só por causa do som, por que se fosse para beber é mais fácil ficar em casa, não tenho dinheiro.

Converso com a minha mãe dizendo onde vou hoje à noite, ela fala um tudo bem, e me pedi para tomar cuidado, e já deixo ela avisada, que se algo acontecer é para me ligar imediatamente.

Quando deu 20:00hrs, fui me arrumar. Coloquei uma calça jeans, preta, uma blusa florida e um tênis branco, que provavelmente vai voltar marrom. Ligo para o Fred, ele atende, e pedi para eu o encontrar na frente do lugar onde vai acontecer a festa. Me despeço da minha mãe, e vou para onde está acontecendo a festa, antes mesmo de chegar já dá para escutar o som estralando.

Acho que vou voltar surdo, vejo Fred de longe, ele está lindo com uma calça preta de couro, que parece mais uma segunda pele, mas que destaca suas pernas de longe, uma blusa manga longa, não consigo ver a cor, e um tênis, com detalhes entre azul e vermelho.

Entramos e como sempre está lotado de pessoas, várias luzes no teto. E alguns leds no chão, vou confessar que o Matheus sabe prepara esses eventos.

Fred me puxa até o barzinho, e paga duas caipirinhas para nós, depois de beber vamos para a pista de dança.

Fizemos nossas coreografias, passinhos improvisados, trombamos no povo que passava perto da gente... Enfim, só quem já viveu vai entender.

Depois de um tempo, avisei para o Fred que ia ao banheiro, e avisei para ele me esperar no mesmo lugar. Tenho que avisar, por que você vira as costas, pronto, ele some.

Chego na fila do banheiro e tá enorme, eu sempre digo que fila de banheiro em festa é igual fila de banco, em dia de pagamento. É só na gloria do senhor. Por que se tiver muito apertado mija na roupa, cada pessoa que entra é duas horas pra sair.

Depois de duas eternidades consegui fazer minhas necessidades, e volto para onde eu estava, e adivinhem o Fred já não está mais aqui. Ando no meio do povo procurando-o, e de longe vejo tentando beija o Matheus... O meu santo! Corro e puxo seu braço. Vejo, Matheus meio atordoado:

- Você está ficando louco, Fred? - Pergunto, e ele me olha choroso.

- A culpa é dele! - Embola as palavras, Fred tem a péssima mania de beber bebida do copo, de pessoas desconhecidas, e sempre dá nisso. - Eu não precisaria forçar, se ele deixasse de ser panaca - Diz querendo chorar.

- Desculpa por isso, Matheus! - Ele respira fundo, e parece voltar ao normal.

- Só tira ele daqui, antes que eu perca o resto da minha paciência, e faça algo que possa machucar ele. - Diz nervoso, puxo o Fred e levo e para fora.

Como já não estou mais no clima, levo ele para casa, e assim vou para a minha. Chego em casa, tomo um banho, e me deito, durmo logo em seguida por causa do cansaço.

Acordo no outro dia com o barulho, insistente do meu celular, sem abrir os olhos o procuro na cama e atendo:

- Alô? - Digo grogue de sono.

- Alô, Felipe Martins! - Estranho, por ser uma voz familiar, e por ter usado meu sobrenome.

- Olá, quem fala? - Esfrego os olhos, e sento na cama.

- Ettore! - Diz me fazendo dar um pulo de susto.

- Oi, senhor! Desculpa, mas não reconheci sua voz. - Digo sem graça.

- Sem problemas, estou ligando por que, quero que venha até a minha empresa, se for possível. Tenho algo importante para te falar, se for vir te espero até as 9:00hrs. - Diz e desliga logo em seguida, não dá tempo nem de responder, credo, que ignorância.

Meu chefe! Meu amor! Minha vida - LIVRO 1 - IRMÃOS GANASSALIOnde histórias criam vida. Descubra agora