Track 4 - 4th of July - Fall Out Boy

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04/07/2016

No dia quatro de julho é comemorada a independência dos estados unidos. Entretanto, se você estiver no Canadá, essa informação não é exatamente importante.

Artur

Acordei com o barulho da porta do quarto se fechando e instantaneamente pensei que estivesse atrasado.

Me lancei para fora da cama, rapidamente troquei de roupas e sai para seguir Diego, que havia saído do quarto. Nem me passou pela cabeça a ideia de que tivéssemos acordado mais cedo e não mais tarde, afinal, por trás da cortina, uma forte luz já atingia as janelas.

Comecei a suspeitar de que havia algum engano quando passei pelas portas dos banheiros e percebi que nenhum deles estava sendo usado. Depois, quando cheguei na recepção e vi que ela estava totalmente vazia, comecei a procurar por um relógio.

Não demorei muito para encontrar um relógio de ponteiro, que me indicava cinco e meia da manhã. Respirei fundo, não estava com sono, mas também não havia dormido o suficiente.

Como já havia saído da cama, decidi procurar Diego. Saí pela entrada principal e localizei-o rapidamente, o garoto estava sentado debaixo de uma das árvores do pequeno espaço verde que possuíamos ao lado do Sycamore.

-Pra que acordar uma hora dessas? – perguntei me aproximando e me sentando ao seu lado. Ele tinha em mão um caderno com uma folha aparentemente vazia.

-Estou trabalhando – respondeu ele, encarando a rua que ficava na frente do Sycamore.

-Trabalhando? Que tipo de trabalho?

-Trabalho criativo. Gosto muito de escrever. Estou com algo na cabeça, mas não sei exatamente como passar para o papel.

-Poesia? – perguntei.

-Nesse caso sim. A Vitória me deu um desenho, quero devolver para ela com um poema.

-Se não se importa – falei –, como você me acordou, vou ficar ao seu lado.

-Sem problemas.

Era incrível. O sol se punha as onze horas da noite e as cinco e meia ele já quase parecia ter nascido por completo. O céu já estava totalmente preenchido com um maravilhoso azul matinal.

Em algum ponto, Diego começou a escrever no papel. Em algum outro ponto, eu percebi que havia uma placa magnifica jogada ali no chão na nossa frente. Uma placa com os dizeres "One Way". Como eu queria uma placa daquelas no meu quarto...

Eu poderia até ter sotaque de fluminense, mas eu não ia roubar aquilo. Estereótipos são ruins.

-Hoje vai ser um bom dia, eu tenho certeza – disse Diego enquanto acabava de escrever seu poema.

-Por que diz isso? – perguntei, enquanto fechava os olhos e tirava um instante para apreciar aquela suave brisa que vinha da rua.

-Porque hoje a gente vai viver uma espécie de american-dream.

-Quer dizer que vai ter alguém sendo enfiado em algum dos armários do colégio? – perguntei.

-Olha, acho que essa foi a primeira coisa que falaram que a gente não poderia fazer quando anunciaram o intercambio lá no meu colégio – comentou Diego.

-Que bom que a gente não é do mesmo colégio.

-Não, espera... – Diego se voltou para mim – Que?

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