Track 12 - Sirenas - Taburete

8 0 0
                                    

12/07/2016

Um ano e meio depois da viagem, fui roubado e com isso se foi meu celular. Assim que adquiri o novo, tive a opção de restaurar meu ultimo backup, que curiosamente havia sido feito três dias antes da minha chegada no Canadá.

No momento de fazer essa decisão, percebi que preferia começar com o celular sem nenhuma memória do que com um cheio de memórias incompletas.

Afinal, a viagem pode ter durado 29 dias no papel, mas na vida real durou muito mais.

Diego

                Minha aula de inglês da manhã foi muito interessante.

                Will havia sido encaminhado para minha turma, o que era uma novidade ótima. Assim como eu e Alejandro, ele se espantou muito ao ver o porte de Patrick, o professor cujo bíceps certamente era maior do que a minha cabeça.

                Novamente, ele trouxe uma música para analisarmos. Era algo bem antigo do Drake, por isso, eu tinha uma boa noção de já ter ouvido aquele ritmo no rádio ou algo do tipo. Tivemos pouca dificuldade em encontrar todo o vocabulário e a interpretação da música não tinha muita margem para extrapolação como eu e Sofia havíamos feito com Leather Jacket.

                Depois disso, tivemos uma pequena discussão liderada por Patrick, com o tema "representatividade musical". Falamos sobre apesar de como Justin estava melhorando no cenário internacional, todos considerávamos Drake um representante muito melhor para o Canadá em questão do patriotismo.

                A medida que o horário do fim da aula de inglês se aproximava, pude ver que as garotas das turmas já dispensadas se acumulavam na janela para observar o professor Patrick. Era engraçado como ele nem parecia notar que todas as intercambistas eram totalmente caidinhas por ele.

                Assim que a aula acabou, peguei minha mochila e comecei a seguir na direção da cantina. Não havia comido muito naquela manhã, eu havia passado a maior parte do meu tempo conversando com Jorge sobre a teoria do casal, sobre o fato de que talvez nunca pudéssemos provar minha inocência.

                Quando cheguei na metade das escadas, alguém segurou meu ombro. Era Camille, alguns degraus acima, carregando um caderno.

                -Tu tá fugindo de mim? – perguntou ela.

                -Não, só estou faminto. Quer almoçar comigo? – sugeri.

                Ela abriu um lindo sorriso mostrando os dentes.

                -Claro.

                Fomos para a fila e, antes que percebêssemos, já estávamos lá dentro nos servindo. O cardápio do dia era arroz, carne com muita pimenta e alguns legumes cozidos. Também servi um copo de Milagre.

                -O que é isso? – perguntou Camille.

                -A melhor mistura de refrigerante que existe – respondi.

                -Nossa, mas tu é muito brasileiro mesmo – riu ela.

                Nos sentamos dentro da própria área do Cultural Mix, porque ela ainda estava muito vazia.

                Antes de começarmos a comer, Camille me mostrou alguns dos esboços dela sobre "tempo". Ainda não havíamos chegado em muitas ideias comuns, nossos conceitos ainda estavam embaralhados e ainda por cima tínhamos que cuidar do discurso de abertura do Show de Talentos do Concordia.

Verão em HamiltonOnde histórias criam vida. Descubra agora