Parte 3: É Verão o Ano Todo!

13 0 0
                                    

            

Hamilton

N 43⁰24'12.1" – W 79⁰51'50.0"

Toronto

N 43⁰60'24.7" – W 79⁰46'62.7"














Nota do Autor – Daqui a 137 horas

Diego foi lançado longe.

Nos poucos segundos em que seus pés não tocaram o chão, ele percebeu que estaria ferrado assim que começasse a rolar. Já conseguia até mesmo sentir as pernas ralando quando, no último segundo alguém lhe agarrou a gola. Não foi o suficiente para conter toda a sua queda, mas ao invés de ir de impacto direto ao chão, acabou rolando por cima de outra pessoa.

                O corpo estava dolorido, é claro, mas aquela rolagem foi o que lhe salvou. O terreno ganho com a manobra fora o suficiente para que cruzassem a linha de limite.

                Alguém apitou do outro lado do gramado, era fim de jogada. Ele, Diego, havia conseguido cruzar a linha, por isso estava a salvo por enquanto. Ao se revirar no próprio lugar, ele viu que a figura responsável por sua salvação estava logo abaixo de si.

                -Você poderia levantar? – pediu ela, que tinha seus cabelos presos em um rabo de cavalo.

                -O que você está fazendo aqui?! – se espantou Diego.

                -Jogando, o que você acha?

                O menino deu de ombros. Com um movimento, saiu de cima de Junes, que já começava a ficar impaciente. Diego tentou se levantar, mas sentiu uma fisgada na perna.

                -Droga, tu se machucou mesmo, não foi? – perguntou Junes vendo a expressão do garoto.

                -Um pouco – respondeu ele.

                -Vem aqui.

                A menina se adiantou e passou o braço por baixo do dele e segurou firmemente seu ombro. No contar de três, içou o corpo do menino para cima. Os dois começaram a caminhar de volta para o centro do gramado. A maioria das pessoas já estavam se dispersando, eles teriam algum tempo de intervalo antes da próxima jogada.

                -Que saco! – disse Diego, pronunciando alguns nomes impublicáveis e chutando o chão com a perna boa.

                -Calma! – pediu Junes.

                -Como eu vou ter calma? Meu corredor de ouro está na enfermaria! Aliás, não é só ele que está, não sei se você percebeu, mas tem gente que pode realmente perder o resto da viagem!

                A situação no jogo realmente não ia bem. O ataque da equipe de Diego estava totalmente recuado. Sua área de atuação se resumia a um terço da capacidade da outra equipe e eles haviam realmente perdido jogadores valiosos.

                -A culpa não é sua – defendeu a menina.

                -Uma perna quebrada! Pode ser que ela esteja com uma perna quebrada e tudo porque eu meti ela nessa roubada! – exclamou ele.

                -Diego, ela entrou nesse jogo porque quis!

                -O que você está fazendo aqui? – perguntou ele, novamente.

                A menina suspirou.

                -Eu vim te ajudar a ganhar! – exclamou ela – Não me importo com o quão estrelinha você seja e o quanto queira se sacrificar pelas pessoas. Sem mim, você não vai ter essa vitória! – Junes estava com o sangue fervendo nas veias.

                -Você não está nessa só por mim, não é? – perguntou ele.

                -Não, mi hijo. Tenho contas para acertar também – ela então lançou um olhar severo na direção de alguém que Diego não conseguia ver.

                -Você acha que realmente temos chances? – perguntou Diego.

                Junes abriu a boca para responder, mas a voz que se ouviu não era da menina.

                -Não, vocês não têm a menor chance... – disse uma voz atrás deles.

                Os dois se voltaram naquela direção.

                -Você! – brandiu Diego.

                E com um sorriso largo no rosto e os braços cruzados, a pessoa continuou:

                -...Ao menos, não sem mim.

Verão em HamiltonOnde histórias criam vida. Descubra agora