Track 23 - Renegades - X-Ambassadors

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23/07/2016

O quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união.

Salmos 133

Archie

-Diego, o Fischer não está bem, aconteceu um grande incidente. Amanhã, Nicolas Fischer vai ser deportado.

Depois disso, Diego simplesmente travou. Seu semblante demostrava o quão chocado ele estava. O menino se apoiou nos arredores e sentou-se no chão. Essa reação foi levemente pior do que eu esperava, pois ele nem ao menos havia ouvido ainda os detalhes do incidente da noite.

Mesmo sem Diego dar sinais verbais que estava processando, comecei a contar a história.

Diferentemente da maioria das histórias que eu contava, aquela me provocou tremendo desconforto. Eram apenas fragmentos dos acontecimentos que envolviam nosso colega de quarto, alguém que nós conhecíamos, mas que havia agido como se fosse um estranho.

Fischer e eu estudávamos no mesmo colégio desde pequenos e eu sabia que ele costumava ir em festas e beber, porém, eu não esperava que ele fosse realmente ir atrás disso no Canadá. De todos os lugares do mundo, aquele certamente era o mais incrível para mim e o que menos havia me feito ter vontade de me embriagar – não que eu bebesse naquela época, mas mesmo olhando para trás hoje, posso admitir isso.

Mesmo assim, Nicolas Fischer havia de alguma maneira se envolvido com álcool e ficara louco rapidamente na festa. Na verdade, não o vi bebendo em momento algum e por isso suspeito que me pareceu que ele havia ficado bêbado rapidamente pois quando o vi pela primeira vez durante a festa, ele já estava fazendo aquela dança.

Fischer dançava muito bem, mas naquelas férias, ele havia se resumido a sarrar – porque estava na moda em 2016 –, só que naquela noite, seus passos eram diferentes. Ele parecia estar experimentando novos estilos, chegando até a tentar danças uma valsa com uma guria no meio de uma música lenta de algum popstar da época. Esse foi o primeiro indício que tive de que tudo estava meio errado.

Até o momento, a bebida não era uma suspeita minha. Só que em dada hora, percebi que ele estava se dirigindo na direção de Millie e meu extinto disse que talvez fosse bom conversar com ele, pois seu olhar parecia cegamente determinado.

Avisei Isabel que tinha que checar algo – o que, ao meu ver depois, demonstrava o quão forte aquele extinto de falar com Fischer era, pois eu geralmente não deixaria aquela guria esperando por nada – e fui na direção de meu colega de quarto.

-Eae, Fischer, meu brother. Tudo certo? – perguntei.

-Falar com a Millie. Me deixa – foi o que ele disse, trombando no meu ombro enquanto me ignorava.

Talvez uma pessoa de pavio curto em meu lugar tiesse levado aquilo como uma afronta, porém, conhecendo Fischer, soube que algo não estava certo. Foi então que parei para me dar conta em de um peculiar cheiro forte que havia em seu hálito.

A festa inteira cheirava a açúcar e suor – não lá o gosto mais agradável do mundo, mas geralmente o único que se pode esperar de ponche e adolescentes dançando muito. Porém, algo no hálito de Fischer estava diferente. Me lembrava nitidamente de esperar que ele e Diego fossem escovar os dentes antes da festa para que eu pudesse roubar um pouco de seus perfumes. Sendo assim, aquele cheiro forte...

Foi então que me toquei: álcool. Já havia sentido aquilo antes e me lembrava bem onde. Muitas pessoas da minha sala já bebiam e nas festas era possível sentir aquele cheiro do hálito de outras pessoas. Eu só não esperava que alguém estivesse bebendo ali no Canadá.

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