Parte 4: Time to Quebec

17 0 0
                                    


Londrina

S 23⁰20'59.0" – W 51⁰12'29.2"

Hamilton

N 43⁰24'12.1" – W 79⁰51'50.0"

Toronto

N 43⁰60'24.7" – W 79⁰46'62.7"

Nota do Autor – Nicolas Fischer

Todas as histórias contidas nessas páginas passaram despercebidas e um exemplo delas é a história por trás da grande confusão que envolveu, emputeceu e até alcoolizou Nicolas Fischer no dia anterior.

Se Fischer tivesse direito a uma defesa justa, com o futuro advogado Archie Martinez como seu defensor e seu grande parceiro Diego Ninov como o cara que estava pagando por seu advogado, ele certamente teria conseguido se defender melhor do que os grunhidos inconsistentes que soltou quando Daniel foi visita-lo logo pela manhã.

Só que antes de chegarmos nesse ponto, vamos voltar um pouco a história até o ponto no qual ela interessa, bem antes do incidente, bem antes de Diego levar dois tapas na cara, bem antes de Archie fazer o nariz de Larissa sangrar, bem antes de Fischer pegar uma CLT muito gata. Vamos voltar para antes de a viagem começar para que seja possível entender de onde vem todo o esquema que ferrou Nicolas Fischer naquele dia.

No Canadá, estabelecimentos que forem encontrados vendendo bebida para menores de idade podem ter sua licença de venda de bebidas revogada e são obrigados a pagar multas. Todavia, vale dizer que essa lei não foi quebrada ou desrespeitada por nenhum compatriota canadense, o que aconteceu foi um esquema muito bem bolado que girava uma grana debaixo dos narizes de Gary e dos outros supervisores do Sycamore e do Hazel.

Havia três fornecedores principais nos alojamentos. Um deles era um velho americano que morava ali em Hamilton e como complemento de seu emprego de meio período como atendente de supermercado, era o fornecedor de maconha para os garotos que moravam no Sycamore – não que garotas também não usassem, mas os caras eram os que geralmente chegavam com mais frequência nele. As vendas eram feitas nos arredores de um grande prédio branco que ficava seis quadras acima do Sycamore, um prédio meio caído, com um pátio amplo e cheio de lixo – definitivamente um dos únicos lugares de Hamilton no qual eu não me sentia à vontade.

O do meio era um garoto asiático de vinte e uma anos que optara por estudar no Canadá e por isso tivera que completar o ensino médio lá mesmo mais velho. Ele financiava uma das mais consolidadas redes de tráfico de bebida de alojamento da história do Sycamore. Movimentava muito dinheiro há algum tempo, tanto que ele pagava por uma internet particular e melhor em seu quarto. Só que esse traficante asiático perdeu muito terreno graças ao último...

O outro era um traficante recente – e tecnicamente, esse termo nem ao menos era o mais correto para designa-lo. Apenas um estudante do Concordia conhecia seu nome e seu rosto e era através desse estudante que qualquer tipo de bebida alcoólica poderia facilmente ser contrabandeada para dentro do colégio. O nome do traficante era Henrique e o estudante que o ajudava era seu irmão, Valentim.

Fazendo uma quantidade considerável de grana, Henrique e Valentim operavam todos os dias desde que Valentim entrara no colégio. Certamente faziam muito mais dinheiro durante o período regular de aulas do Concordia do que naquele um mês em que os intercambistas de verão se achavam donos do lugar, mas houve uma grande demanda de bebidas para o dia do baile e os irmãos mexicanos não puderam ficar longe disso.

Gusta – o irmão mais novo, aquele que acompanhava Valentim naquele verão – não tinha a menor ideia do esquema no qual seu irmão estava envolvido. Maxi, o próprio colega de quarto de Valentim não tinha ideia que o melhor amigo esperava que ele caísse em seu sono de pedra para sair do quarto com uma série de garrafas plásticas na mão e começar a fazer seus negócios.

Verão em HamiltonOnde histórias criam vida. Descubra agora