Capítulo 56 - Ponto Final (Aaron)

10 1 2
                                    


Finalmente havia chegado o momento!

Dentro de pouco tempo eu me veria livre daquele irritante demônio de saias! Apenas mais algumas horas e eu deixaria de me sentir como um idiota diante da presença perturbadora de Elena. Colocaria um ponto final de uma vez por todas naquela história.

Por um lado isso era um alívio. Afinal, eu não me sentia mais o mesmo Aaron de antes. Quando ela estava por perto, eu mais parecia um garoto desajeitado diante da menina mais bonita da escola e sinceramente, esse papel não combina nada comigo.

Aliás, nunca combinou. Apesar de viver em um orfanato, com exceção de Allie, nunca tive problemas com as garotas do colégio que sempre arranjavam qualquer desculpa para chegarem perto. As vezes isso até se tornava embaraçoso, mas ao mesmo tempo elevava minha auto-estima.

Até que Elena apareceu... Apesar de eu ter vivido praticamente minha vida brigando com Allie, com Elena era diferente. Diferente porque o mocinho bonito do colégio já não parecia existir e no lugar dele, estava um homem desconfiado e retraído. Irônico não? Mas aquilo iria acabar. Dentro de pouquíssimo tempo!

Porém por outro lado, era exatamente o fato de saber que dentro de poucos instantes minha relação com Elena estaria acabada, me deixava angustiado. Podia parecer confuso, até mesmo engraçado, mas a ideia de não vê-la mais, me perturbava um pouco. Isso eu tinha que admitir.

- Quanto falta? – Ela perguntou e por pouco eu não perdi o controle da direção ao ouvi-la. Aquela era a primeira vez que ela dirigia a palavra a mim em dias.

Depois da briga no El Laberinto, Elena simplesmente passou a me ignorar. Aquele beijo tão sincero trocado no quarto de Jack, parecia não ter valor algum para ela, pois assim que pode se afastou com um safanão e desde então nenhuma palavra, nem um mísero bom dia. Tudo bem, confesso que eu havia pego pesado ao chamá-la de algo tão horrível, mas será que minhas desculpas nunca seriam suficientes?

Nem mesmo o casamento relâmpago de Allie, fez com que Elena voltasse a falar comigo. Aliás, ai estava mais um fato estranho. Que diabos deu em Alicia para querer se casar com aquele troglodita? E o principal: que diabos deu em mim pra não estar dando a mínima pra esse casamento?

Para a primeira pergunta eu não tinha resposta. Quanto a segunda... tinha apenas quatro letras: Elena. Esse nome parecia me perseguir! Eu não estava me importando com o casamento da garota que pensava amar simplesmente porque aquele demônio de saias ofuscava qualquer coisa que estivesse a sua frente!

- Umas 50 milhas mais ou menos. – Respondi e sem virar a cabeça ouvi ela bufar. – Escute porque não tenta dormir um pouco?

- É, talvez tenha razão. – E sem dizer mais nada virou para o canto e fechou os olhos.

Milhares de coisas passaram pela minha cabeça. Entretanto, nenhuma delas parecia ser a coisa certa a se dizer. Minha vontade era de ao invés de mandá-la dormir, sacudi-la, chacoalhá-la até que ela me contasse o que se passava. Sim porque algo muito maior do que um ressentimento por uma simples briga estava acontecendo e daria tudo para tirar a venda dos olhos e descobrir o que era.

Uma hora e meia depois, estacionei o carro em frente ao prédio de Elena. Parecia que eu tinha estado ali há séculos e não há apenas dois meses. Olhando o jardim do edifício vazio, deixei que a minha mente vagasse para aquele primeiro encontro com Elena e de certa forma foi engraçado imaginar a cena que havia ocorrido naquele dia. Realmente na hora eu tinha ficado indignado... além de dolorido... mas agora, não deixava de ser engraçado. Ela estava uma fera e tudo porque eu não conseguia parar de olhá-la.

A Outra Face do EspelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora