XVIII

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O ar estava frio, chicoteando duramente contra sua pele enquanto ele caminhava ao longo da calçada. Ele estava caminhando para encontrar Harry na biblioteca um pouco antes de começar seu turno no bar. Era um dia amargo, ainda mais amargo que o Halloween — Louis nunca gostou daquele feriado, nunca se importou com as crianças gritando e pedindo doces, mas até ele sentiu uma pontada de empatia pelas almas tristes que vagavam pela noite escura. Estava frio pra caralho.

Foi só quando ele perdeu a sensibilidade de seus dedos (tinha um buraco no bolso de seu casaco, que charme), que a escola apareceu à vista, mostrando apenas o topo dos prédios. Pareciam como uma pilha de travesseiros quentes quando entraram em sua visão — naquele momento, ele associava o lugar com Harry. Ele estava treinado como um cão de Pavlov.

Seguido em frente, ele continuou, cantarolando alguma música do Jefferson Airplane que havia grudado em sua cabeça desde que acordou no chão de Stan; ele havia adormecido enquanto a ouvia na noite anterior. O "hoje" havia chegado e Louis com certeza não iria ouvi-la, pois o fazia se lembrar de Harry. Ele havia ido longe demais, mas não daquele jeito. Só porque ele estava passando uma espécie de experiência que estava mudando sua vida, aquilo não significava que ele iria explodir em delicadeza e carinho, como cobertores macios e sentimentos à flor da pele.

Ele ainda era Louis. Ele não havia amolecido.

Foi naquele momento certeiro que seu celular vibrou; ele finalmente tinha tirado o "Não perturbe" na noite anterior em uma tentativa desanimada de organizar sua vida. Hah.

Um peso se instalou em seu estômago e seus pulmões, o mesmo peso que aparecia toda vez que seu celular vibrava. Ele sempre ficava com medo de ser Liam. Sempre, literalmente. E Liam mandava mensagens para ele todos os dias (ele ainda não havia ligado para ele, no entanto, assim como ainda não havia tentado encontrar Louis), então era um medo quebradiço.

O problema era que Louis ainda não sabia o que dizer para ele, não fazia ideia de como lidar com a situação que estava, e quanto mais ele fingia que Liam não existia, mais era possível que Louis saísse dela de uma forma descomplicada.

Mas, ele tinha aquele negócio em seu estômago, sabe — ele sabia que sua boa sorte estava se esgotando e ele sabia que o tempo estava esgotando, lento, mas seguro, e ele sabia que Liam iria encontrá-lo de algum jeito. Era só uma questão de tempo. E quando o encontrasse... Louis precisava estar preparado. Ele poderia acabar com aquele jogo e, assim, deixar um Liam furioso para destruir os sonhos de ambos (era um pensamento assustador pra caralho, se fosse honesto — Louis já tinha visto o melhor de Liam, era importante lembrar) ou ele poderia fingir que estava jogando mais um pouco. Só até que seu relacionamento com Harry estabilizasse mais, ficasse mais forte, até chegarem em um ponto onde, talvez, Harry não o abandonasse para sempre caso descobrisse a verdade. Mas aquilo chegava a ser uma possibilidade? De verdade? Louis não fazia ideia.

Deus, e se não fosse uma possibilidade? E se tudo aquilo fosse impossível? E se não houvesse um final feliz?

Porra. Não.

Não era hora para isso.

Ele iria lidar com aquilo mais tarde.

Engolindo secamente, Louis pegou seu celular, com seus dedos secos, rachados e manchados de nicotina. Ele meio que havia parado de fumar. Na verdade, ele não estava sofrendo tanto quanto achou que estaria — só quando ele se encontrava em uma de suas pequenas crises internas, como um problema de verdade. Como naquele momento, por exemplo. Mas, tanto faz. Ele era mais forte que um vício.

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