IV

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Bright Young Thing Albert Hammond Jr.

Era só-deus-sabe da tarde quando Louis conseguiu abrir seus olhos pegajosos, com o rosto esmagado contra a almofada riscada e suja de um sofá impressionantemente encardido.

Argh. Tinha gosto de chocolate velho. Aquilo era...

Aquilo era argh.

Só um pouco desorientado — graças à outra noite no trabalho que se estendeu até algumas horas da manhã —, ele se levantou, se sentando rapidamente e se recusando a se aquecer. Seus ossos estalavam e suas articulações doíam. Deus, ele estava velho.

Ele piscou enquanto olhava ao redor, piscando com a luz cinza e turva que vinha de uma pequena janela em um canto distante da sala. As persianas estavam meio abertas, mas não parecia fazer muita diferença, com vários pedaços do plástico branco faltando e a estrutura precisava de um concerto, fazendo-a cair para um lado. Persianas de merda. Louis queria puxá-las e assisti-las desabando no chão, mas...

Mas talvez aquilo fosse rude, não é mesmo. Considerando que aquele apartamento não era dele. Considerando que seu amigo o deixava ficar ali sempre que quisesse.

Bem... 'Amigo'. Anthony trabalhava no mesmo pub que Louis. Às vezes eles bebiam e fumavam juntos e às vezes eles riam de si mesmo em momentos infortúnios, mas eles nunca conversavam de verdade e sempre eram cautelosos um com o outro. Mas, de certo modo, Louis o considerava um amigo. Ele tinha sorte de ter aquela pessoa em sua vida, considerando que ele havia parado de alugar apartamentos meses atrás. Ele nunca se lembrava de pagar o aluguel, esse era o problema. Ou ele nunca tinha dinheiro porque ficava desperdiçando-o com coisas inúteis. Tanto faz.

Viver era difícil.

Mas, de qualquer forma, ele precisava se levantar. Dormir em sofás de amigos era legal e tudo, mas aquele era um grande dia para Louis Tomlinson. Ele tinha um Harry Styles para conquistar. E ele teria que se dedicar se quisesse que aquilo desse certo. Porque, não, ele não iria desistir tão fácil. Só porque ele não havia se deparado com alguém tão resistente em tanto tempo, aquilo não significava que Louis não iria lutar.

Não. Aquilo era apenas o começo.

Com um suspiro que ele descreveu como mais determinado do que exausto, ele se levantou do sofá, enfiando seus pés sujos e doloridos em seus vans encardidos, os quais ele havia deixado junto com sua jaqueta. Rapaz esperto. Ao lado deles, no chão, estava uma cópia de A Redoma de Vidro, de Sylva Plath, meio-aberta e virada para baixo. Louis havia tentado ler na noite anterior, quando chegou do trabalho e com o eco da gritaria e guitarras elétricas soando no fundo de sua cabeça. Às vezes, ele gostava de substituir o barulho pelas palavras. Mas as palavras não o distraíram aquela noite e ele deixou o livro de lado, se virando e adormecendo.

Não era nem um pouco surpreendente, na verdade. Ele estava tentando ler aquele livro fazia cerca de um ano. Só Deus sabe por que, mas Anthony tinha uma cópia dele desde que Louis o conhecia — apesar de Louis nunca ter visto Anthony ler um panfleto, deixando tudo jogado em um canto — e, toda vez que Louis estava ali, ele tentava ler outra página. Mas havia alguma coisa naquilo, alguma coisa sobre a aridez, a distância, a realidade ou a irrealidade que faziam com que Louis quisesse parar de ler. Ele gostava, mas...

Mas ele nunca terminava livros, afinal. Não era estranho? Louis nunca havia terminado um livro antes. Ele gostava de ler, sinceramente, mas sempre que ele se aproximava dos capítulos finais e tudo estava prestes a acabar, ele parava.

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