Loba Negra Alfa - Cap 3

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Me sento abaixo de uma árvore me protegendo do raios solares, que hoje estão muito fortes. Minha mente me leva ao incidente que aconteceu há semanas atrás.

Foi como um dos meus piores pesadelos. Eu estava andando por aquela perpétua estrada tenebrosa, acompanhada pela densa escuridão da noite. No céu não havia nenhuma estrela, deixando tudo mais triste. O tão silencio da noite fora substituído pelo barulho das gotas da chuva que se chocava contra aquele solo barroso. O frio aumentava conforme cada passo que eu dava. Eu sentia que algo daria errado. E foi ai que um homem surgiu bem na minha frente.

Era pálido, seus cabelos lisos e negros na altura dos ombros estavam enxarcados. Em seu rosto havia linhas de expressões marcadas pelo passar do tempo revelando ser velho, e uma barba tamanha mediana toda bagunçada. Seus olhos eram todos pretos assim como a noite. Seus lábios eram finos e seus dentes desalinhados e tortos. Ele usava um tipo de capa preta com uma caveira desenhada no pano.

Perguntei se ele queria algo, mas ele não disse nada, ofereci ajuda, fui gentil e humilde mas ele simplesmente começou a gargalhar. Uma rizada tenebrosa e assustadora. Eu recuei um passo. Perguntei se ele queria algo, mas ele simplesmente avançou contra mim e me acertou com um soco em meu estômago, seguido de outro em meu rosto que me fez cair.

Pude sentir o sangue que escorria por meus lábios enquanto permanecia naquele solo molhado e cheio de barro. Foi ai então que eu percebi, que se eu quiser mudar o mundo e ajudar as pessoas eu preciso saber me defender e machucar aos outros também. Meu corpo se regenera e eu me levanto. E é só ai que eu percebo, que eu me lembro desses dentes desalinhados e tortos, desses olhos demoníacos, dessa face, me lembro dele.

Ele é o meu pai. Ele matou minha mãe. A raiva e o ódio se misturam com a tristeza que se alastra por todo meu corpo. O ódio se torna tão intenso que eu perco a noção do que faço. E agora para mim não existe mais céu nem terra, não existe chuva nem o frio, não há arvores nem uma estrada, apenas eu e meu pai.

Minha vista escurece e é como de alguém agisse por mim. Eu só recupero os sentidos quando eu vejo meu pai caído abaixo de minha espada enfincada em seu peito, quando seu coração bate uma última vez, e quando ele solta seu último suspiro. Foi só depois que os olhos dele se fecharam que eu percebi que tirei uma vida. Eu caio ajoelhada e as lágrimas escorriam por minha face.

Eu gritava e chorava intensamente. Não acreditei que havia matado alguém, mesmo que esse alguém seja quem matou minha mãe. Enquanto as lágrimas escorriam eu vi. Vi que não tive culpa. Ele me obrigou a mata-lo, e ele merecia a morte. Ele não era digno da vida. Enxuguei minhas lágrimas e me reergui. Olhei para o corpo sem vida no chão, e pensei: "É agora que começa minha busca pelo mundo melhor".

Eu não sei se o que eu fiz foi certo, mas não ligo. Eu vinguei a morte de minha mãe e isso é o que importa. Foi difícil aceitar o fato de que matei alguém. Meu pai pode ter sido bem difícil de matar por ele ser um Demônio, mas a raiva me tornou incrivelmente bem mais forte que ele, e agradeço muito por isso. Agradeço por ele ter aparecido àquela noite, pois eu só me tornei mais forte.

A Batalha da Existência (Volume 01)Onde histórias criam vida. Descubra agora