Capítulo V · Rebelião

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Ainda passámos um grande sozinhos antes dos outros chegarem. Mal deram conta que Amelia estava ao meu lado, com um sorriso rasgado, ficaram todos boquiabertos. Se não fosse Sandra provavelmente ninguém naquela sala lhe iria dirigir a palavra. A ruiva ajeitou o seu cabelo ligeiramente ondulado para trás da orelha, e perguntou:

- Ao menos tens alguma explicação pelo teu atraso, baixinha?

- A Facção de Libra está com problemas no transporte, então eu tive que vir a pé até aqui. Tentei não chegar muito atrasada, mas parece que falhei. - Retorquiu, usando um tom triste, mas confiante.

- Qualquer das formas - Comecei eu. - Agora que Amelia chegou podemos ir embora.

- Phael tem razão - Afirmou Spencer, com um sorriso. - Quanto mais tempo ficarmos aqui pior será.

O plano era simples, entrar dentro da Central do Regime. Caso conseguíssemos fazê-lo o objectivo final consistia em matar Jaden Scott, o ditador. Por mais ambicioso que o plano soasse, demos conta que não era impossível, mas não deixaria de ser difícil. O único problema era entrar sem ninguém dar conta.

Existe uma entrada para o Regime na estação de transporte . É por lá que os ministros e o pessoal de escritório entram. No entanto, essa entrada é rigorosamente protegida contra possíveis ataques, pelo que descartámos a ideia de entrar por lá logo no início.

Felizmente acabámos mais tarde por ficar a saber que a maioria do staff da equipa segurança e de limpeza pertence à Facção de Gémeos. Isso significa que algures no seu território existe uma entrada menos vigiada para a Central. Não sabia bem, no entanto, como é que quatro pessoas iam atravessar as fronteiras sem levantarem suspeitas, por isso decidi perguntar ao grupo.

- Já alguém sabe como é que entramos em Gémeos?

- Podíamos passar a fronteira a pé, mas íamos demorar muito tempo. - Pensou Brad.

- Acho que era melhor se usássemos as placas de teletransporte. - Sugeriu Spencer.

- Nós os quatro, de Facções diferentes, a usar as placas ao mesmo tempo? Já agora queres levar uma bandeirinha com "Rebelião" escrito nela? - Um tom de sarcasmo foi usado, mas já era totalmente previsível vindo de Sandra.

- E se fôssemos um por um? - Sugeriu Amelia. - Um de nós vai primeiro, vê se é seguro, arranja alguém que nos ajude e depois vão os outros.

- Isso era tudo muito espantoso se os Gémeos não fossem conhecidos como um signo traidor, querida. - Contrapôs a ruiva.

- Vamos ter que fazer um voto de confiança nessa pessoa. Não temos outra forma de entrar na Central, minha. - Spencer defendeu Amelia de uma forma impecável, como se já estivesse á espera que Sandra fosse ficar contra ela.

- Qualquer das formas, um de nós terá de se voluntariar para ser o primeiro. - Disse eu.

Para meu espanto ninguém se pronunciou, nem mesmo Brad, que se orgulhava de ser um herói corajoso. Estava cheio de medo de partir para Gémeos sozinho, mas pareceu-me evidente que, mesmo que esperasse mais tempo, o silêncio manter-se-ia igual.

- Eu vou, eu não me importo de ser o primeiro.

- Não me parece ser a decisão mais acertada. - Afirmou Brad. - Afinal de contas tu és o mais novo do nosso grupo, o mais despreparado para se defender em situação de crise.

-Ao menos teve a coragem para se oferecer. Quanto a ti mativeste-te calado. - Atacou Sandra.

Por momentos uma ligeira tensão percorreu o grupo, mas Sandra não estava errada. Podia de facto ser o mais novo e o mais fraco, mas tentei na mesma.

-Eu acho que não é, de todo, uma má ideia, pequenino e magrinho como ele é, irá certamente passar despercebido. - Acrescentou Amelia.

Por mais desconforto que esta decisão provocasse no grupo ninguém se opôs. Começámos todos por sair da sala, um por um, em silêncio. Antes de sair, consegui pegar no dossiê que estava a ler antes de ser interrompido por Amelia sem ninguém dar conta. Estava curioso para saber a história da outra rebelião.

Chegámos à estação de transporte. Era uma sala enorme, cheia de portões que davam acesso às respectivas placas de teletransporte. Eram doze no total, uma por Facção e mais uma no centro, este tinha um portão dourado que levava os tais ministros até à Central. Até agora não tinha dado conta que eram raras as pessoas que frequentavam a estação, mas sinceramente isso até funciona a nosso favor.

Finalmente estava prestes a pisar a placa de Gémeos. Toda a gente se despediu com um "adeus", ou um simples toque no ombro, mas Brad não. Brad abraçou-me como se não me fosse ver nunca mais.

- Ai de ti que não voltes Phael. Ai de ti. Preciso demasiado da tua presença na minha vida.

- Eu volto, não te preocupes. - Respondi com um tom sereno, mas por dentro estava a morrer de nervos.

Dei mais dois passos em frente depois de me desfazer do abraço de Brad. E só me lembro de ver alguma coisa quando aterrei na nova Facção.

A Guerra do ZodíacoOnde histórias criam vida. Descubra agora