Capítulo XVI · Alvo

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    Através dos vidros floreados que também decoravam a portada conseguia ver  Jaden, o grande ditador, em pé, com uma expressão facial neutra mas com os seus olhos demasiado expressivos. Como se estivessem a pensar em algo. Algo mau.

    Estava vestido a rigor com um fato azul escuro. Era irónico no entanto estar vestido daquela forma, sendo que nunca ninguém teve a oportunidade de o ver, nem mesmo o seu povo. Nunca percebi o porquê da sua atitude. Talvez fosse tímido, talvez se achasse superior. Qualquer das formas usava o seu fato, e usava-o com toda a graciosidade.

    Eu estava escondido atrás da porta, agachado. Conseguia sentir a arma a pressionar-me as costas, talvez a dar sinal para a usar. Só estava à espera que o ditador se pusesse de costas, era tudo o que eu precisava para avançar. A partir daí o plano era entrar e concluir o meu objectivo, puxar o gatilho contra a cabeça dele. Acabar com o seu reinado.

    Quando, há coisa de sete meses, decidimos que iríamos matar o ditador, eu fiquei bastante confuso com a ideia. Será que isso seria o suficiente para sermos livres? Será que ia resolver todos os problemas? Ninguém dos seis me soube responder, todos olharam para mim, parvos, a ponderar uma resposta. Agora, tudo o que me passava pela cabeça era a resposta. Não.

    Qualquer das formas, Jaden virou-se então de costas. Tornando-se um alvo fácil. Levantei-me, abri uma das portas, e comecei a andar em direção a ele, espantado pelo mesmo não dar conta da minha presença. Continuei a andar até ter uma distância segura para disparar, eu não queria falhar o alvo, e quando a ganhei agarrei logo na arma.

    Essa era pesada. De metal mas com o coldre preto, a pistola não deveria ter mais que vinte centímetros. Desativei o botão de segurança e pus o dedo indicador no gatilho. Uma descarga de adrenalina percorreu o meu corpo. Contei até três na minha cabeça, um...dois... três. Disparei.

    Nada saiu da minha arma, nem mesmo pólvora seca. Do outro lado da sala Jaden batia palmas, rindo. Virou-se para mim e falou.

    – Bem-vindo Phaelix, não estava de todo à espera que chegasses até aqui. Parece que a teimosia é de família. Estás com problemas com o teu brinquedo? – Lançou um riso cínico e virou a cara para um canto escuro. – Querida, fazes o favor de lhe tirar aquilo da mão antes que ele se magoe, por favor?

    Do canto escuro saiu então uma pessoa. Senti que era uma mulher quando se encostou a mim. Agarrou me na arma, e aí consegui ver as suas unhas pintadas de preto. Pareceu-me ser familiar, mas só tive a certeza absoluta quando ela falou:

    – Isto é tudo pelo bem do Regime, Phael. Não tenho nada contra ti, a sério que não, mas não podias continuar com o teu plano estúpido. Tu e o nosso grupo.

    Não consegui responder, todo o meu corpo congelou e eu fiquei em silêncio. Lágrimas de desespero correram o meu rosto, embaçando-me a vista. Do outro lado da sala Jaden continuava-se a rir, e foi aí que se aproximou de  mim.

    Foi nela em quem eu mais confiei, mesmo tendo as suas divergências com o grupo. Sempre mostrou força de carácter, e talvez fosse por isso que se revoltou contra nós. É por causa dela que o nosso plano acabou, tudo culpa dela. E minha.

A Guerra do ZodíacoOnde histórias criam vida. Descubra agora