Capítulo XI · Amor

86 39 4
                                    

    Quando acordei já estávamos na manhã do dia seguinte. Dei conta de estar a lacrimejar, mas não entendi porquê.

    Tinha adormecido com Brad, fizemos uma espécie de conchinha, não num sentido romântico, mas sim num sentido paternal, que era tudo o que ele podia representar para mim.

    Tudo o que pude imaginar foi o risinho amargo de Sandra. "Estão a fazer conchinha e ainda dizes que não namoram". E não, não podíamos namorar, seria demasiado estranho. Mas confesso que a ideia já me passou pela cabeça. Algo na figura paternal que Brad representava o tornava atraente, não consigo explicar o quê.

    – Bom dia Phael. – Sussurrou Brad ao meu ouvido, de uma maneira tão gentil que me fez corar.

    – Bom dia Brad.

    – Provavelmente tenho que sair de cima de ti. – Afirmou, fazendo-me rir.

    – Por mais estranho que isso soe meu, é melhor. Saímos daqui a quinze minutos, temos de entrar na central quando houver a mudança de turno, e isso acontece daqui a uma hora. – Afirmou Spencer, um pouco embaraçado, mas não tanto como eu.

    Ambos nos levantámos, lentamente, aproveitando o calor da nossa cama. Vestimo-nos, pus o meu cartão dentro da mochila e tive de deixar a Katana para trás, decerto os seguranças não me iram deixar passar com aquilo. Depressa nos juntámos aos outros quatro membros do grupo, ainda um pouco ensonados. A mudança de turno acontecia cedo, e não podíamos perdê-la. Saímos de casa e fomos lentamente pelas ruelas até encontrarmos os portais, ficámos escondidos até ver a manada de Leões e Gémeos a ir de encontro à Central.

    Maggie explicou-nos que a Central ainda ficava um pouco longe dali. Ouviu-se rumores de um comboio que iria ser montado para transportar mais rapidamente os trabalhadores, mas nunca nada disso foi construído.

    – Já chegaram. – Declarou Amelia, num tom aborrecido.

    Corremos então para entrar na fila. Mesmo no turno da manhã, a quantidade de pessoas ainda era considerável. Era estranho pensar que numa ditadura era preciso tanta gente para a fazer funcionar.

    Ficámos todos juntos desta vez, de modo a não nos perdermos de vista.

    – É agora que a aventura começa. – Constatou Brad.

    – As nossas vidas nunca mais vão ser as mesmas. – Continuei eu, ansioso.

    Entrar na Rebelião talvez fosse das melhores coisas da minha vida. Não vejo o que seria mais agradável do que lutar por aquilo que acredito, e conseguir vencer.

    Coisa de meia-hora e chegámos à Central. Quase instantaneamente as pessoas dividiram-se duas a duas para caber na fila de picar o cartão, assim sendo,  também nós nos separámos. Era para ter ficado com Brad, mas Amelia pediu para ficar comigo, e eu não a contrariei.

    Agora divididos em pares a fila mexia-se depressa. Via pessoas a entrar para dentro de uma porta, mas não conseguia perceber o que estava além dela. Esperava não me perder.

    – Ainda queres saber o porquê de termos parado de rir quando tu e Sandra chegaram? – Perguntou ela, mexendo no cabelo negro suavemente e interrompendo os meus pensamentos.

    – Claro que sim, tu própria disseste que me explica as depois.

    – Tudo começou enquanto estávamos à tua espera na Estação. – E demos um passo em frente. – Estávamos a falar sobre o grupo, e acho que ela quis ter piada, mas acabou por revelar mais da vossa vida pessoal do que devia. – Dei conta das pupilas dela aumentarem ligeiramente.

    – Vossa? O que é que ficaram a saber ao certo? – Inquiri, agora um pouco ansioso para saber o que se passava.

    – Vossa sim, tu e Brad. Sandra disse-nos que ele gosta de ti Phael, e ele nunca chegou a desmentir. Era por isso  que nós estávamos a rir ontem.

    – A Sandra disse isso? – Repeti, um pouco magoado.

    – Silêncio! Silêncio! – Ordenou um fiscal, á medida que nos aproximávamos do leitor de cartões.

    Fiquei confuso e ainda mais ansioso com a informação que acabei de receber, mas não tive tempo de a processar. Quando dei conta tanto eu como Amelia tínhamos de passar o nosso cartão, ambos funcionaram sem problemas felizmente.

    Entrámos dentro da porta misteriosa da central. Esta conduzia a um corredor escuro que por sua vez levava a um vasto vestiário. Tanto homens como mulheres se estavam a vestir sem problemas no mesmo sítio, pelo que devia ser unisexo. Ficámos a um canto.

    – Os outros? – Questionou Amelia.

    – Não sei, mas temos de esperar por eles. – Respondi.

A Guerra do ZodíacoOnde histórias criam vida. Descubra agora