Capítulo XX · Geração

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    – Fiquei espantado por não me reconheceres. Nem mesmo neste retrato. – Eu fiquei mudo, nervoso e confuso com o que iria ser dito. – Eu sou um dos filhos legítimos de Maxwell Graves, e tu sabes muito bem que o meu nome não é Jaden.

    O ditador moveu-se subtilmente até ao seu suposto retrato. Tocou nas extremidades, a moldura de ouro, e depois a sua mão foi até ao fim da mesma. Arrancou uma lapela e dessa saiu uma pequena medalha, uma legenda. Wyatt Graves, lia-se perfeitamente naquela medalha nada gasta. Eu fiquei perplexo. Tudo desabou para mim.

    – Eu mudei o meu nome, pelo menos dei a pensar isso ao povo, como forma de me não ser reconhecido, nem por ti, nem pelo teu amigo. – Fez uma pausa e olhou-me diretamente nos olhos. – A grande família Graves morreu no dia em que te entreguei. No dia em que desisti de ti.

    – Tu mataste a minha mãe. – Vocalizei o mais lento que pude, pois a minha cabeça não conseguia pensar de outra forma.

    – Phaelix tenta entender, eu não tinha outra escolha. – Fez uma expressão quase como se tivesse triste, mas pouco me preocupei.

    – Tu mataste a minha mãe porque não pensava da mesma forma que tu! Covarde! – Uma lágrima caiu-me do rosto, mas continuei. – Toda a minha infância pensei que fosses um exemplo de ser humano que a terra tinha levado cedo demais. Afinal quem me dera que nem tivesses nascido!

    – Não tens de te preocupar mais com a minha existência, eu não duro muito mais. Odeia-me o quanto quiseres, mas não tens outra escolha senão aceitar que pertences à nossa família, e que o trono te pertence.

    – Eu não quero merda de cargo nenhum! Eu não quero nada vindo de ti! Tu metes-me nojo. – Tirei do bolso o colar de Wyatt, agora o Ditador, e atirei-o contra ele. Acertei-lhe em cheio na cara. Ele quase que não reagiu.

    – Ao negares aquilo que é teu por direito, Phaelix, não tenho outra escolha senão ensinar que aqui não existe margem para escolha. - Contrastando com as suas expressões neutras, agora era visível que estava zangado e furioso. – Já que nunca tive a chance de te por de castigo, vou fazê-lo agora. Vais para ao pé dos teus amigos, o tempo suficiente até que mudes de ideias.

    Começou a andar em direção às saída da galeria. Eu segui-o, mas ainda botei uma segunda vista de olhos ao espólio da família Graves, agora minha família também. Debaixo da figura de Wyatt, meu tio e o ditador, e Kimberly, minha mãe que se rebelou, estava eu. Mas eu não estava sozinho, ao lado do meu retrato, que não existia, estava uma segunda moldura vazia. Questionei o que significava, mas não o podia fazer em alta voz, sendo que o ditador estava a poucos dias de me mandar matar.

    Ficámos então no corredor, ele um pouco afastado de mim a olhar para o seu relógio. Pensei que tivesse tempo para digerir toda esta informação, mas ele acabou por interromper o meu raciocínio.

    – Sabes o porquê do teu nome? – Perguntou.

    – Não. – Respondi friamente.

    – Phaelix, ou normalmente chamado Phael, na antiga Grécia simbolizava o anjo da morte. – Lançou um sorriso. – Não a própria morte, mas sim o seu oposto. Esse anjo dava vida às almas inocentes levadas cedo demais.

    – Não entendo o simbolismo, Wyatt.

    – É uma homenagem à tua mãe, e a toda a ditadura. Tu representas a nova geração, uma nova ideologia política. Eu não quero que tu sejas ditador como eu, eu só quero que os valores que eu te passei se mantenham no governo. Pensa nisso.

    – Eu não posso...

    Antes que pudesse continuar a minha frase, fui atingido com um objecto cilíndrico e frio, provavelmente uma estaca de metal. Perdi a consciência na hora.

A Guerra do ZodíacoOnde histórias criam vida. Descubra agora