Epílogo

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    Não me lembro de nada, e quando acordei já estava numa cela fria, podre e escura. Dei por mim a pensar em tudo, desde que me juntei à rebelião.

    Comecei sozinho e acabei sozinho. Tantos foram os ideais que criámos, tantos foram os planos. Mas talvez Sandra tenha razão, talvez os planos têm um valor relativo, bastam pequenos pormenores para arruinar tudo. A minha história de vida foi o pequeno pormenor.

    Tudo o que Wyatt me disse era difícil demais para processar de uma vez só. Eu sou o herdeiro legítimo da ditadura, a mesma ditadura à qual eu me rebelei, eu e os meus outros três companheiros. Três. Amelia traiu-nos. Mas felizmente ganhámos mais dois membros, Abigail e Mike, este último que pelos vistos sabe mais do que conta.

    Qualquer das formas voltei a pensar na minha família. Talvez eu devesse abandonar o grupo e assumir o trono. Talvez fosse esse o último e maior plano da rebelião. Subir ao trono e destruir a coroa. Agora era tarde, já tinha deixado uma má impressão em Wyatt, por outro lado este não vai ser o nosso último encontro. Agora eu tinha um motivo para me vingar de tudo, a morte da minha mãe.

    A vontade imensa em sair dali fez-me deixar a contemplação. Decidi espreitar para lá das barras de metal, mas tudo estava negro e cheirava ainda pior, pelo que desisti. Estava preso, sem noção de nada, nem de tempo, nem da presença de alguém além de mim aqui. Estou pronto para morrer, a menos que conseguisse falar com Wyatt uma última vez, só não sei como.

    Deitei-me no chão, talvez conseguisse adormecer finalmente, já à dias que não pegava no sono, mas para meu descontentamento ouvi alguém bater na parede, e logo depois ouvi-a sussurrar para mim.

    – Está alguém aí? Consigo ouvir alguém aí. Fala comigo, estou sozinha, os meus amigos morreram todos. – Disse a voz, meio triste. Reconheci-a logo, fiquei radiante por estar viva.

A Guerra do ZodíacoOnde histórias criam vida. Descubra agora