Capítulo VIII · Silêncio

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    Estava Maggie ligeiramente á nossa frente, a guiar-nos pela Facção. Gémeos é, com toda a certeza deprimente, com as suas casas escuras e um silêncio assustador, mas nada disso era pior que viver numa ditadura. E era nosso dever destruí-la.

    Por entre as ruelas estreitas demorámos dez minutos até chegar a casa dela. Entrámos todos, um por um, porque a porta era pequena. Fizemos um círculo na sua sala , quase como num culto. Foi aí que decidi perguntar alguma coisa.

    – Porque é que pararam de rir quando eu e Sandra chegámos?

    Ninguém respondeu, tudo o que se conseguiu ouvir foi um pingar intermitente da torneira da cozinha. E assim permaneceu o silêncio, até que Amelia o interrompeu.

    – Vamos então formar um plano ou não?

    – Vamos pois! – Entusiasmou-se Maggie.

    – Temos que entrar na Central sem chamar à atenção. Talvez quando houver uma nova mudança de turno. – Sugeriu Brad.

    – E a entrada não deverá ter medidas de segurança? Afinal de contas estamos a falar do centro de operações do Regime. – Perguntou Spencer, desconfiado.

    – Sempre teve. – Respondeu a loura. – São precisos cartões de trabalhador para entrar ao trabalho.

    – E como é que vamos arranjar isso? – Inquiriu Brad.

    – Eu tenho um cartão. – Maggie não mencionou o irmão ao grupo, mas tanto eu como ela sabíamos que era dele que vinha o cartão. – Dá para fazer cópias dele, e eu sei quem as pode fazer.

    – Estou impressionada, os protegidos do Regime têm um mercado negro na sua Facção?  – Exclamou Sandra, com um sorriso sarcástico nos lábios.

    No meio dos nossos risos, Maggie tinha desaparecido por entre o seu corredor, sem dizer palavra ao abalar. Todos ficámos num silêncio contemplativo, apesar da minha enorme vontade de perguntar novamente o porquê de terem parado de rir quando nós chegámos a Gémeos.

    – Eu explico-te depois. – Sussurrou Amelia. – Não te preocupes.

    Se o que ela me queria explicar era o que eu estava a pensar ou não pouco importava agora, pois o arrepio gelado que percorreu a minha espinha teria sido o mesmo. Algo naquele momento parecia forçado, seria a sua simpatia? Não sabia bem responder.

    Pouco tempo passou até Maggie regressar àquela pequena sala. Nos seus braços carregava um plástico retangular, o cartão do irmão. Estendeu as suas mãos e deu-mo, provavelmente porque seria o único que sabia da história dele.

    O nome que constava no cartão era Jackson Denver. Pelos vistos era segurança com acesso nível cinco às instalações, mas o que queria isso dizer não fazia ideia. A fotografia no outro lado impressionou-me. Jackson era magro, novo, com cabelos morenos e quase pálido, exceptuando uma pequena diferença nos lábios era assustadoramente igual à irmã. Maggie reparou na minha expressão incrédula e disse:

    – Sim Phael, somos gémeos, é suposto sermos parecidos.

    Ambos trocámos um sorriso cordial, este só acabou quando o grupo quis saber a história por detrás daquela afirmação. A loura explicou o melhor que pôde, afim de deixar o grupo satisfeito, mas apenas provocou um silêncio mórbido.

    Vendo aquele cenário ficou confusa e tentou mudar de assunto.

    – Vamos então clonar cartões? – Perguntou, com um sorriso estranho.

   Á primeira hesitei, afinal de contas era estanho uma rapariga como ela saber como entrar no Mercado Negro, mas Maggie revelou ser um pouco mais imprevisível do que eu esperava, o que não era de todo um defeito, pelo menos por enquanto.

A Guerra do ZodíacoOnde histórias criam vida. Descubra agora