Amélia chega em casa cansada. O dia foi longo, o movimento arrastado, e ainda assustada com tudo que aconteceu.
Ela, flertou com a morte e não sabia, embora soubesse que Drake não a faria mal.
Como ela tem essa certeza? Não sabe.
O apartamento em que mora, fica há duas horas de ônibus do trabalho. Não é que seja distante, mas na hora do rush, qualquer lugar, por mais perto que seja, se transforma numa viagem para outro Estado ou Município.
Amélia, coloca a bolsa na mesa.
Abre-a e pega seu celular.
Não há mensagens.
A garçonete foi casada por dez anos. Levou uma vida de princesa, até o dia que seu esposo morreu baleado em um assalto. A tristeza a afundou numa amargura colossal.
O apartamento é um kitnet, no centro da cidade do Recife, na rua Sete de Setembro, próximo à Lojas Americanas. No décimo primeiro andar, e da sua janela, consegue ainda ver um pouco do Rio Capibaribe.
Amélia, tem Trina e cinco anos, cabelo afro, rosto redondo e nariz afilado. O semblante é carregado, parece que perdeu a chave do sorriso, em uma das esquinas do Recife.
Depois de um banho caprichado, ela sai e pega na geladeira o que restou da noite passada, para comer.
Hoje, ela não vai assistir nada, nem jornal, novela, filme! Ainda não se recuperou do que aconteceu há cinco dias atrás.
Quando vai seguir para o quarto, alguém bate na porta.
— Lais, estou cansada demais, para escutar mais uma história de desilusão amorosa. — Amélia tem uma amiga que quase todo dia chora em seu ombro por que se apaixona, namora e o cara vai embora.
Porém, que está parado em pé na frente dela, é Drake.
O corredor do andar, está um pouco escuro, mas ele continua parado ali olhando para ela.
— Posso entrar?
Ela demora para responder, mas não está com medo. Apenas não quer ter problemas com a polícia, mas decide deixá-lo entrar.
— Sim, por favor. — Amélia, coloca-se ao lado da porta, deixando Drake passar.
Ele sai das sombras e entra.
— Você quer comer algo? — Pergunta já tendo fechado a porta.
— Não, obrigado. Apenas, desejo saber se você está bem.
Amélia levanta as sobrancelhas, por essa não esperava.
— O-obrigada. Estou bem sim. — Agradece acanhada, sem jeito.
— E desejaria te agradecer pelo que falou, no interrogatório.
Ela novamente surpreende-se com ele. Como sabe o que havia dito?
— Vamos comer algo! Ainda tenho um pouco de comida. — Agora, ela não pergunta, o chama.
— Não, muito obrigado. Já jantei. Preciso apenas ficar aqui até amanhã.
— C-claro. Sem problemas.
Alguém bate na porta novamente.
Drake, que já falava baixo, ficou mudo.
— É sua amiga. — Ele, aponta que vai na direção do quarto.
Amélia, ajeita-se e abre a porta.
— Está com visita? — A vizinha está saltitante.
— Não, por que? — Amélia tenta disfarça a mentira.
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CARNE FRESCA - VOL 1 - (Completo) lançado 20/07/18 - Sem revisão
Horror"Os pais nunca deveriam enterrar seus filhos." Autor desconhecido "A mais perigosa criação do mundo, em qualquer sociedade, é um homem sem nada a perder." Malcom X Viktor Drake, um assassino de aluguel aposentado da matança, e que aos setenta anos...