A festa

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Acordo tarde, com uma vontade de não abandonar a cama. Lembro-me que amanha entrarei na arena, e sinto mais vontade de deixar as cobertas me enrolarem na cama. Lembro também que hoje a noite é o baile do Snow, a festa que se celebra a ultima noites de 23 dos tributos fora da arena, isso não me anima e sinto meus olhos pesarem. Lembro-me então do sorriso de Jace. E isso me lembra que essa noite ele pedira a minha mão. Levanto-me rápido, corro para o banheiro e me arrumo o mais rápido possível. Entro na sala de jantar já quase sem fôlego. Lá entro meu pai, lendo um livro de receitas e minha mãe lendo um sobre caça, inicialmente paro e observo como na minha casa os papeis são invertidos, depois me concentro em meu objetivo : Peeta.
Chego perto dele que está jogando xadrez com Hamitch, que havia chego naquela manha pra festa do presidente.
- Peeta, presta atenção. Se você estragar a minha noite e pego aquele seu jogo estúpido de video game e desço ele pela sua guela a baixo. Ta ouvindo?- digo, praticamente gritando.
- Que agressividade. - ele diz em resposta enquanto mexe seu bispo.
- Acredite em mim você ainda não me viu agressiva.- digo
- Mira, moro com você a 11 anos e em 80% do tempo você é agressiva- diz Peeta- mamãe diz que é por que você está "naqueles dias" quando grita comigo. Você tá?
- Não! - grito irritada - Mãe como pode dizer isso pra ele? - olho para minha mãe que abaixa o livro.
- Mira ele nem sabe o que é "naqueles dias" - ela diz calmamente.
- E o que é? - pergunta Peeta por trás de mim.
Meu pai e Hamitch trocam olhares e riem.
- Acredite, você não vai querer descobrir. - diz meu pai em meio a risadas.
Saio da sala sem nem mesmo ter comprimentado Hamitch, nem me despedi de ninguém. Vou rumo ao elevador que abre antes de mim ter o chamado. De lá saem formas coloridas, Flavius, Vênia e Octávia.
Eles me comprimentam com um beijo na bochecha e um abraço muito apertado. Levo-os para meu quarto. Lá eles começam a me arrumar. Flavius corta as pontas do meu cabelo enquanto Octávia depila os poucos pelos que cresceram em minha perna. Vênia faz minha unha enquanto comenta comigo sobre vestidos de noiva, em certo momento da conversa ela para e me olha surpresa.
- Você sabe! - ela exclama dramaticamente.
- Shhh - digo bem baixo - sei que não devia saber mas descobri sem querer mas não contem a ninguém que eu sei.
Os três deram risinhos. E agiram como se soubessem a fofoca do momento e não contariam para ninguém, pelo menos eu esperava que não contassem.
Depois que Flavius arrumar meu cabelos em cachos mais que definidos, de Vênia tirar alguns fios da minha sobrancelha e de Octávia tirar qualquer evidência de pelo do meu corpo deixando apenas meu cabelo e sobrancelha, minha mãe entra na sala com um cabide em mãos, mas a roupa escondida por trás de um pano preto que cobria o "conteúdo" que o cabide levava.
- O que é isso?- pergunto.
- Seu vestido - ela reponde enquanto prende o cabide na porta do closet.
- Posso vê-lo - digo educadamente.
- Flavius, Octávia , Vênia poderiam me dar licença. - diz minha mãe.
- Até a noite Mira.- dizem os três em uníssono.
- Eles sabem que você sabe?- minha mãe pergunta num sussurro.
Aceno a cabeça em afirmativo. Nesse momento eu estou mais interessada no vestido do que em conversar com minha mãe.
- E o vestido ... - digo já impaciente.
- Eu demorei para te mostrar por que estava o reformando. Espero que ache que os messes que passei costurando tenham valido a pena. - ela puxa o pano preto e um vestido branco de renda aparece. O vestido é simples, é todo branco não é muito rodado e tem mangas longas. Eu o reconheço.
- É o seu vestido de noiva- digo.
Ela acena em afirmação percebo que tem águas nos olhos.
- Meu objetivo era de você usa-lo no dia do seu noivado. Mas acho que seria bom usa-lo hoje.
-Mamãe- digo quase chorando - por que você está me dando?
- Mira, pra que eu vô querer um vestido de noiva? Estou muito bem casada, e outra você é a minha menininha e - ela pausa e deixa uma lagrima escorrer - e quero que o use hoje.
Ela me abraça.
- Caso eu não saia da arena...- começo a dizer e minha mãe me corta
- Você VAI sair da arena - ela fala em voz de bronca.
Choramos um pouco. E nos lembramos da hora.
- Eu te ajudo a vestir o vestido- diz minha mãe.
Me visto e olho no espelho.
- Ficou perfeito- digo, o branco equilibrasse com a minha maquiagem colorida, os cachos do cabelo estão caindo sobre meus ombros.
- Jace é um cara de sorte- diz meu pai que entrou pela porta silenciosamente- mas admitam eu tenho muito mais sorte.
- Por que? - pergunta minha mãe.
- Ele pode se casar com a Mira, mas ela sempre será a minha amorinha. - ele responde - e eu tenho 2 coisas que ele nunca terá: Katniss Everdeen e uma incrível habilidade na cozinha. - todos riem
- Por isso é maravilhoso vocês morarem pertinho. -digo.
- Por ser sempre minha amorinha ou por eu saber cozinhar? - ele me pergunta
- os 2 - respondo
- Vamos se não vamos no atrasar pra grande noite da Mira.
Chego na mansão de Snow onde acontece a festa. Estive ali apenas 2 vezes, em 2 festas como a que eu estava agora. Peeta não veio, Graças a Deus e de acordo com meus pais não tem idade pra essas festas. Quando chego recebo flashs na minha direção, mas minha atenção não vai para os repórteres que gritam meu nome. Me despeço de meus pais e vou rumo a multidão da festa. Ao entrar vejo o tributo masculino do 2 cantando uma garota da capital. Alguns tributos de outros distritos rodeiam a mesa do jantar, eles comem sem parar o que vêem pela frente. Outros tributos dançam alegremente na pista. Eles mal pensam no fato de que amanha a essa hora muitos deles estarão mortos.
Procuro Jace através da multidão. Vejo os cabelos dum loiro que sei que é de Jace. Vou ao encontro do dono dos cabelos e como imaginava era Jace cercado de pessoas, quem sabe mostrando meu anel. Quando me aproximo mais, e as pessoas que o cercam reparam em mim afastam abrindo caminho. Quando chego perto dele, fujo dos meus planos de chegar de mansinho e pulo em seus braços. Desta vez eu o beijo, um beijo que por mim duraria por toda a eternidade. Jace me põe no chão sem separar seus lábios dos meus, põe suas mãos no meu rosto que praticamente é escondido pela suas grandes e fortes mãos, mãos de um hábil atirador de facas. O ar se faz necessário e nos separamos.
- Jace - digo ainda sem fôlego.
Ele apenas sorri, enfia a mão dentro do paletó e de lá tira uma rosa roxa. E encaixa ela em meus cabelos. Espero ansiosamente ele repetir o gesto de pegar algo do paletó ou dos bolsos. Mas ele não faz. Fica um silencio, como se todo a festa ficasse quieta. Jace respira fundo e diz:
Você quer dançar ? - ele me pergunta casualmente.
Parece que todos ao nosso redor voltam a falar, como se nada tivesse acontecido, porque nada aconteceu.
Jace me leva para a pista de dança. Nas festas do Snow toca só musica clássica. Jace me conduz, enquanto faz isso olhos no verde azulado de seus olhos e imagino por que não teve coragem de pedir minha mão ainda. Talvez queira mais privacidade ou talvez ache que eu não tenho chance na arena. Começo a ficar desesperada e Jace percebe por que me pergunta:
-Tá tudo bem?
Quero dizer pra ele que não está nada bem, que ele sabe que eu odeio esperar e que fico irritado quando sou a ultima a saber de algo. Mas por um momento de reflexão, vejo que é exatamente por isso que ele não queria que eu soubesse. Me sinto uma idiota.
- Está tudo bem - digo.
- Se for por causa da arena, saiba que todos que te amam acreditam em você. E você sabe como tem muitos que te amam. - ele fala.
Agora penso em meus pais que abandonei na entrada, no Finnick, na Jojo e no Hamitch, penso no meu irmão. Agora vejo que essa é minha ultima noite de "paz" e que em vez de me preocupar em me despedir de quem talvez eu não veja nunca mais, desprezo o meu privilegio de poder ver meus entes queridos por uma ultima vez.
- Você tem razão - digo para Jace - Me de licença saio em procura de meus amigos. O primeiro que acho é Hamitch, ele está perto da mesa de bebidas para variar.
- Hamitch, me desculpe por não te comprimentar hoje a tarde. E quero dizer que vou sentir muito a sua falta nesses dias na arena.
Ele sorri vejo que ele esta bêbado mas ele me diz:
- Isso não é um adeus é um até logo, docinho.
- E você não vai me dar um beijo antes de matar esse monte de covardes na arena?- pergunta Johanna por trás de mim.
-Jojo - eu a abraço forte - vou sentir muito a sua falta.
- Eu vou cuidar de você- ela diz - Fique tranqüila o 7 não vai receber nenhum paraquedas. - ela sussurra
Eu sorrio, o 7 fora da jogada são menos 2.
- Isso não é justo- diz minha mãe que estava por perto e ouviu nossa conversa, espero que ninguém mais tenha ouvido.
- Pensei que quisesse que ela ganhasse. - diz Johanna
- Jogando limpo. - diz minha mãe.
- Katniss é uma matança, e você não venceu jogando limpo. Sra. Amora Cadeado da 74ª ou Sra. Tordo da 75ª. - diz Jojo
Elas riem. E meu pai se junta a elas, mesmo que não sabendo por que riem.
- Essas pessoas da capital me assustam - ele diz finalmente.
Todos começamos a rir, inclusive Hamitch. Jace se aproxima e pede para falar comigo.
Vamos para um jardim dentro da mansão. Minha mãe ja havia comentado alguma coisa sobre esse lugar. Sento-me ao lado de Jace em um banco. Ele arruma a flor em meus cabelos e fala:
- Mira, eu quero saber se...- ele trava parece que não vai dizer mais nada.
- Jace eu acredito em você - digo dando apoio.
- Tudo bem vamos lá - ele diz, respira fundo- você aceitaria ...
Os fogos começam atrapalhando o que Jace ia falar. Snow começa a falar. Me levanto contra minha vontade mas como tributo sou obrigada a ouvir essa baboseira.
Chego e Snow esta falando sobre rebelião. Me posiciono ao lado de Lanc, que ignora minha chegada.
Percebo que muitos falam com Jace e ele movimenta a cabeça em negativa. Minhas chances de me casar estão tão longe e a arena tão perto. Acho melhor me preparar por que como Snow fala agora:
- Que os jogos Vorazes comecem.

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