Capítulo 29

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A voz dele começa a se tornar sem sentido, meu coração bate em um ritmo devagar enquanto meus órgãos trabalham em conjunto para tentar me manter sã e consciente.
Antes que eu apague por pouco um cheiro me desperta.
Gás, o odor é sem sombra de dúvidas gás.

— É melhor encontrarem os dois! Já chega dessa brincadeira de gato e rato!
A voz familiar de Jacob soa, não só ele mas Arnold também  está dando ordens.
Botas pretas e pesadas entram em nosso campo de visão, mesmo com as pequenas aberturas na porta, é possível enxergar o que acontece do outro lado do comodo.
O cheiro de gás se torna mais forte.

— Eles estão no porão —avisa Mason  me erguendo com o máximo de cuidado possível, meu corpo está mole sem rigidez, nasce uma fraqueza que não sei nem o tamanho da distensão sem contestação da causa, e é claro, o fato da dor extrema que se fincou ao meu corpo.
Temos que sair daqui estou pressentido que ficar, seria desastroso.
Ele abre a porta do armário e corre comigo, enquanto gritos são ouvidos de nossos perseguidores, adrenalina e medo se misturam, mas parece que os efeitos do nervosismo de ter minha vida ameaçada não me afetam tanto quanto antes, eu me sinto bêbada, uma bêbada com dor.
O odor forte do gás entra em minhas narinas, fico entre um impasse se o cheiro é real ou não, me pergunto dez vezes se tudo isso não passa de um sonho ou delírio.
Só da tempo de cruzar a porta, sou jogada no chão com força, um grito emana de minha boca inexperiente em ficar calada.
A casa explode como em um turbilhão de chamas, o barulho é grande todos eles se foram, estão mortos, James e está morto, nem acredito que eu pude dizer isso James está morto, pensei de início que sentiria uma alegria  imensa em pronunciar essa frase, mas no momento estou inexpressiva e incapaz de assimilar toda a ação ocorrida horas antes.
Mason me protege o máximo que pode enquanto a casa queima logo atrás a poucos metros de nos, ergo a cabeça só pode ser brincadeira se essa é a melhor hora para pregar peças,  minha mente se superou, pelo menos dessa vez meu subconsciente teve a decência de deixá-la inteira, na verdade ela está tão completa que parece real.

— Está machucada Lilian? —pergunta Agatha se aproximando, ela está igual, roupas grandes demais para o corpo magro, um pouco de foligem no rosto parece tão real.

— Fica longe dela!— então, não é só eu que estou delirando Mason também está, ou pode ser a opção mas improvável ou quase impossível.
Ela está viva, ela não pode estar viva, eu vi ela, vi o caixão ser descido até a cova, não pude ver o corpo porque estava em um estado lamentável coberto de tiros a cada dois centímetros de pele, na verdade eu só fui ao enterro, não queria passar pela tortura de ver os pais da garota sofrerem, esses os pais que eu não fazia ideia de quem eram, Roland e Aida devem estar longe agora, sorte a deles que partiram antes da casa ter sido invadida.

— Você viu Mason? Eu acabei com eles, olha?—viramos a cabeça contemplando a execução em massa dos corpos sendo incinerados, uma verdadeira carnificina— não era isso que você queria desde o início? —ele não responde apenas parece refletir

— Você...vo-vo-cê está.... viva—?pergunto gaguejando, tropeçando em cada palavra, e muito confusa em pensamentos.

— Claro que e eu estou, minha morte era só para despistar eles, venho te acompanhando desde o dia em que "morri" e parabéns Lilian você se superou —ela bate palmas e sorri.
A quanto tempo a Aghata está viva eu não sabia?
Não saber das coisas está me deixando cada vez mas louca, se eu sair daqui viva pode ter certeza que vou dar na cara do Mason,  saber da existência de Agatha teria facilitando e muito minha vida, ainda não creio que ela tenha me manipulado só para alimentar seu amor doentio.

— Lilian você me roubou algo valioso, mas eu vou pegar de volta o que é meu —dito isso ela se aproxima com seus olhos vibrantes e uma das lentes do óculos trincada.

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