Capítulo 2 (A Branca de Neve)

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  ATENÇÃO! É DE SUMA IMPORTÂNCIA OUVIREM A MUSICA INDICADA. ELA VOS DARÁ UMA EXPERIÊNCIA MAIS REALISTA DA CENA. CONFIEM EM MIM.   

Capitulo 2 

Ainda estagnado diante daquela moça, Estêvão se via como um tolo redundante. Apesar de as pernas muito lhe falharem, ele avança em direção à jovem, que todavia não o notara no ambiente. Ela trazia nas duas mãos a sua pasta, com currículos e talvez cartas de recomendações. Estêvão sentia-se como num sonho quando se tenta andar depressa e não se consegue. Era assombroso e perturbador o que ela lhe causava apenas com a sua presença.

Estêvão (com uma voz tremula, porém grave) – Bom dia!

Ela subitamente vira-se para ele, num susto com aquela voz grave e, como não poderia este conto, ser menos clichê, era de se esperar que a pasta caísse ao chão com os papéis espalhados, fazendo-os abaixarem juntos e encontrarem-se num olhar. Ouvir musica: Ed Sheeran. A jovem sentiu palpitações que nunca antes experimentara o seu coração. As pernas tremeram, as mãos começaram a suar e a voz desaparecera. Ficaram ali, abaixadinhos os dois, com os olhos fincados um no outro, hipnotizados com tal raro fenómeno da natureza, pois não é todo dia que o destino consegue juntar as almas que foram criadas uma para a outra, como um cometa que só vem a cada quinze mil anos, ou uma chuva de meteoritos que só se pode ver com aqueles telescópios especiais. A bem dizer: era raro e para poucos. Eles ainda não sabiam, mas já estavam casados de almas e nunca mais pertenceriam à outras pessoas. Não lhes passava nada pela cabeça, nem muito menos imaginavam que se casariam... três vezes, pois aquela donzela que se lhe completava o verde dos olhos é a heroína desta história. Ela é Maria Fernandez Acuña, e futuramente, de San Roman. É triste sabermos a lacuna sangrenta que virá a afastar estas almas, mas é reconfortante também saber que elas são inseparáveis, e que não obstante esperarão uma pela outra, e que não exaustas, viverão uma com a outra ainda que esteja todo o mundo contra. Antes que a voz lhes voltasse ao diafragma, Diana surge para quebrar o cristal que os envolvia petrificados. Ela levanta-se imediatamente e Estêvão acaba de pegar os papéis do chão, quando se ergue, tem de vê-la de baixo para cima, e naquele instante ele tomou conhecimento da sua divindade e que teria sempre de olhar para cima para enxergá-la.

Diana – Vejo que já se conheceram. Meu jovem, esta é Maria Fernandez Acuña. Ela veio fazer uma entrevista para o cargo de secretária. Nos falamos pelo telefone, não foi, querida?

Maria (sem tirar os olhos de Estêvão, diz quase num sussurro) – Sim.

Diana – Bem, então vamos para a entrevista porque ainda há muito que fazer.

Estêvão – Espere, Diana! Eu... eu gostaria de entrevistá-la pessoalmente.

Maria (olha para Diana com receio e volta-se para Estêvão) – Você é dos recursos humanos?

Estêvão (desconcertado por ela não saber que era ele) – Não.

Maria (diz num tom de indignação) – Então não tome o trabalho da senhora.

Diana (rir-se ao ver como era rija a jovem) – É que ele é o dono.

Maria fica envergonhada por ter sido insolente com o seu possível patrão.

Maria (abaixa a cabeça) – Eu lamento, senhor. Não foi a minha intenção. É melhor eu ir embora.

Estêvão (desespera-se com a hipótese de perdê-la e segura-lhe a mão impedindo-a de avançar. Aquele toque de mãos foi como se naquele momento pusessem as alianças. Ele sentira o fogo do amor verdadeiro incendiar-lhe o peito) – Não! Por favor, fique! (Novamente, um silencio toma conta do momento. Estêvão dá-se conta de que a tem segurada na mão e solta-a) Isto é... não há razão para deixar a oportunidade de trabalho passar por um mal entendido.

La Madrastra - A história que não contaramWhere stories live. Discover now