Nora
O seu olhar viaja pela divisão, volto a ocupar o meu lugar na cadeira de madeira e Encaro a toalha de mesa, um silêncio desconfortavel instala-se na cozinha e percebo que fiz merda ao contar a ashton a minha paixão ridícula pelo seu melhor amigo.
-eu já tinha percebido, já há alguns anos que começaste a ficar mais nervosa ao pé dele mas pensei que fosse apenas impressão minha, mas não é.- o rapaz fala num tom cordial e não parece minimamente irritado contudo decido confirmar.
-estás irritado comigo? eu sei que é complicada esta situação, ninguém quer gostar do melhor amigo do irmão, principalmente quando ele tem a importância que tem para ti.- ashton eleva a sua mão de modo a encontrar a minha e envolve-a na sua.
-não estou chateado, não tenho o direito de estar, também já estive apaixonado pela tua melhor amiga, e tu não ficaste chateada, muito pelo contrário, foste a primeira a juntar-nos.- um sorriso cresce nos seus lábios mas rapidamente se desfaz.
-obrigada ashton, apesar de achar que não vai acontecer nada entre mim e o calum, temos de ser honestos ele tem tantas raparigas atrás dele que nunca vai olhar para mim.- desabafo, o meu irmão revira os olhos enquanto coloca uma porção de arroz no prato.
-isso é algo que tens que confirmar com ele, como a mãe me disse uma vez, se não arriscares nunca saberás.- não respondo, imito os seus atos e sirvo-me de comida, ashton começa a divagar sobre o seu teste de álgebra e do ódio que tinha pela professora, preenchendo o jantar com várias gargalhadas e histórias.
Volto a regar a rosa que tinha deixado à duas noites atrás, estava com bom aspecto, apesar de estar levemente seca a sua cor vermelha mantinha-se, tal como o seu belo perfume, que envolve todo o espaço onde se encontra a lápide da minha mãe, coloco a mão na pedra gelada e observo o céu.
-estou feliz por ter contado ao ashton sobre os sentimentos que nutro pelo calum, não sei quando o vou confrontar, mas sei que tenho que o fazer, apesar de não falares comigo eu sei que tipo de concelho me darias mãe, e acredita desta vez vou mesmo segui-lo.-confesso à minha mãe, retiro o telemóvel do meu bolso e reparo que são 3:15am, solto um suspiro e percebo que estou atrasada, outra vez, agarro na minha mochila e retiro um papel do bolso pequeno, prendo-o na rosa que descansava na campa da minha progenitora e começo a correr até ao parque de estacionamento, penso em todas as desculpas que poderia dar a calum. Consigo avistar o vulto de calum e aproximo-me do moreno, ao contrário do que aconteceu ontem ele não me abraça, apenas se vira para mim e fixa os meus olhos.
-estás atrasada.- o rapaz não parece chateado, muito pelo contrario, parece preocupado.
-desculpa, distraí-me a falar com a minha mãe.- confesso, nenhuma das desculpas que tinha preparado me soavam boas o suficiente para além do mais não consigo mentir ao moreno.
-estás bem?- anuo e sento-me no chão, retiro o caderno e o estojo e abro na página onde tinha começado o retrato da minha paixoneta, o rapaz senta-se à minha frente e começo a desenha-lo, o seu olhar segue todos os meus movimentos, as suas palavras não abandonam a minha mente e sempre que o meu olhar se cruza com o seu contenho a minha vontade de lhe pedir justificações, os movimentos do lápis tornam-se mais rápidos devido ao facto de estar a desenhar o seu cabelo, dou um longo suspiro e pouso o caderno, Encaro o rapaz à minha frente que parece minimamente confuso com a minha reação.
-desculpa, isto esteve o dia todo na minha cabeça, mas porque é que disseste que só agora é que tiveste coragem para falar comigo?- pergunto, os olhos do moreno arreglam-se e este apoia o seu corpo nas mãos que descansam no chão.
-não pensei que fosses capaz de me perguntar isso tão diretamente.- admite, reviro os olhos à sua resposta e este apenas esboça um sorriso. - bem, já há algum tempo que quero conhecer-te melhor, desde que começaste a pensar por ti própria e também ajudou o poema que escreveste para o concurso de artes lá da escola, fiquei intrigado por ti, e depois de conversar com ashton ele disse-me que tu não és rapariga de confiar em qualquer pessoa e isso só me fez pensar que se eu alguma vez tentasse aproximar-me de ti tu me ias dar para trás ou talvez nunca mais querer ver a minha cara.- o moreno solta uma gargalhada baixa e encara o teto.
-então tu não estás apaixonado por mim?- pergunto, os seus olhos castanhos observam-me e por uns míseros segundos parece que calum está prestes a chorar.
- é interessante como amar é algo tão assustador, quer dizer, ensinam-nos durante toda a nossa vida que temos que amar para podermos ser felizes, mas como é que podemos ser felizes se o amor é uma das maiores causas para a tristeza? um coração partido é talvez das piores coisas de sempre, contudo nós amamos e sofremos vezes e vezes sem conta, mas a que custo? só para termos uns anos de felicidade? amar é mau, porque depois a pessoa vai embora e com ela parte um bocado de nós, amar é mau porque nos faz sofrer e eu não quero sofrer, estou farto de sofrer.- vejo uma lágrima a cair dos seus belos olhos castanhos e percebo que o seu brilho característico desapareceu e foi substituído por uma tristeza, atiro o meu caderno para o lado e corro até calum tentando envolver o seu corpo inteiro num abraço o que se torna complicado pois ele é o dobro do meu tamanho, o moreno afasta os nossos corpos e olha-me nos olhos.
-sabes o que é pior que isto tudo? - nego com a cabeça e ele envolve as nossas mãos - o pior é que eu acho que te amo, desde que me deixaste intrigado que não consigo parar de pensar em ti, e foi por isso que falei com o ashton, e quando te ia dizer o que sentia a tua mãe morreu e de repente tu perdeste a luz que tinhas em ti e substituiste-a por dor, e foi aí que decidi que me ia aproximar de ti, que ia combater todos os meus medos e que te ia ajudar, mesmo que isso significasse perder a tua amizade, eu odeio gostar de ti, juro que odeio, porque eu sei que tu nunca olharias para mim, eu sou tão cobiçado que acabo por nunca conseguir ter uma relação porque todas as raparigas acham que eu sou molherengo, mas não sou, eu sou virgem.- riu - é ridiculo como as pessoas nos conseguem destruir a vida só com míseros boatos.
Olho para o rapaz perplexa, a minha cabeça está um turbilhão mas nenhuma palavra é capaz de transmitir o que sinto, por isso decido demonstrar num gesto, beijando os seus lábios sem deixar ao menos que o meu cérebro fosse capaz de processar as minhas ações.
tinhas razão mãe, tenho que desligar o cérebro e ouvir o coração.
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agradecia que se vissem algum erro ortográfico me dissessem, eu dou bastantes e é algo em que tenho que trabalhar! agradeço desde já a quem o fizer ! :)
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3AM || cth
Teen Fiction" [...] Eu não vejo as coisas assim, muito pelo contrário, acho que cada pessoa é especial à sua maneira, que cada um de nós toca em alguém, seja de forma positiva ou não. -Okay, e o nosso propósito? O meu propósito? Qual é?- pergunto, sento-me para...