nora
procuro no meu armário algo decente para usar na saida com calum, apesar de calum passar sempre bastante tempo cá em casa e de já ter passado tempo com ele sozinha sinto-me nervosa para o encontro, porque é um encontro, toda a minha vida sonhei com o meu primeiro encontro amoroso, na verdade nunca tive nenhum, nunca ninguém fez algo romântico por mim e apesar de isso não me afetar no dia a dia sempre pensei no quão bem saberia em ter alguém a preparar algo de propósito para mim, e agora que isso está a acontecer estou com medo, solto um suspiro frustado e oiço michael a gargalhar.
-não te rias caralho estou a entrar em pânico não sei o que vestir.- digo, o rapaz levanta-se da minha cama e passa as mãos pelas minhas roupas espalhadas no armário, os seus movimentos param quando ele agarra numa camisola preta de meia manga, algo simples mas que dava um toque mais requintando a qualquer conjunto de roupa.
-podes sempre usar esta camisola com as tuas calças de ganga, ficam-te bem, quer dizer, ficas com um bom rabo.- o meu melhor amigo fala cordialmente, reviro os olhos e bato-lhe sem força.
-estás a falar do meu rabo porquê? pensava que gostavas do luke e não do meu rabo.- respondo, o rapaz solta uma gargalhada enorme e volta a olhar para mim.
-eu sou bissexual, posso apreciar o teu rabo e o rabo do luke.- o rapaz responde com um sorriso maroto no rosto, reviro os olhos com um sorriso e expulso michael para que eu possa mudar de roupa à vontade, volto a chamar o rapaz quando já me encontro vestida, ele levanta o polegar e elogia as minhas roupas, sorrio com o seu elogio e penteio o cabelo com os dedos, como sempre faço, como é verão decido não me maquilhar, agarro no meu telemóvel e desço as escadas, caminho até à cozinha e preparo um milkshake para não ficar de barriga vazia, procuro pelo pão no armário e quando o encontro retiro uma faca e a manteiga dos seus respetivos lugares, barro um pouco de manteiga no pão e mordo o mesmo enquanto bebo o batido. termino o meu pequeno almoço e vejo Ashton a entrar na cozinha.
-não pensava que vocês iam começar a namorar assim tão rapidamente.- as suas palavras deixam-me desconfortavel e não percebo muito bem porquê.
-nem eu, foi um bocado de surpresa, não estava a contar em contar-lhe, nem ele a contar em contar-me.- sorrio, o meu irmão aproxima-se de mim e beija a minha testa num ato carinhoso.
-eu confio no calum, aliás, eu sei que ele nunca te iria magoar.- as suas palavras confortam o meu coração e lanço-lhe um sorriso acolhedor ao qual ele retribui com um abraço demorado, oiço michael a tossir o que faz com que me separe do meu irmão.
-apesar de vocês serem sibling goals, a nora tem um encontro e o rapaz tocou à campainha três vezes e eu tive que a ir abrir, eu, que nem faço parte da casa, se é assim que tratas o teu namorado nem quero ver como é que tratas os teus inimigos.- solto uma gargalhada e abandono a divisão, caminhi até à porta e abro a mesma, tendo um dislumbre do corpo do calum, nos seus ombros tinha uma t-shirt verde, as suas pernas estavam cobertas por umas calças pretas rasgadas e os seus pés cobertos por umas sapatilhas de corrida, felizmente estavamos ambos casuais, o que me fez sentir mais calma.
-pronta?- anuo e o rapaz entrelaça os nossos dedos encaminhando-me para fora da minha casa, entro no seu carro e aperto o cinto, fecho os olhos e suspiro calmamente, institivamente levo a mão ao pequeno colar que a minha mãe usava antes de morrer, aperto o mesmo contra o meu peito e tento acalmar a minha ansiedade que teima em aparecer sempre que pode.
-estás bem?- o rapaz pergunta quebrando o silêncio ali instalado, a sua mão repousa na minha coxa, coloco a minha por cima da dele e observo a paisagem, as árvores dançam ao som do vento, como se não tivessem preocupações e por uns segundos desejo ser essa brisa, ou até mesmo as árvores que dançam, desejo ser tudo menos aquilo que sou.
-estou bem, é só a minha ansiedade.- respondo, a mão de calum aperta a minha coxa levemente e percebo que é a maneira dele dizer que está aqui para mim, um sorriso nasce nos meus lábios e retribuo o aperto na sua mão.
sinto o carro a parar ao fim de uns minutos de viagem, percebo que nos encontravamos na cidade, e não nos arredores, vejo várias pessoas a andar e muitas delas tinham sorrisos estampados nos rostos, outras apenas caminhavam como se a vida fosse monótona, uma seca, algumas familias eram visiveis a passear e vi várias crianças a brincar no pequeno parque em forma de barco, onde me lembro de brincar mais nova.
-pensei em irmos até ao rio, eu sei que é um dos teus lugares preferidos e apesar de estar cheio de gente achei que ias gostar.- um enorme sorriso aparece no meu rosto e observo o rapaz de olhos arregalados.
-obrigada obrigada obrigada!- repito o que faz calum gargalhar.
-não é nada de mais nora.- a sua voz soa confusa e eu apenas abro a porta do carro e espero que calum se ponha ao meu lado, coisa que faz segundos depois, mas ao contrário do que fez em minha casa, ele não me deu a mão.
-é só que não vou ao rio desde que a minha mãe morreu, não sei bem porquê, acho que é clichê não ir a um sitio onde se costumava ir só porque retem memórias, na verdade odeio quando as pessoas o fazem contudo eu fiz isso durante anos, eu sou ridicula.- confesso entre pequenas gargalhadas, oiço uma gargalhada vinda dos seus lábios e o meu sorriso aumenta.
continuamos o nosso caminho em silêncio, consegui ver o rio lá ao fundo e apressei o passo para que pudesse ter um dislumbre daquele pedaço da natureza, aproximei-me da agua e sentei-me na borda, retirei as minhas sapatilhas e as meias e comecei a por os pés na água, senti o meu corpo arrepiar-se com a diferença de temperaturas mas rapidamente me habituei à sensação, olhei para o lado na esperança de vêr o meu namorado sentando com um risso, mas ao contrário do que eu esperava, ele não estava ao meu lado, olhei para trás e consegui vêr o rapaz rodeado de raparigas da nossa escola, os seus olhos nunca se desviaram para os meus e este dava atenção às raparigas, ignorando-me por completo.
que belo primeiro encontro.
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3AM || cth
Teen Fiction" [...] Eu não vejo as coisas assim, muito pelo contrário, acho que cada pessoa é especial à sua maneira, que cada um de nós toca em alguém, seja de forma positiva ou não. -Okay, e o nosso propósito? O meu propósito? Qual é?- pergunto, sento-me para...