Nora
abro a porta de casa, oiço barulho vindo do quarto de ashton e percebo que ele está com o michael e com o calum, provavelmente a jogar algum jogo, dou passos pequenos até à porta do quarto do meu irmão e giro a maçaneta tendo assim uma visão para o interior da divisão, calum e ashton estavam no chão a olhar para a televisão, michael estava na cama de ashton deitado, o comando da PlayStation 4 estava na sua mão e o outro estava na mão do meu irmão.
-olá ashton era só para saberes que já estou em casa.- o rapaz murmurou algumas palavras que não consegui perceber, olhei para os olhos de calum que me olhavam de volta, encarei o chão e fechei a porta, subo as escadas até ao sótão e ligo o candeeiro que estava no chão, sento-me no chão e encosto a cabeça à parede, solto um suspiro e fecho os olhos.
será que eu fiz merda mesmo antes de ter alguma coisa com o calum? foda-se porque é que eu faço sempre isto? eu saboto-me a mim mesma, caralho porquê?! porque é que eu não me deixo a mim mesma ser feliz? merda para mim, merda para isto.
o meu dedo prende-se na minha boca e mordo-o com toda a força que tenho, em situações de stress comecei a fazer isto e eu tenho a plena noção que não é saudável porque me estou a magoar, mas a verdade é que se não me magoar a mim vou magoar os outros, algumas lágrimas começam a cair-me pela face e sinto-me estupida por estar a chorar por causa de um rapaz, agarro numa vela e atiro-a contra a parede contrária à que serve de meu encosto, rapidamente oiço passos, a porta do meu quarto é aberta numa rapidez chocante, os seus olhos castanhos chocam com os meus, os seus braços tatuados cobrem todo o meu corpo, o rapaz leva-me até à minha cama e senta-me na mesma, os seus braços afastam-se de mim e ele começa a agarrar os pequenos vidros que faziam parte do frasco onde estava a vela com cheiro a limão. O seu olhar vira na minha direção o rapaz caminha em passos apressados e senta-se ao meu lado, voltando a envolver os seus enormes braços no meu corpo.
-desculpa.- consigo que as palavras finalmente viajem até aos seus ouvidos, a minha cabeça repousa no seu ombro e as nossas costas estão encostadas à parede, os seus braços ainda não abandonaram o meu corpo, a sua cabeça descansa apoiada na minha e sinto que o rapaz não se move depois de proferidas as minhas palavras.
-porquê?- sussura, aconchego-me mais nos seus braços e mantenho as minhas pernas encostadas ao meu tronco.
-pelo que fiz esta tarde, eu sei que não devia ter deitado o cigarro ao chão, muito menos pisa-lo, é só que...-interrompo o meu discurso e suspiro.
-o quê? - o rapaz soa curioso, inalo o seu perfume estupidamente bom e fecho os olhos.
-é só que isso te faz mal okay? e eu não quero que fiques doente, com cancro, eu não te quero perder okay calum? eu não te posso perder.- a sua cabeça abandona a minha, as suas mãos largam os meus braços e sinto o moreno a levantar o meu rosto para que possa observar os seus olhos castanhos.
-tu não me vais perder nora, nem mesmo que queiras, não te consigo deixar.- sinto uma lagrima a cair do meu rosto, o moreno limpa-a com o polegar e abraça o meu corpo.
-obrigada.- murmuro contra o seu ombro, percebo que calum tem um sorriso no rosto, afasto os nossos corpos.
-eu tenho uma maneira de reagir ao stress tão negativa que prefiro magoar-me a mim mesma do que a outras pessoas, quando chegaste era isso que eu estava a fazer, a morder o meu polegar.- mostro o meu dedo que esta vergonhosamente marcado pelos meus dentes, o moreno agarra na minha mão e observa-me confuso.
-agora já sabes uma coisa sobre mim.- o rapaz sorri-me de leve mas fixa o seu olhar no meu polegar, os seus dedos dançam pelo local marcado numa tentativa de "apagar" as marcas feitas por mim, oiço a voz de ashton chamar por calum, o moreno deposita um beijo na minha testa e caminha até à porta.
-Hoje às três da manhã, não te esqueças.- anuo e vejo o seu corpo a desaparecer no corredor, observo as estrelas do céu e olho para a mais brilhante, um sorriso adorna os meus lábios.
Olho para o ecrã do meu telemóvel e vejo que são 8:45 da noite, levanto-me da cama e desço as escadas caminhando em direção à cozinha, ashton estava sentado à mesa, dois pratos estavam colocados na mesma, um à sua frente e outro no meu lugar, os seus olhos observavam a panela fumegante, faço-me notar e os seus olhos fixam os meus.
-o calum contou-me do teu pequeno episodio de stress nora.- ocupo o meu lugar e encaro as minhas mãos.
-o que é que ele te disse?-pergunto, escondo o meu polegar na camisola e vejo ashton enquanto este recompõe a sua postura.
-que quando chegou ao teu quarto tu estavas a chorar, e que lhe pediste desculpa.- a sua voz soa triste, como se ele estivesse prestes a mandar-me embora, ou como se estivesse desiludido.
-eu sei que não costumo pedir-te isto mas podes por favor contar-me o que se anda a passar contigo? eu estou tão preocupado contigo, parece que desde que a mãe morreu tu deixaste de ser a mesma eu sei que é dificil, juro que sei, mas tens de lutar contra isso.- sinto várias lágrimas a cair pelo meu rosto e levanto-me para abraçar o meu irmão, os seus enormes braços envolvem todo o meu tronco e deixo as lágrimas cair, as lágrimas da perda da minha mãe, as lágrimas da ansiedade disfarçada de stress, as lágrimas de arrependimento, as lágrimas de saudade e até as lágrimas de tristeza. Afasto-me do meu irmão e observo o seu rosto, os seus olhos brilham e as suas mãos agarram o meu corpo e apesar de estar a tremer parece firme do que faz.
-eu gosto do calum.

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3AM || cth
Teen Fiction" [...] Eu não vejo as coisas assim, muito pelo contrário, acho que cada pessoa é especial à sua maneira, que cada um de nós toca em alguém, seja de forma positiva ou não. -Okay, e o nosso propósito? O meu propósito? Qual é?- pergunto, sento-me para...