Encontrando O Rei Dos Reis

Viagem

No dia seguinte, após acordar, desci para o café da manhã, não aguentava mais estar no quarto e já me sentia melhor.

- Bom dia. - disse entrando na sala.

- Bom dia, menina estava fazendo falta. - Diz tio Pedro.

- Não devia repousar? - Pergunta a fera.

- Estou bem melhor. - Disse sentando.

- Mas está muito pálida. - Disse tio Pedro

- Senhor Yan, eu queria pedir para ir no jardim. - Falei olhando dele para tio Pedro.

- É isso ela precisa de sol. - diz tio Pedro.

- Vou pensar. - Ele diz comendo.

- Yan meu filho essa menina não terá forças para pular os muros do castelo. Deixe que vá no jardim. - Tio Pedro implora por mim.

- Por falar em fugir. Seu irmão casa essa semana, você estava desacordada e agora não sei se dará tempo chegar.

- Phil? - Lágrimas desceram dos meus olhos, meu irmão casaria e eu não veria.

- Se permitir que ela vá, eu vou com ela e Ester vamos de comboio é mais rápido.

Num impulso me levantei, circulei a mesa e me ajoelhei aos pés dele.

- Por favor Yan, eu faço tudo que me pedir, mas deixe eu ver Phil casar-se.

- Tudo mesmo? - Ele pergunta me olhando.

- Sim tudo. - Falo sem pensar nas consequências.

- Vá então, partam hoje ainda e quando você voltar lhe farei meu pedido.

Um frio espalhou pelo corpo, acho que fui longe demais.

- Obrigada, filho. - Diz Tio Pedro.

- Se ela não voltar, o senhor e a família dela morrerão em praça pública enforcados.

Engoli em seco. Parecia que ele lia meus pensamentos para fugir na viagem.

- Eu voltarei um dia após o casamento e fará seu pedido pode deixar. - Falei baixando a cabeça.

- Venha menina vamos no jardim. - Diz tio Pedro se levantando.

Quando eu cheguei no jardim dei uma carreira em volta do canteiro e me joguei na grama, era tão bom estar ali. Nunca havia valorizado um jardim como estava fazendo naquela hora. Percebi que ele me olhava da janela, mas não liguei, tinha que aproveitar esse momento de liberdade. Esse castelo escuro que ele vive não faz bem a ninguém.

Após o almoço seguimos viagem para o casamento de meu irmão. Dois dias apenas de trem, e ele me fez passar quase um mês numa carruagem.

Chegamos na Espanha no dia exato do casamento de Phil. Lu me ajudou a se arrumar e foi comigo a igreja, tio Pedro não quis ir e Ester foi repousar um pouco. Foi o casamento mais emocionante que já vi.

Eu sorria e acenava a todos, não podiam imaginar que eu estava triste, mas na hora da festa, Anthony veio falar comigo.

- Você está diferente. O casamento lhe fez mal.

- Anthony, não sou casada ainda, e se estou diferente é porque estive doente.

- Case comigo, eu cuidarei de você.

- Infelizmente não posso Anthony. - Me afastei, lembrei que ele poderia ter alguém me vigiando e uma vez ameaçou matar Anthony.

- Olhe Sabrina quem veio, não aguentou a saudade. - Diz minha mãe.

Quando olhei ele estava ali na porta, parecia que eu tinha adivinhado. Mas ele estava muito lindo, todo arrumado e sorrindo, nem parecia a fera que eu conhecia bem.

Ele me olhava com intensidade, como se estivesse preparado para atacar. Fui em sua direção e sussurrei:

- Viu, eu estou aqui.

Ele pegou minha mão, beijou e me levou para dançar. Eu lembrava dos sonhos e fiquei me sentindo incomodada.

- Vou falar com seu irmão, vá para perto de sua mãe. - Disse quando terminou a música.

- Sim com licença.

Não fui para mamãe, não estava afim de explicar nada, eu não saberia o que dizer quando o povo me perguntasse se eu estava feliz. Fui para o meu antigo quarto, preferia dormir do que ficar ali sendo observada por ele.

No dia seguinte seguimos juntos de volta a minha prisão, ainda faltavam dez meses até eu ser liberta. Iria sentir falta de Ester e tio Pedro das nossas tardes de estudo e de tudo que Ester fez por mim.

- Está calada Sabrina. - Comentou ele.

- Não tenho o que dizer. - Disse sincera.

- Dê uma chance para me amar querida.

- Por favor não me obrigue a nada, ainda faltam dez meses para eu me decidir não?

- Tudo bem, o castelo ficou deserto sem você.

- Ou foi o medo de eu fugir?

- Os dois.

Pronto não tocamos mais nenhuma palavra até chegarmos. Dessa vez ele não me obrigou a ser humilhada.

- Sabrina, poderá ainda ajudar e passear pelos arredores do palácio, mas só saia com tio Pedro ou Ester.

- Sim meu carrasco. - Disse e me arrependi. Ele se aproximou de mim apertou meu braço e quando achei que ia apanhar me deu um beijo na testa.

Ele saiu dali me deixando tonta com a novidade.