Encontrando O Rei Dos Reis

Uma Fera

Eu me olhava no espelho e não entendi o que Sabrina via em mim para me chamar de fera. Não estava mais aguentando ela ter medo de mim. Eu sei que fui muito grosso com ela e que no início me divertia amedrontando ela. Mas no dia que ela adoeceu e ficou desacordada e o médico disse que era fraqueza e estresse. Perdi o ânimo de mexer com ela.

Havia concedido ela ir no casamento de Philipe, mas não aguentei e fui até lá precisava ver e saber que ela não tentaria fugir. Me arrependi na hora que cheguei lá, pois eu percebi que ela ficou magoada.

Para amenizar eu a deixei circular pela vila e pelo jardim. Claro que meus homens estariam olhando tudo de longe. Não ia deixar minha lobinha assim sozinha. Precisei viajar para ver como estavam os vilarejos mais afastados do reino e coloquei guardas responsáveis para proteger ela o tempo todo.

Não sei o que vou fazer quando chegar o tempo de ela partir, eu não me imagino sem ela e sou tão cabeça oca que não pensei ainda numa forma de fazer com que ela fique. Amanhã estou voltando ao castelo e quero ver se consigo me aproximar dela um pouco.

Verdade que eu havia pedido ao Tio Pedro para aos poucos ir falando coisas boas de mim para ela, ver se ele conseguia me ajudar, mas temo que com minha ausência ela tenha ficado feliz.

Todos no acampamento comentavam como que eu estava mudado, eu concordo, pois, até conseguia fazer brincadeiras com eles no alojamento. Eu devo isso a ela que trouxe seu sorriso e doçura para minha vida. Só faltaria agora minha amada perceber que mudou minha vida e que por ela sou um novo homem.

Cheguei no castelo de madrugada, todos ainda dormiam e fui até a porta de seu quarto. A tentação de olhar para seu rosto foi tanta que não resisti entrei em seu quarto e fiquei ali horas parado olhando ela dormir. Na verdade, eu acho que ela estava sonhando com algo bom pois seu semblante era suave e um leve ar de riso.

Saí dali me obrigando a partir, não podia deixar ela acordar e me ver. Fui dormir mais não preguei os olhos vi amanhecer, rapidamente desci para o café queria ver a cara dela ao descer e me ver.

Mas fui surpreendido com a notícia que ela havia saído para a vila com tio Pedro. Raiva muita raiva era o que sentia, um misto de ciúmes e decepção. Não me contive e saí a sua procura pelo vilarejo. Paro ao longe para lhe procurar e me deparo com a cena que nunca imaginei ver. Lord Nelson cortejando, a minha rainha. Mas não fui até lá era a hora perfeita para ver se ela me respeitava.

De onde estava podia facilmente ouvir o diálogo entre os dois.

- Senhorita, eu lhe comprei flores que me negou ontem, hoje venho me humilhar aos seus pés lhe pedindo uma chance. - Dizia o safado do Lord e eu tinha vontade de avançar em cima dele.

- Meu senhor, eu já lhe disse ontem e volto a repetir, não posso aceitar ser cortejada nem pelo senhor e nem por ninguém. Outra coisa para ouvir a palavra de Deus procure Tio Pedro pois não posso estar aqui conversando com o senhor.

- Senhorita me diga apenas o porquê de não me aceitar. É feiura? Ou outro?

- Minha vida não lhe interessa senhor, com licença que meu tio deve estar à minha espera.

Esperei ela sair e fui ter com o insuportável do Lord Nelson.

- Quer dizer que o digníssimo pirata corteja mulher comprometida?

- Não estou lhe entendendo majestade.

- Essa que o senhor lhe pedia a mão é minha, será a futura rainha disso tudo aqui.

- Ela? Uma camponesa? É a princesa?

- Não é da sua conta Lord Nelson, só se mantenha longe dela.

Saí fumaçando, mas algo me dizia que ela ali me deu esperanças de estar gostando de mim. Precisava me acalmar, se lhe procurasse com raiva ela poderia regredir. Voltei para o castelo na tentativa de me acalmar e só depois me apresentar a ela.