Capítulo 13

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A floresta estava mais do quieta no final da tarde. Isis também. Os trigêmeos olhavam para nosso redor com frequência. Eu sabia que tinha algo errado, mas não sabia exatamente o que. Me sobressaltei quando uma cigarra começou a cantar, até. Laurel com certeza era a mais indefesa do grupo, e acho que por isso, estava respirando tão rapidamente. Se tivessem monstros por perto, já teríamos sentido, ou inalado a podridão.

Essa tensão me deixa nervosa, e cada veia do meu corpo parecia quente com a magia espreitando como uma forma de defesa.

- Tem pessoas no seguindo, andem mais rápido – Isis sussurrou no meio do grupo mais veloz do que tudo. Fizemos o que mandou, os olhos ainda passeando por cada árvore.

Liliane abria e fechava as mãos diversas vezes. Possivelmente sentia o mesmo que eu. Os lábios formavam uma linha fina entre seu semblante ansioso e dava para ver que mordia o interior da bochecha.

Não pensei ou me contive quando passei por uma árvore e percebi o movimento de uma silhueta. A magia saltou por entre meus dedos como ar e uma mulher de armadura se chocou com o chão, o capacete amortecendo sua queda a quase dois metros. Raios de calor pareciam atravessar meus olhos diversas vezes assim que comecei a correr, clamando por mais e mais, gritando como um instinto, para que eu lutasse para sobreviver. Os trigêmeos, a rapsiana e Laurel correram também, todos alarmados pelo brasão gerundiano da mulher. Se tinha um, tinham vários.

- Tem um lugar que podemos ir – Isis gritou, pegando a liderança para nos guiar e dobrou bruscamente à esquerda por entre as árvores e arbustos.

- Nem pense nisso! – Laurel gritou de volta, mas ainda a seguindo. – Não vamos para lá...

- Me dá uma ideia melhor, então – a rapsiana rebateu. – Podemos entrar, com você.

Pelo menos mais dez guardas surgiram na nossa visão depois. Vi Fadas voando de árvore a árvore outros nos arredores atrás de nós.

- Se retornarem agora, - um deles gritou – a rainha poderá repensar sobre punições.

Era uma ameaça. Ela mandou por isso. E não fazia ideia do que poderia estar tentando impedir.

A confiança de nossa fuga se dissipou quando um rio fechou nossa passagem, muito lá na frente. A água corria violentamente.

- Não parem – Liliane mandou. Certamente para mim e os próprios irmãos. Só nós estávamos incertos. Por quê?

Isis foi a primeira a se jogar na água. Laurel, Jordan e Kahvon depois. Meu coração saltou diversas vezes ao olhar várias vezes e não enxergá-los nas profundezas do rio ou nadando. Eles sumiram. Os gerundianos estavam bem próximos agora, e ouvi-os me chamando. Mas parecia abafado. Só consegui pensar nos que pularam. Estavam mortos?

- O que é que estão pensando? – perguntei assim que a Feiticeira olhou para mim, à espera da minha vez.

- Confia em mim, por favor – ela murmurou.

Liliane me puxou contra todos os meus protestos e mergulhou junto comigo. A princípio, não vi nada do fundo. Nem mesmo ela. Tudo sumiu e só havia o azul escuro, o frio, rochas intactas contra o correr da água e a bolsa pesando em minhas tentativas de nadar.

Tentei nadar para o outro lado, mesmo com a água me levando. Consegui avançar um pouco até que me choquei com uma das grandes rochas. O ombro latejou e permaneceu em dor. Não conseguiria. Me permiti flutuar, mesmo que fosse para ser capturada. Preciso sobreviver. O resto poso pensar depois.

Respirei fundo diante do céu laranja arroxeado, e do rio raso e calmo. O que? Tinha conseguido atravessar e estava do outro lado mesmo. Casas de madeira e pedra estavam no meio das árvores, todas ao redor de poço. Isso não estava aqui antes. Pus a mão em concha em cima do meu ombro como se fosse adiantar de algo e comecei a andar para a beira. A visão daqui para o lado de que vim também é diferente. É só um rio calmo, e não tinham guardas no perseguindo.

Entre Sereias - O Portal Submundano [Livro II]Onde histórias criam vida. Descubra agora