ANTES DE DORMIR

Anna Heloísa / A Curiosidade [27]

Já estava começando a ficar entediada no palácio do “Rei sei lá quem”. Apesar da Echilley e o Ortiz estarem no palácio, só tenho a permissão de vê-los durante as refeições. E o Rei misterioso nunca aparece. Pensei que não houvesse alguém que me irritasse tanto quanto ao Rômulo. Mas esse Rei  mostrou ser bem pior, até porque ele me deixa trancada e entediada. Odeio ficar entediada.

Pelo que entendi devo ficar aqui até que tenham provas fixas contra a tal Rainha. Mas se eu sou tão útil assim porque ainda não fui usada? De repente me dou conta que não sei nada de valor sobre o reino, nada sobre leis, ou a família a quem pertenço.
     No palácio sem dúvida deve ter uma biblioteca ou coisa assim. O plano era sair como se nada tivesse acontecido, mas tinha os seguranças na porta do quarto. Já fugir várias vezes do Ortiz, fugir dos seguranças não deve ser tão difícil.

Liguei o chuveiro e deixei a janela aberta com umas pistas indicando que pulei a janela. Para eles entrarem foi simples, fiz com que o abajur quebrasse. Os dois seguranças entraram completamente assustados, em poucos minutos conseguir sair de trás da porta sem que eles me vissem.

Não faço ideia para onde estou indo, mas não deve ser muito difícil achar a biblioteca. Fui em porta em porta a procurando, e quantas portas tinham. Quando estava sem esperanças finalmente achei a biblioteca, era enorme. Havia computadores com senha, então procurei nos livros em ordens. Planejava levar os livros para o quarto, mas acredito que ele deve está meio movimentado agora. Aproveitei o tempo deles me procurando e para ler o que julgava ser o mais importante.
     Sobre minha família não havia nada nos livros. Tinha muita coisa sobre leis e orientações para um bom reinado, parece que era um tipo de guia para Reis.

Para saber o que preciso tenho que entender o que procuro. Dado a ordem das coisas o Reino Leste nunca atacaria o Reino Sul, porque a Princesa que é provavelmente a minha mãe, tem origens de lá. O Reino Norte sem dúvida faria isso sem dificuldade, ele só precisa de uma ordem da Rainha má para começar. O Reino Oeste é uma peça chave, ele desempata essa guerra. Se ele apoiar o Sul, o Reino Norte não terá como atacar sozinho e deixaria de existir. É por isso que a Rainha Victoria está tentando fazer com que o Reino Oeste inicie uma guerra. Me pergunto como posso resolver isso. O Rei misterioso deve é jovem amargurado pela morte dos pais. Me resta apenas duas opções: Provar que não foi o Reino Sul que cometeu esse ato violento, ou selar uma união com o o rei misterioso, através de um casamento.  “Casamento”, afirmo em alta voz essa palavra.

— Casamento? – uma voz escoa pela biblioteca

Quando entrei na biblioteca acreditei que estava sozinha, a primeira coisa que fiz foi trancar a porta. Então como poderia essa voz vir de dentro? Quem é que está aqui?

Tento me controlar e calcular os passos dessa pessoa que vinha em minha direção e estava atrás de mim, eu poderia nocautear esse homem de várias maneiras, mas me preocupo que fosse um soldado e ele estiver armado. Decidir virar devagar.
— De que casamento está falando?  – ele pergunta

Ao olha-lo percebir que não era um rosto desconhecido. Me esforcei em lembrar e o reconhecir do sonho que tive no acidente. Do que estou falando? Não foi um sonho, foi real. Ele estava lá e eu o beijei.
— Caramba! – digo assustada
— Não esperava me encontrar aqui?
— Claro que não. – sussurro
— Foi interessante ver você entrar aqui. Não me deu muito trabalho. O que você fez foi esperto, dentro do palácio a biblioteca seria o último lugar que os soldados procuraria. Do jeito que deixou o quarto levou a todos pensar que você fugiu e estaria entre o jardim ou bem longe agora.
— Mas parece que você não acreditou.
— Não me importei na verdade. Eu soube que você fugiu e disse “procurem". Tanto faz se iriam te achar.
— Minha vida é tão sem valor assim?
— Me diz você. Poderia ir a tanto lugar no palácio, mas porque veio a biblioteca?
— Queria entender esse mundo da realeza, sobre as leis, algo sobre a minha suposta família. Espera! Você não respondeu a minha pergunta.
— Não respondir porque você não se agradará com a resposta.
— Então você é o Rei?
— Sim.
— É o culpado por eu estar presa no quarto. Pode me dizer porque não posso sair de lá?
— É mais fácil ficar de olho em vocês se estiverem assim.
— Certeza que essa prisão não é negociável? Eu já passei por tanta coisa mereço ao menos andar pela casa, estar com minha tia e meu primo.
— Tudo bem.
— Porque não? Espera! O que você disse?
— Tudo bem, você pode estar com seus amigos.
— Então tá. Posso ir vê-los agora?
— Tudo bem, os seguranças irão te levar até eles.
— Então obrigada Majestade, né isso? – ele rir

Chegando no quarto em que minha tia Echilley e o Ortiz estava contei sobre a minha fuga.
— Na biblioteca estudei um pouco e tenho um plano.
— Você tem um plano? Logo você. – diz Ortiz
— Sim tenho. Ou você planeja ficar aqui até que tudo se resolva?
— O que você pretende fazer Anna? – Pergunta Echilley
— O Rei é solteiro não é?
— Sim.
— Se eu casar com ele teremos uma aliança com os três reinos. Isso garantira que o reino Norte não atacaria o reino sul.
— Seus pais não vão deixar. Eles querem que você se case por amor e não pra resolver questões políticas. – diz Echilley
— E tem mais, acredito que o Rei não está nem um pouco interessado em um casamento agora, ainda mais com você. É melhor aguardar e esperar as provas que é a Rainha Victoria que está por trás disso tudo. – diz Ortiz dando risada
— Agente só vai saber se tentar, eu sei que posso fazer ele se apaixonar por mim. É pelo bem do Reino e da nossa família. Se a Megera da Victoria sair inocente sei que vocês vão correr perigo por terem me salvado, eu não posso deixar.
— Você quer mesmo ir a frente com isso? – Pergunta Ortiz
— Sim, quero me casar com ele mesmo que seja com outro interesse. Vamos resolver todos os problemas, temos que tentar.
— Tudo bem vamos te ajudar.
— Coitado do Rei, família morta e o coração prestes a ser enganado. Acho que ele deve ter sido amaldiçoado quando nasceu. – diz Ortiz
— Que besteira. – respondo