Da água pro vinho.

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   Não sei se vocês realmente acharam que isso seria uma linda história de amor. Não, não é. A vida por vezes é uma merda sim e não estamos imunes de gostarmos de alguém que namora. Somos seres humanos e isso acontece.  Mas como diria o saudoso Alan: Errar uma vez, talvez. Errar duas? Quem sabe? Errar 3? Pode ser. Errar 4 JAMAIS. Cada um tem seu momento de trouxa na vida, é inevitável. Mas, continua sendo complicado ser quem eu sou, já que enquanto estou em 2018, minha mente ta em 2052.

   Mais um dia eu vou para o consultório, mas hoje eu fico o dia inteiro aqui, neste lugar tão calmo que dá vontade de morrer. Logo que chego deixo os papéis do Anderson na mesa da Joyce.

   -Quando o Marcos chegar, encaminhe esse paciente para ele -Eu coloquei a papelada no balcão.

   -Humm -Ela pegou o primeiro papel - Anderson? Nossa mas porque não vai tratar mais dele? -Ela me olhou indignada

   -Psicologos não podem cuidar de quem já conhecem. -Eu disse colocando o jaleco

   -Hummmm e vocês se conhecem de onde? -Ela sorriu

   -Não te interessa, apenas encaminhe pro Marcos -Eu falei pegando minha bolsa
 
   -Ouvi meu nome? -Ele encostou em mim por trás e sussurrou no meu ouvido

   -SAI DEMÔNIO -Eu me afastei tomando um puta susto -Cacete Marcos, você é idiota?

   -Ah, bem que voce gostou vai? -Ele sorriu maliciosamente pra mim

   -Saí seu escroto, você é casado com 3 filhos. Respeite sua mulher! -Eu empurrei ele é fui em direção a minha sala -Que você é um merda, todo mundo já sabe. Parabéns ganhou um paciente igual você. -Eu bati a porta da sala e me sentei na minha cadeira

   Como na mente de qualquer pessoa ansiosa, um assunto não saí da sua cabeça até fazer você sofrer o bastante com aquilo. Dessa vez o assunto não era o hospital, o Marcos, o machismo, guerras mundiais, fome ou coisas do tipo, dessa vez era ele. A visão do corpo dele não saia da minha cabeça, assim como o toque macio dele. Eu não tô acreditando que nesse exato momento eu tô lembrando daquela maldita noite. Isso poderia ser lembrado a qualquer hora, mas tem que ser agora?

   É um colapso de imagens, e tudo está voltando a tona. Ao mesmo tempo em que eu o odeio profundamente, meu corpo não respeita meus sentimentos e o deseja cada vez mais perto de mim. Mas eu tenho que me controlar, eu preciso parar de pensar nele e voltar pra minha tediosa realidade. Eu preciso.. mas que merda porque eu tô lembrando dele beijando meu pescoço ? Droga. É a merda daquela droga que vicia, ele. Eu preciso parar de pensar nisso. Volta volta Isabelly!

   Olho pro computador e vejo a quantidade de pessoas, e seus respectivos casos. Depressão, estresse, raiva, crises e mais crises. É, hoje em dia ninguém quer mais me falar sobre suas transas falhas. Bem atendo cada caso com neutralidade, e meu tempo passa rápido demais. Quando se vê já são 17:30. O último está para chegar, e eu aproveito que estou com meus fones de ouvido para tentar relaxar por um pequeno instante. É muito problema para absorver e ser neutra, é muita coisa.

   Nem se passam 10 minutos e dentro da minha música eu escuto alguns gritos. Mas espera... Esses gritos não são da minha música. Tiro rapidamente os fones e vejo que os gritos se aproximam da porta. Eu me afasto um pouco assustada, e quando eu vejo ele abre a porta com tudo e para ofegante e assustado na minha frente. Ele não tem coragem de me enfrentar, de falar algo, não se move, ele apenas me olha.

   -O que faz aqui? -Eu despistei meus olhos da mira dos dele indo em direção da mesa

   -Você entendeu errado ontem. -Ele estava gaguejando

   -E do que realmente importa isso? Pra mim nada importa a sua vida cara. -Eu fiquei de costas pra ele

   -Isabelly, eu lembrei daquela noite... -Ele disse mais próximo a mim

   -Isso não importa -Eu continuei de costas -Você não passa de um mero paciente qualquer. -Eu estava ficando com raiva e sentia o meu corpo querendo chorar ao mesmo tempo.

   -Isa.. -Eu podia sentir sua respiração no meu pescoço.

   -Não me faça te expulsar daqui. -Eu estava chegando no limite do que eu podia sem chorar

   -Não me faça te deixar aqui. Não me faça ter que me afastar de ti. Não me faça deixar de sentir você a cada momento. Não me faça -Ele falava e eu sentia por completo sua respiração na minha nuca, que me fez arrepiar cada parte do meu corpo, lentamente

   -An...der....son... Eu preciso que saia. -Eu disse tentando segurar a até a última força do meu corpo para não chorar.

   -Você realmente quer que eu vá embora? -Ele dizia envolvendo seus braços na minha cintura, me aproximando do seu corpo

   -Eu ... Preciso. -Eu não tinha mais forças pra relutar contra

   -O que fará se eu não for? -Ele colocou meu cabelo para trás e começou a beijar meu pescoço.

   -Eu.. vou ... Chamar alguém. -Eu tentei esticar minha mão para o telefone mas comecei a me entregar aos beijos

   -Vai? ... quem?-Ele sussurrou e mordeu minha orelha

   -O .. se..gu..ran...ça -Tava Uma loucura tão grande que eu comecei a ficar ofegante.

   -Mas se eu estiver ... Te segurando, como você vai fazer isso? -Ele sorriu enquanto falava e mordeu de leve o meu pescoço.

  -Eu não.. v...sei -Eu estava me aproximando da boca dele

   Como isso daqui não é um conto de fadas, vamo voltar pra realidade. Nesse mesmo momento, eu tinha de fato um último paciente, e digamos que eu tinha uma queda por esse paciente. E como esperado, ele chegou.

   -Isa, o seu pacien..... -A Joyce entrou sem bater

   -Oh merda -Eu voltei ao normal imediatamente

   -Olha só... Não era você que não ia atender mais ele? O Marcos tá até esperando o Anderson para a consulta. -Ela disse sorrindo sem parar pra mim

   - E é exatamente isso! Ele já estava de saída! -Eu me afastei dele e me recompuz

   -Eu espero lá fora. -O Anderson saiu e ficou n sala de espera.

   O Leo entrou, e ele é a beleza materializada, e digo mais, não só beleza. É um homem perfeito. Essa vez ele apenas foi, e me convidou para um jantar. Eu apenas disse que ia pensar e deixei ele ir embora. Sem pensar, o Anderson entrou na sala denovo e já ia se aproximando.

   -Não. Dessa vez você vai embora -Eu me afastei dele

   -Isa, por favor. -Ele sorriu

   -Anderson, você namora, e você sabe disso. Eu não sou mais sua psicologa, se afaste, por favor. -Eu encostei na mesa observando o corpo dele.

   -Não, Ela não é minha namorada nós terminamos há uns meses. -Ele tocou na minha coxa

   -Você é um ponto fraco. -Eu não tirei a mão dele da minha coxa

   -Eu sempre sou -Ele abriu um pouco minha perna e ficou entre elas de pé me olhando

   -Você não me merece. E eu não valho apenas um sonho que te excita -Eu saí da frente dele e peguei minha bolsa

   -Nem um beijo? -Ele me seguiu no caminho pro carro

   -Eu nunca disse que seria fácil. -Eu entrei no carro e fui embora

   É galera e no programa de hoje aprendemos que uma pessoa pode mudar da água pro vinho MUITO rápido. Ah meu, é o Anderson, me diga você se ele chegasse no teu ouvido sussurrando se você resistiria. Se hoje a gente tá junto, é porque passamos por uma loucura constante. Bem, eu volto, logo logo.

Se meu amor é um merda, eu também sou.Onde histórias criam vida. Descubra agora