Zero. (+18)

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   É conflitante pra mim gostar do Anderson, e manter a minha sanidade. Ele parece, por um momento, ser pouca areia pro meu caminhão (sim eu inverti o ditado). Ele é um fofo, um cara que me tira do chão só de falar, ou melhor sussurrar. Acho que eu nunca fiquei tão louca de lembrar de alguém.

   Naquela mesma semana, ele pegou meu número da clínica e me mandou diversas mensagens, e como eu sou uma pessoa muito desocupada da minha vida, respondi tudo (até parece). Sei que por um momento parece que sou super antipática, mas não sou. Eu simplesmente não tive muito tempo pra dar atenção. Quando finalmente pude falar com ele, parecia que ele precisava mais de mim do que eu dele.

    *Manhã de quinta feira*

   -Alô? -Ele disse um pouco ofegante

  -Atrapalho? -Eu sorri do outro lado da linha 

  -Depende... -Sua voz se modificou e eu conseguia sentir o sorriso dele do outro lado

  -Do que? -Eu entrei no meu carro 

 -Se querer parar o tempo, só pra que essa ligação nunca acabe só pra eu ficar falando com você for atrapalhar, então você me atrapalha. -Ele deu uma leve risada do outro lado.

  -Romântico... Eu não estou acostumada com isso. -Eu falei e liguei o carro

 -Está livre hoje? -Ele dizia em meio a alguns barulhos.

 -Bem.. tenho que olhar na minha agenda. -Eu coloquei uma música no meu carro.

  -Se tiver, me encontra no Tuca hoje, as 16. Tenho uma coisa pra te mostrar. -Ele deu uma risada mais maliciosa 

  -Vou ver se tenho tempo pro Lord Bizzocchi. -Eu falei quase desligando

  -Te espero, dama elegante. -Ele desligou.

   É tão injusto falar "tenho algo pra te mostrar"e você ficar o dia inteiro pensando naquilo. Eu sou tão perdida nas minhas ideias, que eu consigo me perder no Anderson. É estranho ler isso, assim como é estranho pensar num cara o tempo todo. Eu consigo me perder na ideia dele estar por perto, e vamos e convenhamos esse cara mexe com qualquer sentimento -meu, de uma maneira tão minuciosa, e tão estridente. Meu carro não é mais o mesmo, nem as minhas lembranças são mais as mesmas. Ainda não consigo assumir que estou apaixonada, muito menos por ele. Não é saudável se apaixonar, dizem os médicos, mas quem disse que eu sou fitness?

   Naquela manhã, os funcionários do hospital disseram que eu estava com um sorriso bonito, e com um olhar infinito. Disseram que por um momento, meus olhos sorriam. Se essa droga de paixão, deixa você feliz, acho que vou ter abstinência um dia. Os atendimentos foram rápidos nesse dia. Estava chegando ao meu último paciente: O Breno, que tinha apenas 3 aninhos, e estava prestes a receber alta. 

   -E ai garotão! Como você tá hoje? -Eu sorri e fui para perto dele brincar de carrinho

  -Tô....legau -Ele sorriu e sentou na cama 

  -Ah, mas cadê o sorriso da tia que eu não to vendo nesse rostinho lindo? -Eu comecei a fazer cócegas nele.

   -Aqui -Ele sorriu pra mim 

   -Beeeeem melhor, pequeno. Imagina que la fora tem um mundo lindo pra você aproveitar. Você tava morando nesse hospital desde que você nasceu meu bem. Agora você vai poder ir pra o parque, ter MUUUUUUITOS amigos. Vai poder fazer tudo. -Eu peguei ele no colo 

   -Até ... pisa no xão? -Ele me abraçou

   -Meu bem... você vai poder ser o que quiser -Eu apertei ele no abraço.

Se meu amor é um merda, eu também sou.Onde histórias criam vida. Descubra agora