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  O Senhor é a minha rocha, a minha fortaleza

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O Senhor é a minha rocha, a minha fortaleza

e o meu libertador;o meu Deus é o meu rochedo,em quem me refugio.Ele é o meu escudo e o poder que me salva,a minha torre alta.

Salmo 18.2

Já fazia uns três meses que havíamos chegado em Turim. Eu passei uns dias quieta só caminhando pela cidade e conhecendo o território. Aqui o evangelho não era aceito e a cidade se dividia entre os ricos e os pobres. Em Turim ou se é rico e tem casa para morar, roupas e comida ou se é pobre e vive em taperas passando fome.

Meu pai me mandava um salário de professora, o mesmo valor que era pago na escola Real para os docentes. Mas eu queria ajudar o povo de alguma maneira, então me candidatei no banco de empregos para uma vaga de doméstica.

Após o período de observação da cidade comecei, tentando fazer amizade por onde passava, confesso que no começo eles me olhavam muito estranho e cheguei a sentir medo, mas agora eu caminhava sem medo algum pelas ruelas da parte pobre.

Certa manhã eu havia ido ao monte orar um pouco com Hadassa e deixei Emily ajudando a duquesa com nosso desjejum. Ao retornar havia um bilhete de uma nobre da cidade querendo me entrevistar para a possível vaga de emprego.

- Eu vou me trocar, e já desço para o café. - disse subindo nas carreiras as escadas animada com a entrevista.

- Não sei se é para essa menina trabalhar na casa daquela mulher esnobe. Ela é uma princesa não deveria trabalhar. - diz a duquesa.

- Temos que esconder dos meninos o trabalho de Júlia. Eles iriam brigar com ela.

- Ela prometeu que é só até juntar o dinheiro de comprar o terreno para o abrigo.

- Oi gente, como estou? - perguntei descendo as escadas.

- Lindaaaaaaaaa. - gritaram todas.

Tomamos café em muito barulho, viver nessa casa era divertido todos riam e conversavam o tempo todo, nenhuma refeição era calma e tranquila; Hadassa iria comigo mais Emily iria na costureira com Liliane. Saímos de casa juntas e ficou combinado que nenhum dos dois meninos iria ficar sabendo que estou trabalhando. Muito menos meus pais, esses não poderiam nem sonhar, iriam mandar me deportar para casa na mesma hora.

A entrevista foi fácil, a senhora dona Paulina, não era bem um amor de pessoa, mais eu sou paciente. Ela me recomendou que não me envolvesse com nenhum empregado e que não ficasse batendo papo na hora do serviço, só isso.

Já fazia umas sete semanas que eu estava trabalhando lá e ouvia todos os funcionários comentar que dona Paulina tinha um sobrinho que vez por outra vinha ameaçar a tia atrás de dinheiro. Mas eu nunca o havia visto e orava para não vir comigo lá, pois a cozinheira disse que ele é bem jovem, tatuado e se droga.

Certa manhã de sexta feira, estava eu limpando a parte de cima da casa quando ouço passos. Ao virar dou de cara com aquele ser medonho a minha frente.

- Oi gracinha, como se chama? ele fala se aproximando.

- Júlia, dona Paulina não está foi a missa. - digo me afastando e apertando o pano em minhas mãos, medo era o que sentia naquela hora.

- Eu sei, vou esperar. - disse isso e se deitou na cama, me olhando de soslaio. - Continue com seu serviço docuça.

Saí do quarto que o tal do Tony estava e fui direto para a cozinha. Cheguei na cozinha um pouco branca demais eu acho estava parecendo uma tapioca, porque a cozinheira logo me perguntou:

- Que foi menina?

- Tony está lá em cima. Disse que só vai embora quando a tia dele voltar.

- Ferrou, ela não volta hoje. Foram para uma igreja longe vão dormir por lá.

- O que eu faço? Não quero voltar lá.

- Fique por aqui, vou ao mercado e quando eu voltar eu boto ele pra correr.

Bem que dona Marize deveria ter botado ele antes de sair porque não demorou muito e eu ouvir aquela voz odiosa no meu ouvido enquanto eu lavava a louça.

- Gracinha, estou com fome.

Quando eu virei ele estava tão perto, mas tão perto que era possível eu sentir sua respiração. Eu acho que ele vai tentar algo. Meu voto do beijo, comecei me desesperar, mas não tinha como sair, ele estava vedando a única saída minha dali.

Reuni forças onde não tinha, e o empurrei com o joelho fazendo ele cair de dor. Não esperei para ver se ele tinha se machucado, mas corri, ia me trancar na biblioteca até Marize chegar, mas tropecei e quebrei um jarro de dona Paulina, então fui em direção a porta e corri para a rua. No caminho, encontrei Marize que correu em minha direção. Eu lhe contei tudo que aconteceu e caí no choro.

- Dona Paulina, estava na cidade, venha vamos para a mansão, quando ela chegar a gente ver como fica.

Voltamos para a mansão, entramos pelos fundos, ele não estava mais na cozinha, não sei e não quero saber onde está. Marize me disse que ele tem uma tatuagem no formato de coroa no pescoço que diz que é contra a realeza. Tremi de medo dele na hora.

- Júlia. - era dona Paulina. - Tony meu sobrinho disse que você quebrou esse jarro enquanto limpava, é verdade?

- Si... Sim... sim fui eu. - assumi com medo.

- Ele disse que foi reclamar com você e você o destratou também. Está demitida, não a quero na minha casa mais nem um dia e o dinheiro que lhe devo servirá para pagar o jarro.

- Sim senhora, obrigada.

Saí dali aliviada por ter sido só demitida, meu medo era ter que ver aquela assombração novamente. Cheguei em casa chorando, Emily estava na varanda e correu ao meu encontro. Pra meu azar os meninos estavam na sala e ouviram que eu havia sido demitida. Tive que ouvir sermão deles também. As vezes acho que eles querem ser meu pai.

No outro dia eu não queria levantar da cama. Mas Emily que dividia o quarto comigo me fez ver que não foi para conseguir emprego que eu estava ali.

- Vamos amiga, vamos andar pela vila, fazer compras gastar um pouquinho de dinheiro e se animar. Coloque um sorriso nesse rostinho lindo e tire essa camisola. - dizia ela para minha cara de morgada. - Lembre-se que veio para cá para ser feliz e falar de Jesus para o povo.

- Está certo, eu vou. Mas não estou me sentindo bem.

- Ninguém vai se sentir bem com essa cara de panqueca queimada.

Eu ri, minha amiga tinha animação por uma cidade inteira. Era bom ter eles comigo. Eu me sentia feliz mas algo estava me preocupando. Eu não sabia explicar a sensação ruim que estava sentindo. Talvez tenha sido por meus amigos dizer que se decepcionaram comigo, que eu tinha que me lembrar quem eu era, que se eu fizesse alguma besteira meus pais poderiam ser prejudicados. Eu fiquei triste e ainda estou um pouco, não queria prejudicar ninguém eu só queria recursos para meu objetivo.

 Eu fiquei triste e ainda estou um pouco, não queria prejudicar ninguém eu só queria recursos para meu objetivo

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