Vivendo com propósito

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"Ao longo do tempo desenvolvi uma profunda confiança em mim mesma, sou minha melhor amiga nos piores momentos da vida."

RAINHA NARRANDO:

Eu e minha irmã tínhamos quase a mesma idade, já meu irmão era mais novo que nós duas. Eu era a mais velha dos três. Vivemos cercados de estudos e ensinamentos o tempo todo.

Para falar a verdade, nem eu nem minha irmã esperava a coroa de nosso pai, ele sempre desejou dar a nosso irmão. Mas meu irmão na adolescência fugiu com uma empregada do castelo e teve a bastarda da Liliane. Eu e minha irmã casamos, porém ela teve Gabriel e eu não tive filhos. Meu marido morreu muito cedo e minha irmã logo depois junto com seu esposo. Dos filhos de meu pai só sobrou eu.

Gabriel foi criado muito tempo por meus avós, após a morte de meu pai a coroa ficou para mim, mas meu pai antes de morrer me pediu para fazer de Gabriel um rei digno de orgulho. Outro pedido foi para eu proteger os pais dele e a tal da Liliane, a minha felicidade que eles nunca gostaram do castelo e vivem como camponeses na casa de campo.

Eu para não desfazer a vontade de meu pai, deixei eles morando lá, achava que por estarem velhos iriam morrer logo. Não preciso gostar deles pois nunca gostaram de mim, sempre preferiram minha irmã. Liliane pelo menos lhes serve de empregada, pois não lhes dei regalias, já bastava morar no que é meu eu deveria mandar criados? Jamais.

Quando Gabriel estava com uns oito anos, eu o mandei estudar fora, queria ele formado em direito. Mas o menino tinha que puxar ao meu pai em tudo. Quis ser médico e só me disse quando tinha se formado. Tudo bem que ele não era advogado, mas teria que ser treinado para ser rei e perto de meus avós ele não iria conseguir.

Com ele no colégio eu ficava tranquila, pensava que eles preparavam os príncipes para serem rei, ledo engano. Me chegou um Gabriel bonzinho, cheio de amor e ainda por cima evangélico. Aff.

Não sou uma pessoa amargurada, mas após ser trocada por dois irmãos e ver seu marido morrer, ser seca como eu só e ter que lutar para estar onde estou não preciso estar morrendo de amores por quem não simpatizo.

Meu marido estava entrando nessa tal religião protestante, eu não simpatizava e se não fosse por essa religião ele poderia até estar vivo. Mas ele tinha que sair do palácio para o culto naquela noite chuvosa.

Vendo que Gabriel estava visivelmente apaixonado por aquela crente sem sal, eu o mandei estudar um ano em Vilhena para lhe passar a coroa. Ele acha que eu com vida ele vai sentar no trono e casar com uma princesinha de quinta.

- Garota insuportável, primeiro é muda e depois fala demais. - penso alto lembrando dela.

Vou viajar para me encontrar com ele e partiremos para Roma, o Imperador de Roma irá aniversariar e nos convidou, um milagre foi Gabriel querer ir, ele não gosta dessas festas. Mas pelo menos acho que ele ta mudando.

Em Vilhena.

"Caro vovô, estou bem, mas morrendo de saudades de todos daí, espero que estejam bem. Vou amanhã para Roma seguir com meu plano, então voltarei.

Beijos de seu neto querido Gabriel"

Estou chegando na recepção e vejo um envelope com o selo real, é de Gabriel, ele está enviando para o avô. Após ler tomo a decisão de nunca chegará e sim um outro.

"Caro Vovô, estou muito bem aqui, não penso em voltar tão cedo, se puder eu acho que fico por aqui. Quem sabe se na festa do imperador não tenha uma princesa que me agrade? Assim que eu a achar lhe aviso. Beijos Gabriel."

- Pronto, já corrigi a correspondência ainda bem que deu tempo. - falei para o funcionário. - Por favor não comente com meu sobrinho que ele havia errado. - tratei de molhar a mão dele com umas moedas de ouro.

Carta enviada com sucesso e agora vou para Roma e tentar descobrir qual o plano de Gabriel para ter vindo até aqui.

Cheguei no palácio de Roma de braços dados com meu sobrinho, ele estava calado e compenetrado. Tenho que ficar de olho nele hoje. Ao longe eu vi o Rei da Espanha e a rainha, casal muito romântico pelo que percebi, por isso a filha é cheia de sonhos de mudar o mundo. Mas meu sobrinho ela não tira dos trilhos não.

- Tia, a senhora ficará bem aqui só? - fala Gabriel ao me deixar na mesa e ir no banheiro. - Se quiser podemos ir dividir mesa com alguém.

- Vá fazer o que tem para ser feito e volte para me fazer companhia não preciso de ninguém e sim de meu sobrinho.

Gabriel foi para o banheiro eu fiquei olhando e realmente ele entra no banheiro. Não passa muito tempo lá e sai. Bom pelo menos não foi nada que pudesse ser um plano. Acho que to paranoica.

Gabriel narrando...

Minha tia passa de todos os limites, ela age como quem está louca, não posso ficar parado e deixar o evangelho ser perseguido. Como combinei com Paulo um velho amigo meu que trabalha para o imperador, ele me espera no banheiro eu sabia que titia iria achar estranho eu querer vir a essa festa que nunca vim e ficaria de olho em mim. No banheiro...

- Paulo meu amigo, que satisfação lhe rever. - digo o abraçando.

- Gabriel eu conversei com o imperador falei por alto o que se passa contigo ele ficou de nos ajudar, mas não garanto ser rápido.

- Aqui está a carta que explica tudo que se passa com detalhes, se ele ler garanto que me ajudará. Obrigada camarada.

- Tudo pela causa do céu.

- Vou indo antes que titia mande vir me buscar aqui.

- Não sei como tem paciência amigo.

- Não posso fazer nada.

Me despedi dele e saí do banheiro passando a mão no terno como se nada tivesse acontecido.

- Demorei?

- Não, foi bem rápido na verdade. - ela responde com um sorriso.

Gabriel é meu sobrinho e realmente desejo deixar o trono para ele o quanto antes, mas preciso lhe casar com uma princesa que eu pelo menos suporte a cara.

- Olhe Gabriel, não é a princesa da França?

- Não sei tia não lembro dela.

Nossa ele é tão calmo que me irrita. Vou lá falar com a moça começar uma amizade, quem sabe o pai dela concorda e eu faço a negociação, uma vez selado não terá saída para ele. Mas pensando bem, acredito que exista alguma princesa entre o povo não cristão, seria o melhor para mim nesse momento. Uma mulher astuta e sábia que leve meu sobrinho para longe da igreja, apesar de minha religião ser católica nunca fui muito adepta e prefiro ele como ateu do que como pregador do evangelho e médico de pobres. Não direi de minha saúde a ele até que meu plano esteja encaminhado.