Neighbors.

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Halo, tudo bem? Baby tá bem animada com essa fic. Ela terá conteúdo envolvendo o infantilismo. Baby espera que todos gostem dela. Beijos de luuz

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Resmungo baixo debaixo de meus lençóis. Não queria acordar. Não agora. Aperto meus olhos tentando me agarrar às minhas últimas chances de voltar a dormir e ignorar todos os sons ao meu redor. Era sempre assim. Demoro a ter sono e quando durmo, é por muito tempo.
Percebi que não tinha mais o que se fazer, o sono realmente desapareceu e solto uma lufada de ar e grunhi ainda embaixo do edredom. Reviro na cama tentando achar uma posição mais confortável de ficar. Como era possível sentir-me tão cansada a essa hora da manhã? Eu acabei de acordar!

Ainda não aceitando o cansaço precoce e excessivo, abro meus olhos devagar, mesmo sabendo que não teria nenhuma claridade para incomodá-los. Certifiquei-me disso na noite passada quando eu finalmente levantei para tomar um banho e beber um copo de água e voltar imediatamente para minha aconchegante cama.

Ouço as batidas sutis na porta. Definitivamente era a minha mãe em mais uma tentativa nula de me fazer levantar da cama para tomar meu desjejum. Já perdi as contas de quantas vezes ela já tentou fazer isso nesses dois últimos anos. Espero mais alguns segundos. Consegui contar até 30. O tempo que ela ficava em pé em frente à minha porta estava cada vez mais curto.

Ela também estava desistindo de mim.

Nos primeiros meses eram minutos. Ela batia uma, duas, três ... cinquenta vezes. Voltava tantas vezes na porta do meu quarto que tenho certeza que ela ganhou alguns músculos ou perdeu alguns quilos. Não tanto quanto eu.

Dessa vez, assim como das outras vezes nessas últimas semanas, escutei um suspiro e logo depois soluços contidos e baixos. Se não fosse pelo estranho e acolhedor silêncio que a casa se encontrava, eu com certeza não os escutaria.

Ponho meu antebraço em frente dos meus olhos e respiro fundo, tentando conter a ânsia de vômito que me atingiu de repente. Após mais alguns segundos, posso escutar seus passos se distanciando da minha porta.
Não conseguia mexer meus pés, nem minhas pernas. Era o cansaço ficando cada vez mais forte e aproveitei para pôr meu braço ao lado do meu corpo antes que eu ficasse totalmente paralisada.

Sentia como se um elefante estivesse em cima de mim. Era assim todos os dias. Essa sensação ia e voltava, junto com o cansaço. E parecia que eu não tinha mais comando sobre meu próprio corpo, mas eu não ligava para isso. Quanto mais eu ficasse dentro do quarto, melhor.

Enquanto meu corpo se mantinha totalmente parado no tempo, minha mente acelerava ainda mais, era como se eu estivesse em uma paralisia do sono constantemente. Ela não parava, não me deixava formar frases, palavras ou até mesmo sílabas. Era tudo uma bagunça aqui dentro e ela era tão grande que transparecia em minha face. Por esse motivo, evita de me olhar no espelho tempo suficiente para que eu conseguisse perceber essa confusão mental.

Olho para o teto e vejo as figurinhas de estrelas e planetas fluorescentes no teto. Eu amava astronomia. Amava... eu amava tantas coisas que eu tento me recordar e tudo o que eu consigo ver é escuridão. Mas por algum motivo é o único hobbie do qual eu consigo me lembrar.

O silêncio se dissipou ao escutar um barulho de um carro pesado passando na rua. Ele parou e logo ouvir barulho de coisas sendo arrastadas. Grunhi mais uma vez. Morar em um bairro mais afastado de Salem, tinha uma qualidade: o silêncio.

E pelo que parece, isso também seria tirado de mim. Consegui ficar de lado, em direção a janela do meu quarto. Fico esperando por mais alguns minutos para ver se o barulho se cessaria, mas parece que só se intensificou. Desgraçados, quebraram a regra número um de Demetria Devonne Lovato: desprezaram o valor que o silêncio tinha.

Os barulhos se estenderam até o entardecer. Finalmente consegui me levantar para tomar um banho. Tiro minhas roupas e abro a torneira do chuveiro. A água quente encosta em minha pele e consigo suspirar com aquela sensação. Após longos minutos, saio debaixo do chuveiro e me enrolo numa toalha qualquer.
Escuto meu celular vibrar em cima do criado mudo e ando até ele ainda enrolada na toalha. Pego o mesmo e vejo que há uma nova mensagem. Franzi meu cenho e abro a caixa de mensagem. Era de minha mãe.

Mom: "Boa noite, filha. Eu estou indo para mais um plantão. Deixei seu jantar no micro-ondas, caso sinta fome... ou não. Sei que está incomodada com toda a barulheira de hoje. Temos novos vizinhos, eles são do Texas. Sinto muito pelo barulho, eles prometeram que seria só por hoje, filha. Eu amo você e... fique bem."

Reviro os olhos ao saber que teríamos vizinhos. Estava tudo indo muito bem, eles não deveriam ocupar aquela casa. Eles não tinham esse direito. Eles deveriam continuar no Texas. Que diabos eles queriam em Óregon?

Consegui me vestir e resolvo descer até a cozinha. Abro o micro-ondas e vejo uma pequena porção de lasanha ali. Sinto meu estômago roncar e reviro os olhos. Odiava comer. Odiava respirar. Odiava estar viva.

Escuto o timer do eletrodoméstico apitar e pego o prato de lá de dentro. Sento na cadeira e começo a comer devagar. Não tenho vontade alguma de me alimentar, mas faço isso pela mamãe. Assim que termino de comer, ponho o prato na pia, subo as escadas e volto para meu quarto.

Olho para meu teto e vejo as estrelas brilhando. Por um momento eu sinto vontade de sair até a varanda e observar as estrelas de verdade, mas desisto. Ando até a minha cama e sento na beirada dela. Aliso o lençol e faço desenhos imaginários nele. Respiro fundo e resolvo ir até a varanda. Faço o máximo de esforço que consigo e agradeço aos céus por estar escuro o suficiente para que eu consiga sair do quarto sem sentir que que seria derretida pela claridade.
Assim que estou em pé no meio da varanda de meu quarto, olho para cima e vejo o vasto e magnifico céu de Salem. Sinto que estava sendo observada, e viro para a varanda da outra casa. Aquela varanda. Não consigo enxergar nada, mas sabia que estava sendo observada resolvo voltar para dentro, meu corpo se sentia cansado pelo esforço que eu havia feito.

Volto a me deitar e sinto todo o cansaço tomando posse de mim. Parecia que eu havia corrido na São Silvestre de tão cansada. Sinto minha respiração acelerar e meus pensamentos acompanhar o mesmo ritmo dela. De novo não. Hoje não, por favor. Sento-me na cama e tento olhar para as estrelas do meu teto, elas estavam ali para me acalmar, mas dessa vez não.

Estava piorando. Minhas mãos soavam, meus pensamentos a todo vapor, pensando em coisas que eu nem conseguia decifrar, aperto o lençol com força e olho para a varanda. Eu havia deixado as cortinas abertas, Droga! Com muito custo consigo levantar, minhas mãos tremiam, minhas pernas pareciam que haviam se tornado gelatinas. Arrastei-me até a porta da varanda. Sinto a brisa fria atingir meu rosto e pisco algumas vezes. Caio no chão. Abraço meus joelhos e tento me acalmar, desacelerar meus pensamentos. Então, escuto uma melodia calma vindo daquela varanda.

Concentrei-me naquela linda música. Olho para o céu e sinto minha respiração se acalmar, olho para a Lua e engulo a seco. Consigo me levantar e olho para varanda de frente a minha e tudo estava escuro, a melodia parou assim que eu consegui me recuperar.

Resolvo ignorar aquilo, entro novamente e me certifico de trancar as portas e janela. Fechar as cortinas e tomar meus remédios. Não levou muito tempo para que eu já estivesse dormindo em um sono profundo. 

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