Digestible

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Olá pessoal! Como vocês estão?? A Messie trouxa mais um capítulo para vocês! A bebê espera que gostem. 

Perdoa os erros okay? Não são de propósito

Beijos de luz rosa!!!

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Havia se passado uma semana desde que tinha visto selena pela primeira vez e não conseguia parar de pensar no motivo para ela estar acordada naquele horário. Ela parecia tão frágil, tão pequena. Como alguém se atreve a encostar naquela menina?

Suspiro enquanto encosto minha cabeça na janela do carro deixando minha mente ir de encontro a imagem daquele pequeno corpo na varanda da frente tão distraído com o céu quanto eu também ficava.

Aquela foi a primeira e a última vez em que ela saiu para ver as estrelas. Eu sei por quê talvez, só talvez, eu tenha ido todos os outros dias na varanda na esperança de reencontrá-la. O que ela tinha feito comigo?

Hoje eu tinha mais uma consulta com a Dr. Cabello e eu não estava no clima de sair de casa para falar dos meus problemas para alguém desconhecido. Todo esse ritmo acelerado das pessoas me deixa completamente confusa e perdida.

Enquanto estávamos esperando o sinal abrir pude observar as pessoas andando apressadas, com as cabeças abaixadas olhando para seus próprios pés ou para seus aparelhos eletrônicos. Elas não pareciam estar prestando atenção em nada ao redor. Viviam em sua própria bolha, sobrevivendo às suas próprias prisões mentais.

Passo a observar meu pulso e com a ponta do dedo passo a contornar as minhas cicatrizes. Passei a não fazer cortes nos braços, mamãe conseguia vê-los e eu conseguia observar em seus olhos o quanto isso fazia mal para ela, mas esse era o meu único meio de alívio.

Mama estaciona o carro e sai em silêncio. Ela já estava assim já faz algumas noites depois de me encontrar sangrando no banheiro. Algumas lembranças vieram de encontro com meu consciente e bom, posso dizer que não foi nada agradável reviver algumas coisas. Por isso eu precisei externalizar toda a minha angústia antes que eu cometesse algum ato ainda pior com resultados irreversíveis.

Saí do carro com a cabeça baixa, olhando para meus sapatos envergonhada mais uma vez por ter sido burra o bastante para ter esquecido de trancar a porta do meu quarto antes de dormir. Ela mal conseguia sustentar o olhar em mim sem transmitir decepção através de seus olhos. Isso fazia meu coração diminuir drasticamente.

Entro no consultório e imediatamente ponho meus fones de ouvido. Não olho ao redor, apenas me jogo em uma das poltronas confortáveis da recepção e espero a minha vez. Apenas me encolhi no meu lugar e aperto a pele do meu pulso.

Batia meus pés impacientemente no chão e suspiro alto. Olho para o relógio e percebo que ela estava atrasada. Isso já foi motivo suficiente para eu me levantar da poltrona e quando eu já ia sair da recepção vejo a porta da Dra. Cabello se abrir e uma garota baixinha sair de lá com a cabeça baixa. Seus cabelos compridos me impediam de ver seu rosto, mas eu pude observar sua roupa. Ela usava um vestido com estampas de margaridas, uma meia calça branca e nos pés um sapatinho preto que combinava com seu vestido.

Uma mulher que estava conversando com minha mãe parece se despedir e acompanhar a garota para fora do consultório. Fico confusa e pauso minha música para lançar um olhar curioso para minha mãe.

— Mandy, mãe da Selena. — Mama falou antes mesmo de eu fazer a pergunta para ela e tento segurar a vontade de olhar para a porta por onde a garota tinha acabado de passar.

Dou de ombros fingindo indiferença e todo o meu nervosismo por conta do atraso desapareceu dando lugar a um sentimento estranho de preocupação. Porém não pude raciocinar por muito tempo sobre isso já que a Dra. interrompeu toda a minha linha de raciocínio.

— Desculpem-me o atraso, mas a paciente precisou um tempo a mais hoje. — Desculpou-se e isso só me deixou ainda mais intrigada com Selena. A latina olhou para mim e lançou-me um dos seus sorrisos simpáticos. — Vamos, Demi? É sua vez. — Apontou para a porta do seu consultório e me esperou passar por ela antes de me acompanhar.

Meu nervosismo volta fazendo com que eu aperte mais uma vez a pele do meu pulso. Sento na poltrona totalmente sem jeito de estar ali com uma mulher tão linda e intimidante. Por mais que Camila seja o ápice da simpatia, ela ainda possuía esse jeito intimidador e quando você olha em seus olhos é como se ela conseguisse ler todos os seus pensamentos mais profundos e isso me assustava demais.

— Semana passada você me listou os sentimentos que você estava sentindo. — Ela começou após sentar-se à minha frente. — Hoje quero que faça isso novamente, para que possamos ir compreendendo cada um individualmente, tudo bem? — Ela cruza as pernas enquanto me lança um olhar cuidadoso.

Eu apenas assenti, sem saber o que dizer e com medo de falar sobre esse sentimento estranho de preocupação que se apossava de mim todas as vezes em que pensava na pequena garota que vivia ao lado.

— Demi? — A mulher me puxou drasticamente para realidade me fazendo dar um pequeno pulinho de susto. — Como está se sentindo hoje? Sente algum ou alguns sentimentos que você havia trazido semana passada? — Ela se curvou para frente enquanto entrelaçava seus dedos.

Fechei meus olhos por um momento, tentando separar toda essa carga de emoções que eu sentia diariamente e pude ver minha mãe e o seu olhar de decepção. Meu peito se apertou e me senti culpada por fazê-la passar por tudo isso mesmo depois da dor da perda de uma filha.

— Culpa.— Sussurro ainda de olhos fechados. Eu não queria olhar para aquele par de olhos castanhos intensos. Ela podia ler toda a minha alma e eu não permitiria isso.

— Consegue me dizer o motivo para essa culpa ? — Sua voz era tão calma e tão suave. Cristo, era impossível não querer responder às suas perguntas.

— São vários os motivos, Doutora. — Falo ríspida. — Não quero falar sobre isso. — Cruzo meus braços me sentindo incomodada. Olho para a estante abarrotada de livros.

— Guardá-los só vai te deixar pior, Demi. Precisa falar sobre eles para que esse sentimento fique um pouco mais digerível.

— Digerível? — Dou uma risada anasalada. — Digerível? Você acha mesmo que a lembrança de sua mãe te ver sangrar por não saber lidar com esse turbilhão de sentimentos pode se tornar digerível? — Aperto meus braços com força para tentar controlar minha ansiedade.

Ela apenas se recostou na poltrona e me olhou por breves segundos.

— Sim, Demi. Digerível. — Olho para ela abismada.

— Como? Como eu posso viver sabendo que além da minha mãe já ter perdido uma filha por MINHA CULPA, ela pode me perder a qualquer momento por eu não saber controlar mais as minhas próprias emoções?

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