A Cidade de Sânge: O Colégio Lunar [Concluído]

Capítulo 18

Dário

Eu acompanho Thana e Edmondo pela aldeia, que não está tão mudada quanto pensei que estaria. Está tudo exatamente como me lembrava. Observo as ruas de pedras, as casas que ficam próximas ao muro, as lojas e hospedarias confortáveis e convidativas. Enquanto vamos andando as propriedades maiores e privadas e as fazendas ao norte vão se aproximando. As lindas e grandes montanhas podem ser vistas de longe além das poucas mas lindas pequenas cachoeiras que jorram delas, as floresta também ficam na mesma direção, que é para onde estamos indo. Para as florestas do Norte, é onde os lobos moram. Há enormes clareiras bem no meio das florestas, construímos grandes propriedades por lá, além das cabanas que já haviam sido construídas antes de nos mudarmos.

As Florestas do Norte, se divide em 4 florestas, Pădurea de Crini, Floresta Lacurile Negre, Floresta Milagres, onde tem o melhor lago, o Lacul Magnus, suas águas se dizem ser milagreiras e suas águas cristalinas, que correm pela floresta, além de quase todas as plantas que nascem nessa floresta que também são extremante curativas, eu costumava nadar muito pelo lago Magnus quando mais novo. Por último e não menos importante a Mist Pădure, a famosa Floresta da Neblina, para onde meu antepassado mandou os Torriel. Cada floresta tem sua clareira ou até mesmo duas, apenas a floresta Milagres não tem uma, pois a floresta é cercada de pinheiros e montanhas, e como centro tem o lago Magnus, e ao longo um rio de águas cristalinas que corre se encontrando com outro rio da floresta Pădurea de Crini. A Pădurea de Crini, tem duas clareiras próximas uma a outra, ambas são lotadas de Lírios, em uma delas que minha família e a família Severy moramos, e na outra a família Wheguein e a família Parthenon moram. Quatro grandes casas, com uma curta distância, mas ambas as clareira são maiores do que aparentam ser. A floresta colada com a nossa é a floresta Lacurile Negre, banhada por um rio de águas negras, onde as famílias Tolimp e Diliaw mantem propriedades, em uma clareira parecida com a nossa, só que sem lírios. As duas florestas são tão próximas que parecem uma floresta só gigantesca. A mais afastada é a Floresta da Neblina, que não possuí clareira, apenas cabanas espalhadas pelo interior da floresta mais sinistra de Sânge e onde vivem, mais não por muito tempo as famílias Nicolescu, Sollen e Băutori D'sânge.

Pelo o que Thana e Edmondo me contaram, do metrô até a aldeia, Lucan fez com que os anciões concordassem com a anulação da exclusão do Clã Torriel, trazendo-os de volta para as tarefas, reuniões e entre outras afazeres da tribo. Mas continuam morando na Floresta da Neblina enquanto não se resolve onde irão ficar. Na Pădurea de Crini ou na Floresta Lacurile Negre, onde na minha opinião tem muito mais espaço para eles construir suas casas. Não entendo ainda porquê os anciões aceitaram essa proposta de Lucan de trazer os Torriel para nossa vida social de novo, tirando Thana, Natasa e Mia Sollen e o excluído do Diogo, o restante deles vivem, comem, agem e são animais selvagens. Depois que foram banidos começaram a comer os restos humanos que os Umbra deixam na floresta da Neblina depois de se alimentarem de seu sangue. As três famílias se alimentam de restos de animais, ou até mesmo os caçam quando se transformam, além de receberem as oferendas dos Umbra, como nomeamos essa ação desprezível. Apenas duas pessoas dos Torriel não caçam e nem comem outros animais iguais a leões e lobos famintos, que é Diogo Prevestire, que é o nosso vegano e Mia Sollen que nem mesmo mora em Sânge mais, segundo Thana.

Os Sollen tem três filhas, Mia, a mais velha, Marian, do meio e Natasa, mais nova. Mia foi embora alguns anos depois de mim, se mudou para a Transilvânia depois que se formou no Colégio Lunar. Agora está casada e tem filhos completamente comuns, foi o que Natasa contou a Thana, pois é a única que vai visitar a irmã mais velha. Os Sollen não aceitaram muito bem a partida dela, nós lobos gostamos e estamos acostumados a viver em matilhas, não nos separamos de nossas famílias, nunca. E eu e Mia fomos os primeiros de gerações que sempre se mantivetam unidas, a irem embora. Pelo pouco que lembro, Mia sempre foi diferente dos pais e das duas irmãs, no caso da irmã do meio, Marian, que é idêntica aos pais, quando o assunto é comer carne humana e caçar. Natasa já faz mais por obrigação e necessidade do que por diversão ou prazer como o restante dos Torriel.

E quando vamos falar sobre Diogo Prevestire, que tem esse sobrenome por se considerado o próprio agouro ambulante em pessoa, as coisas são mais sérias. Ele vem da família Băutori D'sânge, que não tem um sobrenome muito agradável, afinal significa: Bebedores de sangue ou até mesmo comedores. O que tem muito haver com eles. Eles são os lobos mais velhos, canibais e pré históricos poço me referir assim, afinal são os mais selvagens do Clã Torriel, estão sempre em sua forma animal, não possem um pingo de humanidade neles. Ao contrário de seu único filho, nosso agouro, Diogo. Um jovem peculiar que é vegano, pois não se alimenta nem de carne humana e nem animal.

Caminhamos até a floresta Pădurea de Crini, ainda em baixo da chuva fina que insiste em cair sobre nós. Já está de tardinha, demoramos um pouco na hora de pegar o metro, que demorou, algo que não costuma acontecer por aqui. Ao adentramos a floresta, passamos pelas inúmeras árvores altas e arbustos pequenos e médios, muito deles possuem frutinhas venenosas, eu, Makenna e Edmondo costumávamos sair para colher elas, dão um belo balde de tinta depois que extraímos seu suco. Há três tipo delas, as azuis, vermelhas e roxas. Edmondo sempre gostou de desenhar e pintar, e fazia eu e minha irmã irmos cata-las junto com ele. Não reclamavamos, até que era bem divertido.

Finalmente nos 3 chegamos as clareiras dos lírios, uma delas. Os lírios estão ainda mais lindos do que eu imaginava, as cores laranja, amarelo e branco em meio a clareira enorme. Posso ver a minha casa e a cabana pequena onde meu tio mora de um lado e a casa de Edmondo do outro, uma de frente para outra, e com o campo de lírios as separando. São bem distante uma da outra.

- É aqui que nos despedimos. - Thana diz a mim e Edmondo. - Meu caminho é outro a partir daqui. Beijos rapazes.

Thana sai correndo atravessando o campo de lírios para o outro lado e depois some quando entra na floresta novamente. Ela ainda vai ter que correr muito, ultrapassar a outra clareira de lírios e passar pela floresta Lacurile Negre, até chegar a floresta da Neblina.

- Boa sorte com sua família. - Ed deseja de coração.

Ele caminha entre as flores até sua casa e eu tomo caminho para a minha com o coração na mão e a mochila no ombro. Quando vou chegando mais perto, avisto meu tio Marcos, do lado de fora de sua cabana, cortando lenha na chuva, ele está acompanhado do senhor Malafaia, avô materno de Edmondo. Os dois empilham as lenhas já cortadas. Então Makenna e a senhora Malafaia aparecem saindo da cabana do meu tio. As duas estão conversando algo quando a senhora Malafaia me nota os encarando. Ela e o marido sempre foram como avôs para mim e meus irmãos, não me surpreende qua estejam aqui com meu tio e minha irmã.

- Podemos ajuda-lo? - a senhora Malafaia me pergunta estreitando os olhos. - Espera ai! Dário é você?

Ela sorri ao me reconhecer. A chuva apertou e está atrapalhando os olhos dela, a fazendo piscar algumas vezes, assim como eu, além do meu cabelo está todo grudado na minha cara atrapalhando ainda mais. Senhora Malafaia se aproxima de mim me dando um forte abraço. Tio Marcus, senhor Malafaia e minha irmã estão me encarando como se eu fosse um fantasma, talvez eu seja mesmo.

- Dário? - ouço uma voz muito familiar.

Giro o corpo e vejo meu irmãozinho parada alguns centímetros de distância. Ele está sorrindo, aparentemente feliz em me ver. Clemente está enorme.

- Você voltou! - ele exclama vindo me abraçar também.

Se afasta e continua sorrindo.

- Você veio para ficar? - pergunta.

- Sim. - respondo.

- Venha vamos entrar. - senhora Malafaia diz me puxando para a casa principal. - Sua mãe vai adorar saber que está aqui.

Apenas eu, Clemente e sra. Malafaia entramos. Não acho que os outros tenham gostado de me ver aqui. Isso vai render discussão, já até sei.