Capítulo 31

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Dário

Estou terminando de me vestir quando ouço batidas na porta do quarto. Clemente abre de vagar a porta, põem a cabeça para dentro do quarto e sorrir.

- Vai com a gente pro colégio? - pergunta em nossa língua.

Fazia tempo que não ouvia o Romeno. Mesmo que na maior parte das vezes desde que voltei eu falo ou respondo em inglês de forma involuntária, Clemente me entende sem problemas, na verdade todos me entendem, mas meu irmão entende o porque deu falar em inglês, afinal fiquei fora por muito tempo falando só em inglês, pequei o costume, para largar vai ser difícil. Minha mãe reclama por eu está muito americanizado como ela diz, que me esqueci de nossos costumes e da nossa língua nativa. Eu falar inglês pelo visto não incomoda só ela, mas a Makenna também. Ambas acham que não sou o mesmo de antes, que a América me mudou. Bem, elas estão certas.

- Não. - respondo. - Mas valeu pelo convite maninho.

- Poxa! - lamenta. - Por que não?

- To afim de evitar nossa irmã. - respondo fazendo careta.

- Ela quem me mandou aqui. - ele diz.

Claramente está mentindo.

- Makenna te mandou aqui para me chamar? - questiono o encarando. - Tem certeza?

- Na verdade não. - confessa. - Mas sei que ela quer que nos acompanhe também.

- Duvido muito disso. - resmungo. - Mas não esquenta a cabeça. Nos vemos no colégio mais tarde.

- Tudo bem! - diz desanimado.

Clemente sai do quarto fechando a porta. Ele e mamãe ficaram felizes com meu retorno, mas Makenna não, pude ver em seus olhos isso. Algumas pessoas da tribo também não aceitaram tão bem meu retorno, apenas meu melhor amigo Edmondo. Eu não percebi o quanto sentia falta dele antes de revê-lo semana passada. A irmãzinha dele, Rener está enorme, uma moça já, fez 13 anos mês passado. E está muito bonita também. Quando fui embora da aldeia, ela tinha apenas 8 anos, o tempo passou bem rápido.

Uma batida na janela me traz de volta a realidade. Olho para janela e vejo Edmondo do lado de fora me esperando, abro a janela.

- Vão bora molenga. - Edmondo grita de onde está.

- Já vou. - respondo.

Vou até meu armário pegar uma jaqueta.

- Por que tanta demora? - Edmondo pergunta pulando para dentro do quarto.

- Só faltava a jaqueta. - digo.

- Ihhh qual foi desse visual ai? - pergunta rindo. - Todo arrumadinho e cheiroso.

- Nada. - resmungo. - Vamos embora.

- Nada, não. - ele continua. - Cara você passou perfume!

- O que tem isso? - questiono incomodado já.

Eu passo por ele e pulo pela janela, aterrissando de pé na grama alta. Edmondo vem logo atrás igualando nossos passos sem dificuldade.

A Cidade de Sânge: O Colégio Lunar [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora