Capítulo 2

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Selene

Ainda não acredito que estou mesmo indo para a Romênia com minhas duas melhores amigas. Eu não conheço mais ninguém no mundo que pagaria além de quatro passagens, mais duas apenas para que sua amiga e sua mãe possam ir junto. Elas sempre me surpreendem dessa maneira. Quando soube que as duas iriam morar por um ano na Transilvânia, quase entrei em desespero, fiquei pensando o que seria de mim sozinha na cidade de Chicago, eu não tenho outras amigas além delas. Maia e Kora são as populares na escola que dei sorte de querem ser minhas amigas, todos sempre querem ficar perto delas e sentar com elas no recreio, as pessoas só falavam comigo porque eu sou amiga delas. Não que isso vá ser diferente para a qual nos vamos, afinal todos lá devem ser romenos, e falar romeno. Eu não sei nem dizer oi em romeno, mesmo que Kora tenha tentado me ensinar.

As meninas dizem que eu ser excluída pelas outras pessoas é coisa na minha cabeça, mas sempre soube que as pessoas me acham estranha, principalmente os amigos mais velhos da Maia, e os amigos de teatro da Kora. Eu não sou Americana, nasci na Finlândia, em Tampere, meus pais eram de lá. Mas quando completei 4 anos, meus pais decidiram vim para os Estados Unidos, eu já morei em muitos lugares durante isso. Morei em Maine, Califórnia, Nova Iorque e entre outras até me estabilizar em Chicago, quando meu pai faleceu. Ele teve um ataque cardíaco em meio a um jogo de beisebol, ele era jogador, rebatedor. Um dos melhores, confesso. Ele jogava para a liga principal de Chicago. Só de lembrar dele me bate uma vontade de chorar, eramos muito próximos quando vivo, fazíamos praticamente tudo juntos. Ele ficava mais em casa que a mamãe, ela trabalhava quase em período integral no hospital de emergências.

Quando Maia e Kora me contaram que eu iria com elas para Romênia, quase tive um pequeno surto. Lembro de ter pulado que nem doida pelo quarto, isso era de madrugada já. Estávamos conversando por chamada de vídeo. Maia quem deu a notícia logo assim de cara, disse que minha mãe já sabia e havia concordado. Foi a melhor notícia que recebi em toda a minha vida. Agora estou eu aqui, dentro de um navio como esse, nunca havia andado de navio, eu tinha medo, mas o perdi no mesmo estante que entrei aqui.

Observo as meninas discutirem.

- Não achei graça dessa brincadeira, Kora! - Maia está aborrecida mesmo.

- Foi uma brincadeira. - Kora resmunga se jogando na cama.

Eu ainda estou de encarando a cena.

- Brincadeira idiota. - Maia bufa.

Kora revira os olhos e fecha os olhos, ainda com a caixa de cigarros na mão, ela pega um alcaçuz dentro dela e leva a boca saboreando.

- Eu nem ia fazer nada, mas quando você olhou para a caixa, sua cara foi a melhor. - Kora argumenta rindo da situação. - Não pude perder a diversão que é te zoar. Juro que não ia fazer isso, mas fazer o que? É engraçado.

A Cidade de Sânge: O Colégio Lunar [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora