Idas e voltas

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O mergulho partiu do bloco de largada. O barulho da água era o único som naquela parte da escola vazia. O corpo aterrissou na água, ganhando impulso com as pernadas de golfinho.

O estilo era o borboleta. Os braços se projetavam sobre a água, o tronco impulsionado para cima descrevia um bonito desenho com o ondular que descia, percorrendo os quadris e as pernas, chegando até os pés. Voando dentro da água, atravessando a piscina. As duas mãos tocaram a parede ao mesmo tempo, então, com um giro se projetou sob a água.

Uma nuvem tremia no céu azul com o ondular da água, sua forma incerta ganhando contornos mais definidos enquanto a superfície se aproximava, dando início às braçadas do nado de costas. O ritmo era fluido, mas rápido, o corpo deitado em um leito de água em movimento. Deslizando. Uma mão tocou a parede, e o corpo afundou para a segunda volta, fazendo um flip de costas, os pés chutaram a parede tomando propulsão e emergindo para o terceiro estilo.

Uma braçada e uma pernada. Respirar. O nado de peito era o estilo que tinha mais dificuldade, por ser tecnicamente mais lento, havia um nervosismo que bagunçava o seu ritmo, e a tentativa de usar força bruta só acelerava o cansaço. Seus pulmões começavam a arder, exigindo mais ar. Tentava esticar mais os braços, chutar a água com mais força, mas isso não parecia surtir efeito. Não podia se esgotar, precisava se lembrar disso, ainda havia mais uma volta. Finalmente tocou a parede com as duas mãos, fez um flip e dardejou rumo à última volta.

As pernas cansadas não deixaram de fazer uma pernada vigorosa, ganhando vários metros antes de romper a superfície mais uma vez. Aquele era o momento de dar tudo de si, acelerando com as braçadas do crawl. Atravessando a piscina em alta velocidade, cortando a água como se ela mesma lhe abrisse passagem. No último fôlego, na última braçada, a mão se estendendo rumo à chegada, para tomá-la, agarrá-la entre os dedos.

— Então, como foi? — perguntou, afoita, depois de tirar os óculos de proteção e a touca.

— Hum, o tempo total está dentro da sua média, mas o bure ainda está meio bagunçado. — respondeu enquanto olhava para o cronômetro e os tempos que havia anotado em uma prancheta.

— Vou fazer mais uma volta. — disse, colocando as duas mãos na borda da piscina para erguer seu corpo para fora, mas seus braços fraquejaram.

— Não vai, não. Já foram quantas voltas? Você precisa descansar, além disso, prometemos aos senpais que iríamos embora antes que escurecesse.

Dentro da piscina estava Shun Asaba, a única nadadora do Clube de Natação do Colégio Iwatobi. Mesmo fazendo bico, emburrada, isso não deixava seu belo rosto desagradável. Sem a touca, sua franja molhada estava grudada sobre a testa, caindo sobre os olhos castanhos claros. Ela batia os cílios, contrariada, em uma atitude mimada que só tinha com seu irmão gêmeo, Sakuya, que era o novo gerente do clube.

— Saki-chan, seu chato. — ela resmungou ainda dentro da água.

Sakuya estendeu a mão para ajudá-la a sair, mas ela o ignorou.

— Só vou com uma condição.

Sakuya ainda estava com a mão estendida, e estreitou os olhos, sabendo o que estava por vir, mas perguntou mesmo assim.

— O que seria?

— 100m free!

— Shun-chan, eu não trouxe meu calção. — respondeu depois de um suspiro.

— Mas eu trouxe! Está lá na minha bolsa. — disse ela, triunfante.

Os dois se encararam por um instante. Não tinha como Sakuya negar um pedido daqueles olhos brilhantes cheios de empolgação.

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